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Igreja com novas perspectivas sobre o Ensino Religioso nas Escolas
2005-10-11 22:53:09

O papel da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) nas escolas do país está a ser repensado pela Igreja Católica. Isso mesmo foi revelado pelo presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã, D. Tomaz Silva Nunes, na apresentação da obra “Fórum de EMRC”.

“É preciso introduzir um documento de orientação sobre o Ensino Religioso Escolar”, defendeu o prelado, ao falar da revisão dos programas de EMRC. Esse documento, referiu D. Tomaz, deve apresentar as “traves-mestras” da disciplina: a índole própria, as metodologias e as matérias, enquadrando os materiais pedagógicos numa filosofia determinada.
O Bispo Auxiliar de Lisboa admitiu que há várias “formulações” possíveis sobre esta matéria, desde uma abordagem mais confessional a uma mais humanista”, indicando que o mais importante é que “o ensino da EMRC não seja totalmente improvisado e haja unidade entre os professores”.
O livro “Fórum de EMRC”, editado pelo Secretariado Nacional de Educação Cristã (SNEC), foi apresentado como um ponto de referência para a discussão sobre o Ensino Religioso nas escolas, oferecendo uma panorâmica global e genérica sobre este tema.
O Pe. Augusto Cabral, director do SNEC, espera que a obra seja “uma plataforma, um espaço de reflexão, diálogo e partilha” para todos quantos se dedicam à EMRC nas escolas.
Este responsável falou dos “constrangimentos” da disciplina nas escolas do nosso país, assegurando que “não vamos desanimar”. Para o Pe. Cabral, é fundamental que “o valor religiosos seja, de facto, um valor nas nossas escolas”, deixando um pedido: “têm de nos respeitar”.
Aos professores deixou o desafio de “promoverem o diálogo fé-cultura”, fazendo com que esse mesmo diálogo “se realize nas escolas, fazendo a inter-disciplinariedade” e encontrando “respostas para a realidade concreta dos alunos”.
A apresentação deste livro, que decorreu ontem no auditório da RR, insere-se na celebração da Semana Nacional da Educação Cristã. Na mesma linha, amanhã, 8 de Outubro, é promovido o Colóquio “Educar é Amar”, no Colégio de São João de Brito (Lisboa), assinalando o Dia do Educador Cristão com a participação de pais, educadores e catequistas para debater a perspectiva da educação para o amor.

Que lugar para a Religião?
O “Fórum de EMRC” aparece como um instrumento privilegiado de trabalho para professores e todos os que se quiserem debruçar sobre a realidade do Ensino Religioso nas Escolas, hoje, em Portugal e na Europa. Um conjunto muito vasto de colaboradores, com experiência e preparação teórica nesta área, assina os 25 artigos que vão desde o enquadramento histórico/legal do Ensino Religioso nas Escolas Públicas ao papel da disciplina como pólo dinamizador da escola, passando pelas novas tecnologias, o perfil do docente ou as questões fundamentais da didáctica.
Cristina Sá Carvalho, responsável da área de Psico-pedagogia no SNEC, defendeu que a presença do religioso nas escolas “não é um anacronismo nem um resquício de subdesenvolvimento intelectual”, lembrando que essa realidade faz parte do curriculum escolar obrigatório em muitos países considerados desenvolvidos.
“A escola não pode reduzir-se a uma mera comunicação de saberes. Corresponde-lhe cultivar as faculdades intelectuais, criativas, estéticas, sociais e morais dos alunos”, sublinhou. Nesse sentido, o Ensino Religioso tem “um papel insubstituível”.
Observando que “o religioso faz parte da cultura”, de um modo especial na Europa, esta responsável precisou que os alunos não podem ser privados dos instrumentos para “entender essa raiz religiosa”.
Cristina Sá Carvalho lembrou que a Religião tem “um grande poder humanizador” e negou que a presença da Igreja na escola tenha como objectivo “doutrinar”. “Estamos na escola para que as pessoas escolham em liberdade e com dignidade”, asseverou.
Como refere António Matos Ferreira, no seu artigo «Educação e Religião», “a experiência religioso não se desenvolve no interior do processo educativo através de qualquer forma de apologética, mas por práticas envolventes que permitam a cada um determinar-se como crente, reconhecendo em si mesmo, na relação com os outros e nas formas mais institucionalizadas do religioso, o valor das suas convicções e a possibilidade de um identificação”.

Fonte Ecclesia

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