paroquias.org
 

Notícias






O testemunho da paciência - Intenção do Santo Padre para o Apostolado da Oração – OUTUBRO
2005-10-04 23:41:20

Que os cristãos se animem a responder aos desafios da sociedade secularizada, dando testemunho de plena confiança, fé e esperança.

1. Sociedades secularizadas. A secularização da sociedade não é um mal – pelo contrário, bem entendida e vivida por todos, crentes ou não, constitui uma oportunidade para o anúncio do Evangelho. As sociedades secularizadas são, de facto, o ambiente mais propício para a realização daquele programático «dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus» (Mt 22, 21), que vai muito além da simples questão dos impostos devidos ou não ao poder político do tempo de Jesus. Esta distinção entre o Deus omnipotente e os poderes humanos, de qualquer tipo, não consente a nenhum poder humano substituir-se a Deus, nem a utilização do nome de Deus para oprimir os homens. É certo que esta distinção nem sempre foi efectiva e, em muitos casos, a aliança entre «a espada e o altar» tornou-se promiscuidade de poderes que se utilizavam mutuamente. Permanecia activa, porém, a crítica evangélica a estas situações; e o lento fermentar da mesma teve papel de relevo na progressiva e cada vez mais clara separação dos poderes civil e religioso.

2. Desafio aos cristãos. A secularização das sociedades, em muitos casos, fez-se contra uma Igreja incapaz de aceitar aquela como fruto desejado da doutrina evangélica. E, por isso, foi acompanhada de uma progressiva descristianização das mesmas. Há, sem dúvida, outras causas para esta situação, de entre as quais cabe salientar o facto de certos grupos ideologicamente bem identificados – ateus, agnósticos ou maçons – se terem «apropriado» da secularização, procurando impor modelos de sociedade nos quais não é reconhecido qualquer papel à religião. A secularização transforma-se, assim, em laicismo de exclusão, com características culturalmente totalitárias – não porque usa de violência contra os crentes, mas porque usa as possibilidades dos regimes democráticos para, por meios legais, ostracizar os crentes e banir a expressão pública da fé, tornando-se o laicismo a única ideologia admissível na edificação da «cidade».
3. Dar testemunho. Nas sociedades secularizadas – em particular, no contexto europeu – o anúncio do Evangelho aparece frequentemente como tarefa humanamente votada ao fracasso. Na verdade, anuncia-se a fé em Deus como fundamento último da realidade a sociedades que promovem a crença no homem, princípio e fim de si mesmo; anuncia-se o nome de Jesus, único sobre a terra pelo qual podemos ser salvos, e Este é considerado inútil para a edifica-ção do mundo presente e futuro e, até, um obstáculo; anuncia-se uma Palavra vivida como única portadora de sentido último e experimenta-se a rejeição de uma sociedade que prefere outras palavras, mais efémeras e menos exigentes. Mas, apesar de tudo isto ser causa de sofrimento, não cabe ao crente a opção do desespero. Está na situação do «semeador» da parábola evangélica (cfr. Mc 4, 3-9) e, portanto, junto ao sofrimento há-de fazer sentir-se a paciência que deixa crescer o joio, de modo a não causar dano ao trigo (cfr. Mt 13, 24-30). Paciência nascida da «certeza de que sem Deus o mundo não pode viver, o Deus da revelação – e não qualquer Deus: vemos como pode ser perigoso um Deus cruel, um Deus não verdadeiro – o Deus que mostrou o seu rosto em Jesus Cristo. Este rosto que sofreu por nós, este rosto de amor que transforma o mundo como o grão de trigo caído na terra» (Bento XVI, Discurso aos Sacerdotes da Diocese de Aosta, 25 de Julho de 2005).
Em sociedades que julgam estar para além do bem e do mal, sem necessidade de Deus e menos ainda de Cristo, e fazem da ciência o seu deus e da satisfação imediata dos prazeres individuais a referência moral última, o cristão, arreigado na fé e fortalecido pela esperança, está chamado ao testemunho da paciência, sabendo que, na feliz expressão do Papa João Paulo II, trabalha para «os tempos longos de Deus».

Elias Couto

Fonte Ecclesia

voltar

Enviar a um amigo

Imprimir notícia