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Teologia deve partir da ciência
2005-09-12 09:00:17

"A ciência explica o mundo a nível empírico e físico, e a teologia deve partir daí e não lutar contra isso", disse ontem ao PÚBLICO o teólogo galego Andrés Torres Queiruga à margem do congresso Deus no século XXI, que hoje termina em Valadares, Gaia. A teologia deve mesmo compreender "que tudo o que funciona no mundo funciona por leis internas e não por intervenções sobrenaturais, sejam malignas e demoníacas, sejam benignas e divinas", acrescentou.

Ontem, além de uma intervenção de Adriano Moreira, no fim do dia, sobre as religiões e as estratégias político-militares, boa parte do tempo foi dedicada ao debate sobre religião e ciência, com Torres Queiruga e os portugueses Joaquim Fernandes, Alexandre Castro Caldas e Rui Coelho. No início da manhã de hoje, Fernando Regateiro e Daniel Serrão abordarão questões relativas à bioética e aos "genes, humanismo e transcendência". Na sua intervenção de ontem, sobre fé e ciência, Torres Queiruga afirmara ser necessário "tomar a ciência a sério como plataforma para compreender melhor a fé". Admitindo que ainda há gente que "não aceita a evolução científica", referiu que a mudança cultural da modernidade foi o "terramoto" que obrigou a alterar os modos de ler a Bíblia. Num aparente paradoxo, "hoje temos uma leitura muito mais espiritual e religiosa da Bíblia" do que no século XIX.
Queiruga advoga o diálogo entre os dois universos, no respeito mútuo. "A ciência tem também o perigo de achar que sabe tudo, que tem razão em tudo. Mas não: a ciência tem razão no seu campo. Há aspectos da vida que a ciência não pode abordar. Trata-se de distinguir os campos, para os colocar em diálogo. E a fé ficará a ganhar."
O congresso, que assinala os 75 anos da Sociedade Missionária da Boa Nova, uma congregação católica fundada em Portugal, tem sido louvado pela generalidade dos participantes pelo seu elevado nível científico. Na manhã de hoje, falarão ainda o espanhol Juan Masiá Clavel, sobre Diálogo inter-religioso a partir de baixo, e o dominicano português Bento Dominges, acerca de uma "moratória para as missões"
A terminar, o alemão Johann Baptist Metz abordará o futuro do cristianismo na Europa do século XXI. Metz foi impedido pelo então arcebispo de Munique, Joseph Ratzinger - o actual Papa Bento XVI - de ensinar teologia na universidade católica. Os dois homens estão entretanto reconciliados.

Antonio Marujo

Fonte Público

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