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Fiéis surpreendem Fátima
2001-05-14 12:43:20

Em Fátima o número de peregrinos surpreendeu as autoridades.

A presença de cerca de 600 mil fiéis no Santuário de Fátima para participar na primeira peregrinação do milénio superou todas as expectativas ou previsões. A primeira peregrinação do milénio foi semelhante, em número de peregrinos, às cerimónias de há um ano, em que esteve presente o Papa para beatificar os videntes Jacinta e Francisco. Autoridades civis e religiosas surpreenderam-se com a presença das cerca de 600 mil pessoas que este fim-de-semana assistiram às celebrações.
A multidão entupiu, logo ao início da manhã de ontem, todas as entrada e saídas da cidade, embora o espectacular esforço da Protecção Civil, que colocou nas ruas mais de mil agentes da polícia. Ainda assim, não conseguiu impedir que os estacionamentos se realizassem de uma forma caótica. Ao meio da manhã, algumas viaturas deixadas pelos condutores junto à Praça da Portagem tiveram de ser rebocadas por impedirem os acessos à auto-estrada.

Fátima encontrava-se cheia, com gente de todo o mundo e de diferentes classes sociais, raça e cor. A peregrinação foi presidida pelo bispo de Madrid, cardeal Rouco Varela, que chegou ontem ao santuário protegido por um grupo de homens das forças especiais da PSP. A segurança à volta do prelado e o facto de ele constituir um possível alvo do grupo terrorista basco não amedrontaram quem se deslocou até à Cova da Iria. Aliás, o assunto nem sequer era tema de conversa entre os peregrinos. Os que eram interpelados pela comunicação social, afirmavam, na sua maioria, desconhecer o que se passa em Espanha entre a Igreja e a ETA.

Este assunto levou os jornalistas a quererem falar com D. Rouco Varela. Mas este escusou-se. "Em Espanha estamos em período de reflexão eleitoral", disse. Quando lhe perguntámos se se sentia ameaçado de morte, apenas levantou e braços e entrou para a Casa Nossa Senhora das Dores, sem proferir nem mais uma palavra. Entretanto, os homens do GOE já o tinham rodeado, "convidando-nos", a afastar.

Nas celebrações litúrgicas presididas pelo cardeal, viu-se no seu rosto alguma emoção quando se deparou com uma "planície de luz" em mãos humanas - sábado à noite - e com um recinto completamente superlotado - ontem de manhã - de lenços brancos acenando à Virgem.

Concelebrando com dois cardeais - D. José Policarpo, de Lisboa, e D. Aloisio Lorscheider, da Aparecida, Brasil - 21 bispos e 350 sacerdotes, o bispo de Madrid pediu a todos os peregrinos que proclamem e dêem a vida pela Verdade, tal como o fez a Virgem Maria aos pés do seu Filho Jesus. Essa Verdade, frisou o bispo, "é a Verdade sobre o homem e a sua dignidade inviolável; a Verdade sobre a vida e o seu carácter sagrado desde a concepção até à morte natural; a Verdade sobre o amor entre o homem e a mulher elevado à categoria de sacramento, fundamento único da família; a Verdade sobre a trabalho humano que dignifica o homem como colaborador de Deus".

A terminar a celebração, os doentes foram abençoados, contemplando com ar de súplica a custódia que transporta o santíssimo. Olhares de uns que agradecem o sofrimento e, de outros, que suplicam a cura. Momentos de mistério. O silêncio "invadiu" em seguida o santuário e todos os peregrinos receberam também a bênção das mãos do cardeal. Depois, assistiu-se ao habitual "adeus à Virgem", sempre emocionante, com cerca de 600 mil lenços esvoaçando em rostos lacrimais de quem sente uma linguagem para além do humano. Fica o registo mas não o relato.

E com um "grito imortal - Oh Fátima, adeus", a multidão começou a dispersar. Depois da ordem, da prece, da elevação, o caos voltou à rua, aos restaurantes, às entradas e saídas da cidade. O santuário ficou para trás, continuando a falar a imperceptível linguagem do silêncio.

Fonte DN

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