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23º COLÓQUIO EUROPEU DE PARÓQUIAS
2005-07-25 22:01:44

A IGREJA PLURAL NÃO TEM QUE TEMER UM FUTURO PLURALISTA
Reunidos de 17 a 22 de Julho em Erfurt, capital da Turíngia, no interior da Alemanha Orienta ainda há 15 anos dominada por um regime fechado e totalitário, representantes de paróquias da maioria dos países europeus – entre os quais 13 portugueses de 5 dioceses - reuniram-se na 23ª edição do Colóquio Europeu de Paróquias. O documento do Concílio Vaticano II “Gaudium et Spes” serviu de base e o grande tema foi COM ALEGRIA E ESPERANÇA NUM FUTURO PLURALISTA.


“A Igreja não pode manifestar melhor a sua solidariedade e amor para com a família humana na qual está inserida, do que estabelecendo com ela diálogo sobre os vários problemas, aportando a luz do Evangelho e pondo à disposição do género humano as energias salvadoras que a Igreja, conduzida pelo Espírito Santo, recebe do seu fundador.” GS 3).
Partindo da Gaudium et Spes (A Igreja no mundo Contemporâneo), cujo 40º Aniversário quisemos celebrar, os 220 participantes do Colóquio, oriundos de 17 países Europeus entre os quais a Polónia, A República Checa, a Eslováquia, a Eslovénia, a Hungria, a Roménia, Ucrânia, Lituânia, Rússia, além de todos os países da Europa Ocidental, orientados pelos peritos permanentes e ainda Franz-Georg Friemel – Professor de Teologia em Erfurt, procuraram tomar consciência da realidade do mundo contemporâneo, suas alegrias e preocupações, numa sociedade pluralista e globalizada.
A leitura teológico-social destas realidades, apresentada pelos peritos, levou os participantes a entender, à luz da doutrina da Igreja, causas e consequências e a interrogar-se sobre o lugar das paróquias e dos cristãos no devir da sociedade. Definidos critérios de actuação, tendo feito experiência de contactos com pessoas de origens diferentes nos grupos de trabalho, tendo tomado contacto com paróquias que viveram décadas sob o regime comunista, tendo participado na oração ecuménica numa Comunidade luterana de Erfurt, perguntar-se-á: Que elementos novos se colheram de todas estas experiências? Que se impõe mudar na nossa acção eclesial?
Um dos grupos que apresentou as suas reflexões, composto por numeroso e bem disposto conjunto de jovens sintetizou assim a sua visão da sociedade e da Igreja:
1. As Tristezas da nossa sociedade:
A falta de confiança que, aliada à incapacidade de enfrentar as nossas limitações físicas e económicas e aos nossos preconceitos , nos impede de avançar e de estabelecer uma relação profunda com Deus e com os outros.

2. Angústias e medos da nossa sociedade
Os medos de falhar na nossa vida e na nossas relações, de não saber lidar com as perdas, de não conseguir transmitir os nossos valores às novas gerações, o medo da violência e dos radicalismos.

3. As alegrias da nossa sociedade

O sucesso escolar e profissional, a relação de felicidade com os outros e com Deus.

4. Os desafios da nossa sociedade

A resolução dos problemas de desenvolvimento através de uma efectiva colaboração entre países ricos e pobres de modo a encontrarem soluções em conjunto, designadamente aprofundando o contacto e a relação entre culturas e religiões de forma a aumentar o conhecimento mútuo e a tolerância recíproca.

5. A vida espiritual

A Igreja deverá ser uma comunidade de acolhimento e não de imposição, escutando e ajudando a Humanidade a ter uma vida espiritual rica, apesar das dificuldades da vida moderna, numa relação triangular entre cada um, Deus e os outros


CONCLUSÕES GERAIS

Uma equipa de peritos especializados em diferentes áreas do saber (Teologia, Sociologia, Filosofia, etc ) compilou e integrou as conclusões dos vários grupos multinacionais, onde as barreiras linguísticas não foram obstáculo a uma partilha e reflexão profícua, despoletada pelas interessantes intervenções e comunicações apresentadas.

Assim, sinteticamente, concluiu-se que:

1. A IGREJA PLURAL NÃO TEM QUE TEMER UM FUTURO PLURALISTA

A pluralidade é um facto, tanto na Igreja como na sociedade. Os cristãos sentem-se naturalmente à vontade com a pluralidade, sinal do universal desde o acontecimento do Pentecostes. Na fidelidade ao Espírito do Pentecostes, colocámo-nos na dinâmica da esperança que propicia a promessa do livro do Apocalipse: «Eis que faço novas todas as coisas» (Ap 21,5).

2. SENTIDO E ESPIRITUALIDADE

A pluralidade coloca a questão do sentido da vida. Tal como a serenidade de Deus relativa ao homem, assim o homem é chamado a ter confiança na sua relação com os outros e a ter confiança nos outros. Deus é, antes de tudo, relação.

3. SITUAÇÃO DE DIÁSPORA

A pluralidade das situações em que se encontram os cristãos do Leste e do Oeste coloca a questão de uma busca pastoral comum. A situação vivida por um lado pelos cristãos da Europa de Leste, do tempo dos regimes políticos ateus, como aquela que vivem hoje os cristãos em situação de diáspora, e ainda a situação de descristianização ou de indiferença vividos pelos cristãos da Europa ocidental, convidam os cristãos a serem fiéis ao Evangelho. A Igreja de Jesus Cristo é, então, um fermento na massa. A fé cristã é um mosaico, um diamante: É a luz que recebe ou que transmite que a faz brilhar.

4. POR UMA IGREJA MAIS PROMOTORA DA COMUNHÃO

A pluralidade das ideias, das opiniões, das experiências, das competências, é uma riqueza tanto em si mesma como para as comunidades paroquiais. O acolhimento desta diversidade reclama uma cultura de respeito, de estima pelos valores de cada um, de prática do espírito de abertura. O espírito de criatividade suscitado por esta diversidade, proporciona um espaço aberto à acção do Espírito Santo. Como dom do Pai e do Filho ao homem, é ao mesmo tempo Aquele que «deixa Deus ser Deus» e aquele que estabelece uma verdadeira comunicação com o homem. O Espírito é ao mesmo tempo abertura «de» Deus, e abertura «a» Deus.


5 A CRIATIVIDADE DO ESPÍRITO

Não senão pelo Espírito que podemos designar Deus com o nome de «Pai». É também o Espírito que nos impele a ser testemunhas do Evangelho, como impeliu, nos Actos dos Apóstolos, os discípulos a levar o Evangelho a todo o mundo e a acolher as nações pagãs na Igreja. O Baptismo não fica realizado no dia da sua celebração mas no termo da vida de baptizado. O primeiro sacramento é o princípio de um dinamismo essencial para uma vida de evangelização. O Espírito dá vida e força ao crente como a toda a Igreja. Esta não é apenas uma comunidade de culto, mas também uma «Koinonia», ou seja, uma comunhão na escuta da Palavra, na partilha da refeição eucarística e no serviço dos irmãos.

«Deus amou tanto o mundo…» (Jo 3,6)

(abraço, Tozé M.)


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