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Cumprir promessas em tempo de férias
2001-05-11 22:23:53

"Nem muito rápido, nem muito lento". É esta a cadência que marca o passo de Paulo Leitão, 31 anos, que decidiu fazer a pé o percurso desde o Carregado até ao Santuário de Fátima.

Apesar de ser a primeira vez que se entrega a um desafio desta natureza, Paulo caminha sozinho. Meteu uma semana de férias no trabalho e vai a Fátima cumprir uma promessa, feita por motivos de doença.
Saiu de casa pela fresca quando faltavam 15 minutos para as oito horas. E, até perto do meio-dia, caminhou pela EN-1 sem se cruzar com ninguém. Apenas com os carros e com os camionistas que insistem em cumprimentar o caminheiro com estrondosas buzinadelas. Pelo caminho, foi obrigado a fazer uma curta paragem para tirar o fato de treino. É que o calor cansa as pernas de quem quer andar com ritmo e a passo certo.
Estreante nestas andanças, Paulo não descuidou pequenos pormenores essenciais para quem vai percorrer quilómetros a pé. Calçou os ténis que os seus pés tão bem conhecem e colocou na cabeça um chapéu para o proteger do sol. Às costas uma pequena mochila, onde leva apenas o farnel necessário para a jornada: uma sandes, uma peça de fruta e a indispensável garrafa de água, comum a todos os peregrinos.
À noite, quando estiver cansado, vai telefonar ao sogro, que tem a incumbência de o ir buscar e trazer de volta a casa. No dia seguinte, começará a jornada no sítio onde parou. Sempre com a ajuda da boleia do sogro, que também tirou férias para o ajudar a cumprir a promessa.

Experiência inesquecível
Sem prazos estipulados, caminham, alguns quilómetros à frente de Paulo, cinco mulheres que vêm de Alhandra. À frente segue quem melhor conhece o trajecto. Vitória Porém tem 52 anos e vai a Fátima com regularidade, desde as grandes cheias de 1968. Já foram várias as vezes em que o fez sozinha e garante que é uma experiência "inesquecível". Este ano, decidiu aceitar o repto lançado por um grupo de amigas e fez-se novamente à estrada. Embora não tenha feito nenhuma promessa à Senhora de Fátima, diz que "é sempre uma alegria vir aqui!".
À medida que avança no caminho, Vitória compreende "por que é que os profetas se isolavam para reflectir e rezar" e explica que "este é um momento de paragem na vida, hoje tão agitada e stressante". Além disso, conta, "encontram-se pessoas tão boas que, até, o simples adeus de um camionista é um conforto".
Na cauda do grupo, segue Teresa Barradas, de 31 anos, a fazer a primeira peregrinação da sua vida. "Antes, quando via as pessoas que iam a pé, pensava que só uma razão muito forte é que as poderia levar a fazer um sacrifício destes. E, de repente, dei comigo a fazer o mesmo". Teresa é cabeleireira de profissão, pelo que, confessa, andar não é o seu forte. Contudo, o facto de ter um filho doente levou-a a embarcar nesta aventura. "Por uma fé muito grande em que a Senhora de Fátima o possa ajudar".

Fonte JN

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