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Cardeal português diz que adopção por homossexuais é "horrível"
2005-07-07 22:25:51

O cardeal português José Saraiva Martins, prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, do Vaticano, disse ontem em Lisboa que é "horrível" as crianças adoptadas por casais homossexuais não terem "um pai e uma mãe" - um homem e uma mulher.

D. José Saraiva Martins falava aos jornalistas no final da cerimónia de doutoramento honoris causa que a Universidade Lusíada lhe atribuiu. Instado a comentar as recentes leis espanholas que permitem o casamento de homossexuais, o cardeal disse que é uma questão de "bom senso" e de uma "sã antropologia" que as crianças possam viver com casais compostos por um homem e uma mulher, embora afirmando que se devem "respeitar" as pessoas e as suas opções.
Durante a lição que apresentou, sobre o tema A Europa do futuro no pensamento de João Paulo II - o decálogo da nova Europa, o cardeal criticou ainda a ausência da referência às raízes cristãs do continente no preâmbulo do tratado constitucional europeu. Nesse contexto, afirmou que "é um escândalo que na Europa haja 20 milhões de desempregados".
Admitindo que a Europa enfrenta problemas como a imigração ilegal, a criminalidade organizada e a segurança, o cardeal disse que isso não pode fazer esquecer os valores que presidiram à construção da actual União Europeia (UE). E foi nessa perspectiva que apresentou o "decálogo da nova Europa", um conjunto de dez princípios fundamentais. Não sem referir que a recusa de franceses e holandeses ao tratado constitucional foi ao documento em si e não à UE.
Entre eles estão a ideia de que o processo de unificação "não quer dizer o fim das nações" e que a UE não deve ser apenas "uma longínqua e fria estrutura burocrática ou simplesmente administrativa". A União deve procurar a unidade respirando "com dois pulmões: o ocidental e o oriental".
Outros dois princípios deste decálogo dizem respeito às raízes judaico-cristãs do continente, mas cujo reconhecimento não mina "o princípio da laicidade da União", nem significa "a exclusão de outras religiões e, portanto, do Islão". Reconhecer o cristianismo como um fundamento da cultura europeia "não comporta uma procura de privilégios, em nenhum campo da sociedade", mas regista apenas "a realidade histórica do continente".
Sobre as raízes judaico-cristãs da Europa, o cardeal citou nomes da cultura e das artes para afirmar que, sem o cristianismo, nenhum deles teria feito a obra que fez. Dante, Petrarca, Camões, Goethe ou Dostoievski, Giotto, Rafael ou Miguel Ângelo, Vivaldi, Bach, Beethoven ou Verdi, ou ainda Agostinho, "pai do espírito existencial moderno", Tomás de Aquino, Erasmo, Pascal provam que o cristianismo é a "língua materna da Europa e da sua civilização", como definiram Goethe e Kant, disse o cardeal.
Saraiva Martins falou ainda da "primazia da pessoa" e da "sacralidade da vida humana em todas as fases da sua existência" é o primeiro dos enunciados. Os direitos humanos fundamentais estão ameaçados por clonagem, manipulação genética, "tráfico de pessoas, novas formas de escravatura" ou pelo "negócio" de órgãos humanos. A liberdade - "fruto da longa história cristã" - deve ser o "rosto" da UE. Solidariedade e subsidiariedade, a guerra como "derrota da razão e da humanidade" mesmo que seja para responder ao terrorismo, e o contributo dos jovens foram outros princípios enunciados para este decálogo.

Declarar João Paulo II como "mártir" - e com isso abreviar o processo que há dias foi aberto conducente à sua beatificação - será "difícil", diz o cardeal José Saraiva Martins. Corrigindo afirmações que lhe foram atribuídas na sexta-feira passada, o prefeito da Congregação para a Causa dos Santos afirma que o martírio se verifica quando alguém, conscientemente, "dá a vida" pela fé. Ora, apesar de João Paulo II ter sido vítima de um atentado na Praça de São Pedro, em 1981, isso aconteceu sem que o então Papa se tenha "dado conta". Por isso, dificilmente pode ser declarado mártir. O cardeal manifestou apenas o seu desejo pessoal de que o processo seja "o mais rápido possível", mas recusou adiantar quanto tempo pode demorar.

Por António Marujo

Fonte Público

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