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Cáritas denuncia dramas imigrantes
2001-05-08 23:28:41

Grupos paroquiais poderão ajudar a lutar contra «máfias organizadas». Igreja deseja mais sacerdotes de Leste


É um apelo dramático. Eugénio da Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa, está preocupado com «as mafias organizadas» que «exploram de forma selvática e abandonam» os imigrantes, nomeadamente os que vêm do Leste Europeu. O fenómeno da imigração, que começa a ter grandes proporções em Portugal, apanhou toda a gente desprevenida. Agora, a Igreja quer ter uma palavra a dizer.
Eugénio da Fonseca diz que, neste campo, a Igreja «pode fazer muito, pois Jesus Cristo também foi um imigrante» e lembra que, «se não fizermos nada, poderemos a estar a ser coniventes com as máfias». Este responsável revela que a situação «é tão dramática, do ponto de vista da pessoa», que «se tornou mais grave que o próprio tráfico de armas ou de drogas», salientando «o medo» que estes imigrantes têm «de, simplesmente, falar».
Consciencializar os portugueses para o fenómeno é, no entender de Eugénio da Fonseca, «prioritário», já que «não se tratam de marginais, mas sim de pessoas que querem trabalhar de uma forma honesta e legal». E afirma: «Se todos nós ajudarmos não haverá espaço para este crime de tráfico de clandestinos».
O presidente da Cáritas Portuguesa, que esteve reunido em Fátima com representantes das 11 das 20 Cáritas existentes no país, encontro onde esteve em debate esta problemática, afirmou que a Igreja «não pode alhear-se deste problema», garantindo que «a Igreja tem aqui um papel importante». A criação de espaços nas paróquias, destinados ao encontro e convívio e, também, ao ensino da Língua Portuguesa, é defendido por este responsável, uma tese que vem ao encontro da pretensão dos bispos portugueses, manifestada há uma semana em Fátima, aquando da realização da Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa. «Ao aprenderem o português, estes imigrantes vão poder saber quais são os seus deveres e direitos», explicou Eugénio da Fonseca, que salienta ainda a importância de serem «denunciados» às autoridades «casos de tráfico, de exploração, perseguição e chantagem» de que alguns destes imigrantes são alvo.

Gabinetes de apoio
Além destes espaços nas paróquias, as várias Cáritas diocesanas irão criar um gabinete de apoio «específico para responder às necessidades destes imigrantes». E porque longe do país «é à fé que se agarram», e porque em Portugal apenas existe um padre do Leste, a Igreja Portuguesa deverá desencadear um processo tendente à vinda para o país de mais sacerdotes. «Temos tido muitos pedidos de várias dioceses do país e este padre já não consegue dar conta do recado», disse aquele responsável, revelando que os maiores pedidos de apoio, não só a este nível, mas de ajuda, vêm de Lisboa, Algarve, Alentejo e de toda a faixa litoral do pais. Locais onde «há uma maior concentração de imigrantes e, por isso, mais casos dramáticos de gente que chega de uma forma clandestina e é alvo de chantagem têm de saldar uma dívida a quem os trouxe, alegadamente com trabalho fixo».
Ontem, na Capela Bizentina do Exército Azul, em Fátima, alguns destes imigrantes juntaram-se a uns quantos portugueses e celebraram a sua fé. São essencialmente homens, e falam ainda muito pouco português. O medo impediu-os de falar ou mesmo de mostrar os rostos para as fotografias. Um medo compreendido pelo próprio presidente da Cáritas que pediu contensão aos jornalistas.

Fonte JN

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