paroquias.org
 

Notícias






PAPA REZA PELA PAZ NAS RUÍNAS DE QUNEITRA
2001-05-08 22:10:07

O Papa João Paulo II chegou ontem à cidade destruída de Quneitra, no lado sírio dos Montes Golã, para rezar pela paz no Médio Oriente, marcando assim com um cunho claramente político o terceiro dia da sua estada na Síria.

Na sua oração, que teve lugar nas ruínas da igreja grega ortodoxa da cidade, o Papa, perante dignitários políticos e três patriarcas das Igrejas orientais com sede em Damasco, instou árabes e judeus a serem misericordiosos uns com os outros de modo a permitir que a paz renasça nos corações dos mais jovens. "A partir deste lugar, tão desfigurado pela guerra, quero levantar a minha voz em oração pela paz na Terra Santa e no mundo", afirmou João Paulo II, que continuou considerando "abençoados os fazedores da paz, pois serão chamados filhos de Deus". No interior da Igreja, o Papa teve então oportunidade de ver o testemunho escrito pelo bispo da cidade, George Muhassal, a propósito da destruição de Quneitra, que ali ficou para os visitantes e no qual se pode ler: "Como poderia algum ser humano fazer isto, mas algumas pessoas não são humanas". Depois de no dia anterior o Pontífice de Roma ter feito História ao tornar-se no primeiro líder religioso cristão a visitar uma mesquita, a sua deslocação a Quneitra, onde foi aguardado por centenas de fiéis, muitos deles da Igreja Ortodoxa e muitos outros muçulmanos, revela até que ponto a mensagem política é bastante mais do que um propósito secundário da sua romagem, até porque no conflito do Médio Oriente não é possível dissociar inteiramente as querelas políticas dos ódios religiosos.

Referência à bebé morta em ataque israelita

O Papa, que logo na sua chegada ao aeroporto de Damasco, dois dias antes, lançara críticas indirectas ao estado judaico, não esqueceu uma das últimas vítimas da violência de Israel, a bebé de quatro meses, Iman, morta pelas tropas de israelitas durante um tiroteio na Faixa de Gaza. "Conhecedores das tristes últimas notícias de conflito e morte, que hoje mesmo chegaram de Gaza, a nossa oração torna-se ainda mais intensa", afirmou quase no encerramento da sua comovida alocução, tornada mais pungente pela sua voz enfraquecida. Como que a enfatizar o significado das suas palavras, eram bem visíveis a partir de Quneitra, no outro lado dos Golã Ocidentais, as posições do Exército israelita e alguns dos seus postos de radar. A deslocação do Papa à cidade arruinada não foi antecedida de esclarecimentos históricos, pois os sírios pensam que a devastação fala por si. No entanto, no cenário de destruição que recorda a distante Guerra dos Seis dias, em 1967, e os resultados devastadores da retirada de Israel, que em 1974 arrasou Quneitra antes de a devolver à Síria, Lin Doughouz, uma menina de 13 anos, lembrou ao Papa que a cidade agora arruinada era conhecida como "a flor dos Golã", antes do "inimigo destruir selvaticamente as suas casas". Nesta frase de uma menina que um dia será mulher, fica bem patente a mensagem passada de geração em geração, mostrando bem a distância que separa ainda árabes e judeus de um tempo em que a História se conte sem rancor e ódio. Terminando o dia com uma nota mais positiva, o Papa foi recebido à noite por milhares de jovens quando visitou a catedral, em Damasco, de uma confissão cristã grega. Cantando e dançando, os jovens cercaram o carro do Papa, lançando a confusão entre o pessoal da segurança. Já dentro do templo, num discurso lido em francês e com tradução em árabe, o Pontífice instou os jovens a seguir nas suas vidas os valores dos Evangelhos, promovendo relações harmoniosas entre todos os cristãos sírios.

Fonte CM

voltar

Enviar a um amigo

Imprimir notícia