paroquias.org
 

Notícias






Os mais desprotegidos deste mundo
2005-06-03 00:19:15

Intenção Geral do Santo Padre para o Apostolado da Oração – JUNHO

Que a sociedade actual ajude, com gestos concretos de amor cristão e fraterno, os milhões de refugiados que se encontram em condições de abandono e extrema pobreza.

1. Abandono e extrema pobreza. Apesar de campanhas mediáticas, protagonizadas por gente do espectáculo, apesar das declarações de boas intenções, feitas regularmente por responsáveis governamentais, apesar das condenações mais ou menos ignoradas e inúteis das Nações Unidas... a situação dos refugiados continua a ser, como a descreve esta Intenção, de abandono e extrema pobreza. Seja no Darfur (Sudão), na região africana dos Grandes Lagos (envolvendo países como os dois Congos, o Ruanda, o Uganda, o Burundi...) e em tantas outras regiões do planeta, verifica-se um desinteresse quase total para com o drama dos refugiados. Em alguns casos (Darfur e Grandes Lagos, por exemplo), são mesmo os governos locais a fomentar a situação, alimentando guerras e guerrilhas intermináveis, por motivos religiosos, raciais, de cobiça de territórios... tudo serve para criar situações de conflito e violência capazes de forçar grande número de pessoas a abandonarem a sua terra, em busca de alguma segurança. Surgem, a seguir, os «campos» de refugiados, onde se amontoam homens, mulheres e crianças, nas condições mais duras e à mercê de todas as arbitrariedades.

2. Gestos concretos de amor cristão. Na situação desgraçada em que se encontram, os refugiados dispensam discursos e boas intenções. O que verdadeiramente conta é a acção no terreno de grupos organizados, procurando servir os irmãos em necessidade e forçar os responsáveis políticos a mudar comportamentos. É o caso, entre outros, do Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS), uma organização fundada em 1980 pelo P. Pedro Arrupe, então Superior Geral da Companhia de Jesus, para quem os refugiados eram «os mais desprotegidos deste mundo» – então como hoje. O JRS está presente em 70 países, dando assistência a milhares de pessoas. Nos países lusófonos, trabalha em Portugal, Angola, Brasil e Timor Leste. Em Portugal, ajuda sobretudo emigrantes que, vindos dos mais diversos países, se encontram desprotegidos e, muitas vezes, sem esperança. Activo em vários pontos do mundo, o JRS tem-se dedicado, nos últimos anos, à criação de redes de pressão política, procurando garantir junto dos diversos poderes o direito elementar dos refugiados a falarem por si mesmos, para que os seus problemas sejam conhecidos e as suas necessidades encontrem resposta. Gestos assim, bem como as dezenas de outros que o JRS leva a cabo (educação e formação, apoio na área da saúde, alimentação, cuidado com grupos especialmente vulneráveis, como órfãos ou vítimas das minas...), traduzem de modo concreto a caridade cristã para com irmãos em situação de carência absoluta.

3. Uma exigência da fé. A caridade activa e eficaz não é, para o cristão, uma simples questão de consciência bem formada. Também não se reduz a um sentimento de fraternidade que brota da partilha da mesma condição humana. Estes motivos têm o seu valor e podem dar origem a gestos de solidariedade valiosos e reveladores do melhor em cada ser humano. O cristão, porém, tem Jesus Cristo como referência última: «Ele, que era de condição divina, não Se valeu da igualdade com Deus, mas despojou-Se a Si próprio, assumindo a condição de servo» (Flp 2, 6-7). A exemplo do seu Senhor, os cristãos, sentindo a urgência do mandamento do amor, não podem ficar prisioneiros dos seus bens, da sua situação pessoal acomodada, pacífica e segura, não se podem «valer» do «isso é lá longe», noutro «mundo»... Devem, antes, «despojar-se» de si e das suas seguranças (sempre falsas), para irem, de todos os modos possíveis, ao encontro daqueles que se encontram em situação de miséria e desumanização. É o caso dos refugiados, confiados pela Intenção do Santo Padre às nossas orações neste mês de Junho.

Elias Couto

Fonte Ecclesia

voltar

Enviar a um amigo

Imprimir notícia