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MESQUITA ACOLHE PAPA EM DAMASCO
2001-05-07 19:30:30

O segundo dia da estada do Papa João Paulo II na Síria teve, ontem, o seu ponto mais alto na visita histórica à Mesquita Omíada de Damasco, a primeira de um Papa a um templo muçulmano nos 1400 anos de vida da Religião Islâmica.

Aí, o Papa teve oportunidade de pronunciar uma alocução perante diversos líderes religiosos muçulmanos, entre eles o mufti da Síria, xeque Ahmed Kaftaro, durante a qual instou cristãos e muçulmanos a perdoar-se mutuamente pelas ofensas do passado. Pouco antes, reiterara, durante uma missa no Estádio Abássida de Damasco, os apelos à paz no Médio Oriente pronunciados à sua chegada àquela cidade. "Por todas as vezes que cristãos e muçulmanos se ofenderam mutuamente, devemos invocar o perdão do Todo Poderoso e perdoar-nos uns aos outros", declarou João Paulo II, que fez votos para que os conflitos não se repitam e que considerou ainda que as duas religiões devem, para bem da "família humana", ultrapassar as suas diferenças. Saudada por uma ruidosa multidão à entrada do templo, a visita do Pontífice de Roma à mesquita foi considerada pela televisão estatal síria "o encontro entre a Cristandade e o Islão". Depois de vencer o entusiasmo da multidão, o Papa, acompanhado pelos dignitários muçulmanos e curvado sobre a sua bengala, entrou na mesquita Omíada, onde prestou homenagem a S. João Baptista que, segundo a tradição, se encontra ali sepultado. O túmulo, um cubo de vidro encabeçado por uma cúpula sustentada por colunas de mármore, tem no interior um cofre com relíquias do santo, que é também venerado no Islão sob o nome de profeta Yahya. Mas, antes disso, o Papa, cumprindo o ritual muçulmano, descalçou os sapatos para não macular o solo sagrado do templo e escutou o relato da história da mesquita, à porta da qual jaz Saladino, líder muçulmano que expulsou os cruzados cristãos do Leste. Após a breve visita e os esclarecimentos prestados pelos sacerdotes, João Paulo II regressou ao átrio e sentou-se frente à porta principal entre o mufti e o ministro dos Assuntos Religiosos, Mohammad Zyada, para assistir a uma cerimónia iniciada com a recitação do Corão. No outro ponto alto deste dia, o Papa celebrara, poucas horas antes, uma missa à qual assistiram mais de 50 mil pessoas, muitas delas de confissão cristã ortodoxa. Em flagrante contraste com o que na sexta-feira aconteceu na Grécia, onde a visita do Sumo Pontífice mereceu acesos protestos dos extremistas ortodoxos gregos, na Síria a hierarquia ortodoxa aliou-se à sua presença e em honra da celebração realizada no Estádio Abássida manteve fechadas ao culto as portas das suas igrejas, convidando os fiéis a acorrer à missa papal. Nesta estiveram presentes representantes da Igreja Católica local, bem como da Igreja Ortodoxa síria e grega, que escutaram com aprovação os apelos à paz entre árabes e judeus. Saliente-se que a Síria é um país de maioria muçulmana no qual a minoria cristã - 2.4 milhões entre os 17 milhões de habitantes - é composta por uma maioria de ortodoxos gregos e sírios e uma reduzida parcela de cristãos romanos. Por este motivo, a presença do Papa reveste um especial simbolismo para esta pequena comunidade, que viu assim reforçados os seus laços de unidade.

Fonte CM

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