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1 Junho - Dia Mundial da Criança:
2005-05-26 22:33:37

As crianças exploradas como soldados, mão-de-obra ou para o tráfico de seres humanos têm sido uma preocupação constante nas intervenções da Igreja Católica a nível internacional.

As autoridades internacionais são desafiadas a combater esses abusos e criar dispositivos legais que protejam, efectivamente, os menores.

Apesar do seu pontificado ter começado há menos de um mês, Bento XVI já se referiu a este drama, assegurando que os cristãos têm o dever de auxiliar as crianças que perderam os seus pais no tsunami que flagelou o sudeste asiático no passado dia 26 de Dezembro. O apelo do Papa converteu-se em condenação de todos os que transformam estes meninos “em vítimas de abusos”.

Mais de um milhão de pessoas - sobretudo mulheres e crianças - são vítimas do tráfico humano todos os anos, tornando a actividade ao nível do tráfico de drogas e de armas: o comércio de crianças está estimado em 12 mil milhões de Euros. Como o Vaticano referiu no último Congresso da ONU sobre o Crime e a Justiça Criminal (18 a 25 de Abril, Banguecoque), a prevenção destes crimes já não é uma questão que possa ser resolvida a nível local, exigindo a colaboração de governos e instituições internacionais.



Pouco depois do maremoto que sacudiu o Oceano Índico, João Paulo II lembrava publicamente os menores vitimados pelo maremoto na Ásia, alertando para a existência de "tráficos ignóbeis". O aviso do Papa polaco chamou a atenção para “crianças raptadas, desaparecidas ou abusadas”.

Vários foram, aliás, os alertas sobre um eventual "comércio" de crianças que poderia surgir a partir da grande quantidade de órfãos deixados pelo maremoto no sudeste asiático, com métodos de adopção ilícitos.

As grandes linhas orientadoras do magistério eclesial nesta matéria foram apresentadas no VI congresso mundial sobre a pastoral do turismo (Banguecoque, -8 Julho 2004). No documento final, intitulado “O Turismo ao serviço do encontro dos povos”, chamava-se a atenção para o drama do turismo sexual que envolve crianças, pedindo ajuda para as crianças vítimas da prostituição.

A Igreja defende, nesse documento, “compaixão e protecção legal para as crianças”, exigindo das autoridades estatais “prioridade e urgência ao bloqueio do tráfico e da exploração económica, de modo particular das crianças”.



A Santa Sé considera o tráfico de seres humanos como “a pior violação dos direitos dos imigrantes”. A representação católica no escritório das Nações Unidas e Instituições Especializadas, em Genebra, tem-se manifestado repetidamente contra os “diversos tipos de exploração de crianças” como a escravidão no trabalho, abusos sexuais e mendicidade.

Estas posições foram consagradas pela mensagem de João Paulo II para a Quaresma de 2004, dedicada à protecção dos mais pequenos. Partindo de uma passagem do Evangelho segundo São Mateus, “Quem acolher em meu nome uma criança como esta, acolhe-Me a Mim”(Mt 18,5), o Papa polaco apresentava aos católicos de todo o mundo a necessidade de “examinar como são tratadas as crianças nas nossas famílias, na sociedade civil e na Igreja”.

Nesse texto, mais uma vez, eram denunciados os “abusos sexuais”, a “ prostituição”, o “envolvimento na venda e no uso da droga”, o trabalho infantil e o alistamento de crianças como soldados, os efeitos da “desagregação familiar” e o “ignóbil tráfico de órgãos e pessoas” como casos que dão testemunho das dificuldades em que vivem os menores nos nossos dias.



A agência missionária Fides, do Vaticano, apresentou nesse mesmo ano um dossier sobre o tema, no qual denunciava que mais de um milhão de crianças está à venda no mundo, todos os anos. Tráfico de órgãos, sexo, mão-de-obra barata são os destinos referidos para os “novos escravos”: um recém-nascido de sexo masculino pode custar 50 mil Euros; um fígado, 30 mil.

Um dos casos mais mediáticos aconteceu quando em 2003 as Religiosas Servas de Maria denunciaram o desaparecimento de crianças em Nampula e outras zonas de Moçambique, associando o fenómeno ao tráfico de órgãos. Após a pressão da comunidade internacional, o número de crianças desaparecidas diminuiu significativamente.

Poucas são as vítimas em condições de denunciar as agressões que lhe são feitas. O Vaticano pede “protecção legal” e lembra que o combate a este tipo de tráfico apenas pode ser feito com a ajuda das mesmas.

“É necessário ocupar-se das vítimas com compaixão e amor, oferecer-lhes assistência jurídica, terapia e reinserção na sociedade”, explicava o representante da Santa Sé na Organização Mundial do Turismo aquando da denúncia de uma rede organizada de turismo sexual e abuso de menores por parte de europeus no Brasil. O arcebispo Agostino Marchetto, secretário do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, condenou de forma clara este tipo de indústria turística que “se aproveita das bolsas de pobreza que existem em todo continente”. A Santa Sé acredita no desenvolvimento de um “conceito são de turismo” e, para isso, já manifestou o seu apoio ao código mundial de ética turística.



A “exploração sexual das crianças” no turismo é classificada como uma “praga social” e a acção da Igreja nesta área não pode ser desligada das preocupações apresentadas pelos seus observadores internacionais no que diz respeito à necessidade de uma globalização mais justa e de políticas sociais mais justas.

Mesmo nas relações com os fiéis de outras religiões, esta preocupação pelas crianças está presente. Os dramas que afligem as crianças de todo o mundo estiveram no centro da mensagem que o Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso da Santa Sé enviou aos “amigos hindus” por ocasião da última festa do Diwali.

O documento chama a atenção para o trabalho infantil, o abandono escolar, as crianças-soldado, a Sida, a prostituição infantil, o tráfico de órgãos e pessoas, a prostituição infantil e os abusos sexuais.



O mesmo Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso publicara, pouco antes, uma mensagem aos muçulmanos por ocasião do fim do Ramadão, onde a Igreja Católica convidava os “caros amigos muçulmanos” a unir esforços numa luta sem tréguas contra “tudo aquilo que degrada as crianças”.

Fonte Ecclesia

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