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PESCADORES DA NAZARÉ HOMENAGEIAM PADROEIRA
2001-05-07 19:29:35

Os pescadores da Nazaré saíram ontem para o mar em procissão para cumprir uma tradição com mais de 50 anos: pedir protecção à Nossa Senhora dos Aflitos e ganhar "garra" para mais um ano de faina marítima.

Há uns anos, não muito longínquos, antes da construção do Porto de Abrigo, os homens do mar enfrentavam os perigos de entrar na zona de rebentação, sob o olhar atento e preocupado das peixeiras, que recorriam à padroeira dos pescadores, Nossa Senhora dos Aflitos, sempre que algo corria mal. Ao verem os seus maridos ou familiares em perigo, as mulheres dirigiam-se para a entrada da Igreja onde está a imagem da santa e gritavam ou batiam com as mãos na parede, num ritual impressionante mas profundamente religioso. Os tempos mudaram, os pescadores correm hoje menos perigo ao entrarem no mar através do Porto de Abrigo, mas não esqueceram as suas raízes e continuam fiéis à tradição, organizando a Festa do Mar em honra da sua padroeira, no primeiro domingo de Maio de cada ano. Interrompida em 1993 devido a um acidente que vitimou um jovem auxiliar do pároco local, a festa dos pescadores, em simultâneo com as comemorações do Dia do Homem do Mar, foi retomada no ano seguinte com mais fôlego e constitui mesmo uma aposta da Câmara Municipal da Nazaré, a entidade que financia a iniciativa. "Queremos revitalizar uma tradição que não é só da Nazaré, mas também deste País à beira mar plantado", explicou o presidente da autarquia, Jorge Barroso, adiantando que a festa é uma boa oportunidade também para incentivar o turismo, chamar a atenção para a dureza da vida dos pescadores e alertar para a necessidade de boas práticas ambientais em relação ao mar.

Imagens abençoadas

Os festejos iniciaram-se sexta-feira à noite com um espectáculo de fogo de artifício, prosseguindo ontem à tarde, com a benção das três novas imagens sacras oferecidas pela autarquia. Após esta cerimónia, os sete andores cuidadosamente enfeitados para dignificar as imagens que transportavam, saíram em procissão pela avenida marginal, passando pelos milhares de pessoas que se deslocaram à Nazaré. Chegadas ao Centro Cultural local, antiga lota, as imagens foram colocadas em carrinhas enfeitadas com colchas brancas e folhas de palmeira, e transportadas até ao Porto de Abrigo, onde as esperavam mais de três dezenas de embarcações engalanadas. A procissão marítima saiu então ao som de vários apitos e foguetes, dirigindo-se para a enseada, para dar três voltas ao navio-patrulha "Limpopo", da Marinha Portuguesa. Após o regresso a terra, os andores voltaram a ser transportados nas viaturas até à Pederneira e ao Sítio, repousando depois num altar improvisado no areal, junto à Capitania do Porto da Nazaré, para enriquecer a celebração eucarística que marcou o encerramento da festa. A falta de peixe e as dificuldades vividas pelos pescadores têm afastado os mais novos da actividade principal dos seus antepassados, mas a comissão organizadora desta iniciativa, liderada por Ventura Bem, continua empenhada na iniciativa por considerar que é uma festa dos nazarenos e serve para "dar mais garra" aos homens do mar.


Fonte CM

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