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"Fantasma" da ETA paira sobre Fátima
2001-05-06 20:54:25

Bispo de Madrid presidirá à peregrinação na Cova da Iria. D. Rouco Varela é considerado pela polícia espanhola como alvo dos terroristas bascos




A deslocação a Fátima do bispo de Madrid para presidir às cerimónias religiosas nos dias 12 e 13 está a preocupar as autoridades portuguesas devido às recentes tensões registadas em Espanha entre a ETA e a Igreja Católica.
Enquanto presidente da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), o cardeal Rouco Varela é considerado, pela polícia, como um possível alvo dos terroristas depois de, em Abril, estes terem emitido um comunicado afirmando-se preocupados com a perda de neutralidade da Igreja relativamente ao conflito no País Basco. Um clérigo da diocese de Madrid confirmou ao DN o crescente avolumar de tensões, ao ponto de "a polícia ter já reforçado a vigilância em alguns edifícios eclesiásticos com câmaras de vídeo e detectores de metais", disse. Alguém que assistiu, por estes dias, à inauguração de um edifício religioso, na capital espanhola, testemunhou também ao DN a "rigorosa protecção" que passou a acompanhar o cardeal.

Uma fonte da diocese de Leiria-Fátima disse estar plenamente confiante na segurança portuguesa, recusando-se, porém, a adiantar detalhes sobre as medidas de excepção que estão a ser preparadas para proteger o prelado de um possível ataque da ETA. Neste momento, "segredo" é a palavra de ordem, e nem mesmo os responsáveis do santuário têm conhecimento dos meios de deslocação (carro ou avião) e do percurso que deverá usar D. Rouco Varela desde a capital espanhola até à Cova da Iria. Soube o DN que o prelado de Madrid apenas solicitou a informação sobre a hora da primeira cerimónia a que irá presidir no dia 12, devendo chegar com poucos minutos de antecedência. E não pediu segurança pessoal para a viagem.

No comando da PSP de Santarém, que vai orientar a "Operação Fátima 2001" nos dias 11, 12 e 13, informaram-nos que cerca de mil polícias, apoiados por um helicópetro, vão estar no santuário para garantir a ordem entre os cerca de 500 mil peregrinos esperados. Relativamente à protecção do bispo, limitaram-se a um "nem confirmo nem desminto".

Trata-se de uma situação sem precedentes, explicou-nos o clérigo de Madrid. "Até aqui, nunca a hierarquia católica se tinha sentido ameaçada", afirmou. Tudo mudou quando, em Fevereiro, no âmbito da eleições no País Basco, que se realizam precisamente no dia 13, a hierarquia católica foi criticada por não ter aderido ao "Pacto Antiterrorista" proposto por dois partidos, tendo o facto sido interpretado no sentido de que os bispos não queriam condenar o terrorismo. A CEE respondeu, frisando, por várias vezes, ter sempre, desde 1968, condenado os actos terroristas. A ETA não gostou desta afirmação, e acusou a Igreja de perda de neutralidade. Desde então, a polícia passou a estar preocupada com a segurança do cardeal de Madrid.


Fonte DN

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