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A violência para o sagrado
2001-05-06 20:53:46 Teólogos católicos e protestantes, de várias nacionalidades, vão debater em Fátima o sentido do sofrimento e do sacrifício à luz da fé cristã, analisando as práticas que se registam no santuário
Estar em Fátima e ver alguns peregrinos de rastos ou de joelhos, ao longo da passadeira que liga à Capelinha das Aparições ou à volta desta, é uma imagem impressionante que se tornou comum. Os não crentes, ou mesmo os que têm uma fé mais informada, normalmente perguntam-se: será este o caminho da redenção?
Os responsáveis do Santuário, conjuntamente com a Faculdade de Teologia da Universidade Católica, propondo-se responder a esta e outras perguntas, organizaram um congresso que se vai realizar em Fátima entre os dias 9 e 12, com o título "Do sacrifício de Cristo à dimensão sacrificial da existência cristã".
A temática, segundo os dinamizadores, "pretende aprofundar teologicamente duas realidades que, entre o desespero e a esperança, marcam a história humana: o sacrifício e o sofrimento". Estas realidades estão bem presentes quer na mensagem de Fátima quer na prática de muitos peregrinos que se deslocam ao santuário. Então, a questão nuclear do debate será tentar perceber-se qual a ligação entre a violência e o sagrado e, no contexto de Fátima, qual o sentido da dimensão expiatória do sacrifício tão presente nos escritos da vidente Lúcia.
O debate será feito entre teólogos católicos e protestantes, de várias nacionalidades. Este pluralismo de perspectivas parece assegurar, logo à partida, que o congresso não se orientará para a defesa de teses controversas como aquelas que, de tanto afirmar a ligação entre os escritos de Lúcia e a teologia da redenção, anseiam por transformar a mensagem de Fátima num dogma de fé.
A organização garante que esse não é o objectivo, frisando, contudo, que "a actualidade do congresso, quer pelo tema quer pela perspectiva ecuménica, é tanto maior quanto são cada vez mais as vozes que tentam desacreditar o significado do santuário e a dimensão do catolicismo em Portugal".
Fonte DN
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