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Bento XVI esperado em 2007
2005-05-13 21:25:32

A Igreja católica portuguesa espera receber o novo Papa, Bento XVI, em Fátima, em Maio de 2007, data em que assinalará o centenário do nascimento da irmã Lúcia e os 90 anos do dia oficial das aparições. No mesmo dia, responsáveis pelo santuário confiam ainda poder inaugurar a nova Igreja da Santíssima Trindade, cuja construção sofreu atrasos consecutivos.

Algumas horas antes do início oficial da Peregrinação de Maio, o bispo de Leiria-Fátima, D. Serafim Ferreira da Silva, confidenciou aos jornalistas a esperança demonstrada por D. José Policarpo (cardeal-patriarca de Lisboa, que preside este ano às cerimónias litúrgicas de Fátima) após o encontro que este teve com o Papa recém-eleito. "Logo que possa irei a Fátima", prometeu Joseph Ratzinger. As autoridades religiosas estão a desenvolver todos os esforços para que a oportunidade surja na data anteriormente citada.



Ao iniciar oficialmente as cerimónias, o patriarca de Lisboa foi suficientemente enigmático. "Para mim, esta peregrinação é um pouco a conclusão espiritual daqueles dias intensos vividos em Roma", disse à multidão.



Bento XVI pode, no entanto, cumprir a promessa (para já, suficientemente vaga), mas do mesmo púlpito - o altar montado em frente da basílica - em que falou aos peregrinos em 13 de Outubro de 1996, quando visitou Fátima ainda na qualidade de prefeito para Congregação da Doutrina da Fé. A principal razão é que os sucessivos atrasos na construção da nova Igreja podem vir a inviabilizar a inauguração em Maio de 2007.



A obra é "atípica", na expressão atribuída pelo reitor do santuário de Fátima a responsáveis das empresas de construção, dando como exemplo as dificuldades resultantes de assentar 1185 toneladas de ferro em duas enormes vigas de cimento branco. Os atrasos na construção são acompanhados por derrapagens nos gastos - estimados em "centenas de milhares de euros" - além da actualização de custos em relação aos preços iniciais. Em todo o caso, para já, o aumento "não deverá ultrapassar os cinco por cento", confiou Monsenhor Luciano Guerra, mantendo, apesar das objecções, a esperança na data prometida para a inauguração.



Meia dúzia de guindastes erguendo-se dos taipais postados ao fundo do santuário, mesmo em frente da basílica, são a nota mais visível das obras. A olho nu de qualquer leigo (mesmo que muito crente) é difícil acreditar como (sem ser pela via do milagre) a catedral poderá estar pronta no prazo prometido.



As cerimónias deste ano decorrem sob o signo do 5.º Mandamento - "Não Matarás!" - na sequência da decisão tomada em 2000 de se dedicar a primeira década do milénio aos Dez Mandamentos, e antecedem a "Semana Nacional da Vida", que a Igreja católica portuguesa inicia no domingo. Em tempo de discussão na sociedade sobre a melhor data para novo referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez, as cerimónias e a semana dão nova oportunidade aos bispos de repetirem as suas posições sobre o tema e ainda "sobre questões de ética e bioética", na expressão de D. Serafim Ferreira da Silva.



A multidão, que foi enchendo o recinto, a pouco e pouco, ao longo da tarde, preparava-se para o momento marcante de todas as peregrinações a Procissão das Velas. Até as condições atmosféricas facilitaram: a chuva torrencial que desabara na véspera sobre Fátima desapareceu para dar lugar ao sol durante todo o dia de ontem e a uma temperatura amena. Os penitentes de joelhos, em esgar esforçado, escassos ainda na véspera, eram ontem às centenas, quase engarrafando o corredor, atrás de um peregrino mais idoso ou mais lento.



Chegaram de todos os pontos do país - mas sobretudo do Norte, a avaliar pela pronúncia dominante - e também do estrangeiro. Os que preferiram fazer o caminho a pé eram mais de trinta mil, número superior ao do ano passado (25 mil). Quase todos usavam coletes reflectores, o fato de treino era a regra. Cachecóis e outros adereços do Benfica (e, em menor grau, do Sporting), muitos grupos com t-shirts de um supermercado ou de uma empresa local. Mesmo assim, houve uma ou outra desgraça. Há dois dias, um jovem morreu atropelado nos arredores de Coimbra.



Apesar de tudo, as condições em que as peregrinações decorrem hoje melhoraram muito em relação a outros tempos. O padre Manuel Antunes, da Pastoral dos Peregrinos, explicou que este ano foi possível colocar 1800 colaboradores ao longo da estrada, incluindo médicos, enfermeiros, pessoal auxiliar, para dar assistência aos que decidiram fazer a caminhada a pé. A organização começou a ser posta de pé no final do ano passado, 52 postos montados, 500 guias credenciados. Há três anos, a Pastoral encomendou a uma empresa um estudo que lhe permitisse enquadrar os peregrinos, em melhores condições. Nessa altura, menos de trinta mil pessoas iam a Fátima a pé. Agora, calcula-se que, durante todo o ano, sejam cerca de 55 mil pessoas a fazer o mesmo.



Em relação aos estrangeiros, calcula-se que só para esta ocasião, se tenham inscrito no Serviço de Peregrinações um total de 83 grupos 17 vieram de Itália, 8 de França, 5 de Espanha, 9 do Reino Unido. A maior novidade chega da Alemanha, com 12 grupos. Na sua maioria, estes vieram dar graças pelo novo Papa, o alemão Ratzinger.

Fonte DN

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