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«...E mentindo, disseram toda a espécie de mal»
2005-05-03 22:10:15 (Intenção Geral do Santo Padre para o Apostolado da Oração – MAIO)
Que os perseguidos por causa da fé e da justiça experimentem a consolação e a força do Espírito Santo
1. Invernos de perseguição e primaveras de fé. Poderia julgar-se que, derrotados os grandes totalitarismos do século XX (nazismo e comunismo), seria tempo de descanso para os «confessores da fé».
As aparências, porém, são enganosas. Pensemos na China. País gigantesco, os cristãos aparecem aí como minoria inerme e, contudo, sempre na mira das autoridades comunistas, que não toleram cultos religiosos alheios ao controlo do Estado. Neste particular, a Igreja Católica fiel a Roma é das mais perseguidas. Ainda nos últimos meses, foi lançada uma campanha internacional exigindo notícias e a libertação de 19 bispos e 18 sacerdotes. Do lado chinês, a resposta tem sido o silêncio. E do lado dos indomáveis defensores dos direitos humanos, tão barulhentos sempre que em causa está o Iraque ou qualquer acção dos Estados Unidos, o silêncio é ensurdecedor – ao ponto de os países da União Europeia (Portugal incluído) se prepararem para terminar o embargo de venda de armas à China. A Igreja, no entanto, continua viva nesse imenso país, continua a ter bispos, sacerdotes, seminaristas e fiéis... afinal, o Espírito sopra onde quer.
2. «... e mentindo, disserem toda a espécie de mal». Em geral, porém, a perseguição neste início de século XXI é menos violenta, embora mais insidiosa e difícil de enfrentar, porque baseada na calúnia, nas meias palavras, utilizando a enorme variedade de meios ao dispor das sociedades modernas para, «mentindo, dizerem toda a espécie de mal» contra a Igreja e os seus filhos. Veja-se como são caluniados aqueles grupos de cristãos mais comprometidos. É o caso dos Movimentos eclesiais Comunhão e Libertação, Caminho Neocatecumenal, Legionários de Cristo, Opus Dei – chamam-lhes seitas, acusam-nos de objectivos incon-fessáveis, envolvem-nos em secretismo, mesmo quando têm as portas das suas casas abertas. O caso do Opus Dei acaba por ser paradigmático. Um romance de cordel (que por isso mesmo vende milhões de exemplares e está na origem de um filme), usa a mentira mais deslavada para descrever as suas actividades e transforma os seus membros num bando de malfeitores. Se fosse sobre o Islão, acontecia como em França, onde um professor de História foi parar a tribunal, acusado de racismo e insultos a Maomé, porque se atreveu a lembrar o passado guerreiro e exterminador do fundador do Islão (historicamente inegável). No caso presente, como é sobre católicos, vivos e defuntos, vale tudo, numa amálgama de mentiras sem nexo, sob a capa da liberdade de criação artística – embora dizendo-se convenientemente que tudo foi «investigado cuidadosamente». Como alguém dizia, nos ambientes muito «correctos» da (in)cultura ocidental, apenas um preconceito é permitido – o preconceito contra a Igreja Católica – e apenas um grupo pode ser sistematicamente caluniado, sob aplauso generalizado – os católicos.
3. «As portas do inferno...». As perseguições por causa da fé e da justiça andam juntas, e raramente se afastaram das portas da Igreja. É certo, infelizmente, que também a Igreja, em alguns momentos da sua longa história, se tornou protagonista, mesmo violenta, da perseguição em nome da fé e da justiça. E embora tendo-se já penitenciado publicamente de tais procedimentos, absolutamente contrários ao Evangelho do Senhor Jesus, não deixará de sofrer na carne dos seus filhos, até ao fim dos tempos, as consequências de tão grave infidelidade. Apesar disso, e fiel ao Espírito Santo, que lhe dá sabedoria para responder aos adversários, é de esperar que a Igreja, perante as novas formas de perseguição, saiba enfrentar os perseguidores com a força da verdade, combatendo, sem desfalecimentos, «revestida da armadura de Deus» (cfr. Ef 6, 11s), para enfrentar o «inimigo» que não cessa de arremeter contra ela.
Elias Couto
Fonte Ecclesia
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