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Dois papas, um mesmo pensamento
2005-04-21 20:54:34

A escolha de Ratzinger significa a continuidade de João Paulo II?

Creio que sim. Tinham uma amizade profunda já antes de Wojtyla se tornar papa, bem visível no abraço entre os dois no dia da primeira missa de João Paulo II.


Há claramente uma continuidade, pelo menos nas linhas teológicas, porque foi Ratzinger o grande teólogo ao serviço de João Paulo II. Obviamente o novo Papa não deixará de imprimir a sua personalidade. São pessoas diferentes, mas em continuidade.

Uma escolha tão rápida foi triunfo do aparelho do Vaticano?

Não só. Foi o único cardeal que conseguiu reunir as condições para obter os votos necessários.

A percepção que temos dele é de um maior conservadorismo. Concorda?

Não. Ratzinger foi um dos principais teólogos do Concílio do Vati- cano II. A visão que os media transmitem dele é devido a uma imagem de maior rigor e severidade. Mas lendo os seus livros e conhecendo a sua maneira de pensar, não me parece. Vejo-os numa mesma linha de pensamento da escola Baltaza- riana.

A escolha foi uma surpresa?

Foi e não foi. Foi sempre o favorito. O ditado romano que diz que "quem entra no conclave como papa, sai cardeal" neste caso não se verificou. O que significa que o conclave está para além dos media e das imagens exteriormente passadas, e que a ditadura dos media nem sempre funciona.

Porquê a escolha do nome Bento? Porque no dia em que o papa morreu Ratzinger recebeu na Abadia de Subiaco o Prémio S. Bento para a promoção da vida e da família na Europa?

Não acredito. A primeira ideia que me ocorreu foi a de que o nome em italiano - Benedetto - significa abençoado. Não creio que a razão se deva procurar na história dos papas. Prefiro esta ideia de que Deus abençoa o mundo através da Igreja. Pode não se estar de acordo com todas as posições de Ratzinger, mas ele é hoje o grande teólogo do pensamento católico. Como homem extremamente inteligente que é, terá a faculdade de nos surpreender em termos de proximidade.

Como?

Tenho grande expectativa sobre o próximo encontro mundial da juventude, este Verão, na Alemanha. Acho que ele vai revelar muitas coisas da sua personalidade.

Já são dois pontificados em que não se elege um papa italiano. Significa algo para a igreja italiana?

Estas últimas eleições demonstram que os critérios geográficos - e falava-se muito de um papa da Ásia, África, América Latina - são muito menos importantes do que a personalidade.

Concorda então com o cardeal Arnes, de São Paulo, que diz que um papa da América Latina estaria impreparado para afrontar os problemas da Europa, Ásia e EUA?

Os problemas com que a Igreja hoje se confronta estão na Europa e nos EUA. Diminuem as vocações. A grande esperança está na Ásia. Na Coreia, ordenam-se 30 sacerdotes por ano. A Ásia é sem dúvida um desafio. A China e a Índia vão certamente marcar o século XXI.

Ficou desiludido que D. José Policarpo não tivesse sido eleito?

Teria sido uma grande honra para nós, portugueses, mas foi a vontade de Deus. O importante é que a Igreja esteja com Bento XVI como esteve com João Paulo II.


NUNO BRÁS
Reitor do colégio de roma

Fonte DN

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