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Ratzinger surpreende no primeiro discurso
2005-04-21 20:47:52

Joseph Ratzinger surpreendeu os católicos logo no primeiro discurso que dirigiu ao mundo, ao colocar o diálogo com as diferentes igrejas cristãs como a prioridade do seu pontificado, para uma unidade de todos os seguidores de Cristo. No final da missa concelebrada ontem com os cardeais que o elegeram, o autor da declaração Dominus Iesus, - onde afirmava que as igrejas protestantes "não são verdadeiras" - disse que vai empenhar-se "com toda a sua energia" no ecumenismo. Precisamente a área pela qual foi olhado com maior desconfiança enquanto prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Bento XVI parece querer surpreender.

O discurso do novo Papa após a celebração da eucaristia na Basílica de S. Pedro, lido em latim, centrou-se, sobretudo, no anúncio do ecumenismo como a sua grande prioridade. "O diálogo teológico é necessário", mas também "a purificação da memória", disse. Note-se que esta segunda expressão foi muitas vezes usada por João Paulo II com vista ao diálogo com as diferentes confissões religiosas, especialmente com os judeus. Bento XVI quer agora a "purificação da memória" virada para os cristãos - das igrejas ortodoxas, separadas desde há mil anos, e das igrejas protestantes, nascidas no século XVI, tendo como epicentro a Alemanha, sua terra natal, impulsionadas pelo também germânico Martinho Lutero.

"É puramente indispensável aprofundar as motivações históricas que justificaram as escolhas do passado", disse, garantindo "O actual sucessor de Pedro está disposto a tudo quanto puder para promover a fundamental causa do ecumenismo". Aguardam-se nos próximos tempo reacções dos teólogos sobre este surpreendente anúncio. Até agora, Joseph Ratzinger era visto como uma das figuras mais cépticas do Vaticano no que respeita ao diálogo ecuménico impulsionado por João Paulo II.

O objectivo, frisa Bento XVI, é alcançar-se "a plena e visível unidade de todos os seguidores de Cristo". Para isso, adianta, "não bastam manifestações de bons sentimentos". São necessários também "gestos concretos que entrem na alma e formem a consciência, provocando em cada um aquela conversão interior que pressupõe a via do ecumenismo". João Paulo II, recorde-se, considerou "vergonhosa", a divisão dos cristãos. Bento XVI anunciou, no essencial, as mesmas linhas programáticas do seu antecessor, evocando-o várias vezes no seu discurso e usando até as mesmas expressões. "Penso sobretudo nos jovens", disse, revelando que vai deslocar-se a Colónia, Alemanha, em Agosto, para presidir às Jornadas Mundiais da Juventude. Lembrou ainda que a Igreja está a assinalar o Ano da Eucaristia, e ordenou que a Festa do Corpo de Deus, em Maio, seja celebrada com especial solenidade. Tema que estará também no centro do sínodo dos bispos que se realiza em Outubro, explicou.

Aos bispos, enviou um especial "recado", lembrando-lhes que, enquanto sucessores apóstolos, devem estar todos unidos, dando a entender que não vai estar preocupado com querelas internas. "Pretendo continuar apenas preocupado em proclamar o Evangelho por todo o mundo", deixando no ar a ideia de que irá ser viajante, tal como João Paulo II.

O novo Papa enviou uma saudação aos chefes de Estado e a todos os representantes de outras confissões religiosas, não esquecendo "os que buscam o sentido da existência e ainda não o encontraram". Quanto à eventualidade de surpreender com o anúncio de um novo concílio, deixou claro que o Concílio Vaticano II está actual, lembrando as palavras de João Paulo II quando este o indicou como "bússola orientadora no vasto oceano do terceiro milénio".

Fonte DN

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