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Celibato dos padres deve ser uma opção
2001-05-01 10:32:27

Uma crise de identidade, de vocação ou mesmo da sua própria sexualidade, levou muitos sacerdotes a solicitarem a dispensa do exercício e a casarem.

Apesar do risco da marginalização, sentido na pele por alguns, todos se dizem felizes pelo passo dado, mas outros há que, após a viuvez, pedem de novo a reintegração no ministério do sacerdócio.
Em Portugal existem cerca de 400 padres casados. Manuel Batista, de 35 anos, é um deles. Durante sete anos foi sacerdote na diocese de Viana do Castelo. Há três pediu a dispensa e está casado com a Luisa há dois anos, e tem já a pequena Joana de dois meses e meio. A sua decisão colheu de surpresa muita gente, mas Manuel garante que as pessoas com quem trabalhava «aceitaram muito bem» e até ficou «com uma boa relação». Da parte dos outros sacerdotes «também ouve reacções positivas e compreensão», por isso não sentiu na pele «a marginalização». A sua mudança deveu-se apenas ao facto de Luisa trabalhar no Porto. Hoje, Manuel reside em Matosinhos e participa nas actividades da paróquia da Serra do Pilar.
Na sua opinião o celibato dos padres «fará sempre sentido», mas «não como uma regra. terá de ser sempre opcional». «Ficamos à margem sem podermos exercer o sacerdócio quando estamos disponíveis para o fazer», diz Manuel Batista, garantindo que «ser casado e ser padre é perfeitamente compatível», e «até nos dá uma maior sensibilidade para lidarmos com determinados assuntos».
João Simão foi padre durante 20 anos na diocese de Coimbra. Está casado há 29 e não tem filhos. Professor de Química na Universidade de Aveiro, depois de ter passado pela de Coimbra e Braga, este padre casado diz que «o preconceito ainda existe em alguns locais», pelo que «são os próprios bispos a defenderem que um padre quando quer casar deve mudar de local». Segundo João Simão, «a Igreja colocou-nos à margem» porque a lei que está em vigor diz que os padres têm que ser celibatários. Mas «nós estamos disponíveis», defendendo ser necessário «criar mentalidades e aceitação» por parte das pessoas para uma mudança que «só é possível quando o Papa autorizar».
Da parte dos bispos portugueses colheram «simpatia». A Conferência Episcopal aprovou, em 2000, o Movimento Fraternitas (destinado a casais) que conta já sete anos. Em Fátima, durante quatro dias, os padres casados e suas mulheres vão trocar experiências, reflectir e «recarregar baterias».

Fonte JN

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