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A minha preocupação é que a Igreja seja um serviço para o mundo
2005-02-13 18:19:45

Esta é a primeira parte da entrevista efectuada pelo Jornal diocesano "Correio do Vouga" ao Bispo de Aveiro, D. António Marcelino. De destacar que D. António faz este ano de 2005, 75 anos e está a comemorar o seu jubileu de sacerdote (50 anos).

C.V - Correio do Vouga B - Bispo de Aveiro
Entrevista:

C.V - Escreveu, há três semanas, a propósito do actual momento político “Também eu não vejo claro, mas irei votar”. Já sabe em quem vai votar?
B - Claro que sei em quem vou votar! Mas não tenho que dizer…
C.V - Mas, quando escreveu no Correio do Vouga, parecia estar muito indeciso.
B - É evidente que há que fazer uma opção, como eu digo no próprio jornal. Vivemos numa perplexidade, escolhe-se um mal menor, dentro de um conjunto de critérios. E esses critérios tenho-os organizados para me permitir uma opção.
C.V - Qual deve ser o primeiro critério?
B - O primeiro critério, para mim, é indiscutivelmente ver o que é melhor para servir o País e o bem comum, neste momento, com os políticos que temos.
C.V - O respeito pela dignidade da pessoa humana é um dos vectores que definem o bem comum…
B - Certamente. Para mim, o problema não é de simpatia ou antipatia em relação a qualquer partido. Os partidos políticos não são nunca forças definitivas, são forças intermédias, ocasionais. Há aqueles que já sabemos o que pensam sempre; há outros que dá a impressão que só pensam perante circunstâncias e estímulos como uma campanha eleitoral. É necessário ir muito mais atrás e ver a história dos próprios partidos, o que está no seu conteúdo ideológico, de modo a ver que esperança dão. Alguns dão pouca esperança no contexto em que vivemos no mundo actual – não quer dizer que não respondam pontualmente a determinado tipo de situações. Sinto que ver apenas os problemas do ponto de vista económico é um reducionismo em que andamos há muito tempo.
C.V - Mas há dificuldades económicas e financeiras…
B - É fundamental considerar os aspectos económicos, mas ver tudo aí parece-me que não. Nas conversas dos partidos, há uma recusa dos problemas antropológicos. Para eles “é outro assunto”. Mas não pode ser “outro assunto”.
Como é que se pode defender os mais pobres, os mais velhos, etc., e, por outro lado, se minimiza o sentido da sua própria vida? Vemos por essa Europa que há partidos que defendem fortemente os idosos, mas não se importam depois de chegar a uma eutanásia. Lutam pelas pensões e por condições de vida melhores, mas depois descartam os idosos. O que está em causa é uma visão da pessoa. Quando só já dão prejuízo, então arranjam-se formas de uma “morte com qualidade”, e segundo a “vontade da pessoa” – o que me parece uma falácia do ponto de vista de concepção antropológica.
C.V - A questão da eutanásia está a chegar a Portugal? ~ B - Acho que sim. É inevitável. Talvez agora, a memória dos problemas do nazismo faça travar algumas pessoas. Mas quando começa a apreciar-se toda uma situação dos idosos, o encargo social cada vez maior, encontra-se facilmente uma justificação com base no sofrimento, ou diz-se “não têm ninguém”… Não têm é coragem de dizer: “São uma sobrecarga para o país”.
Tem de haver uma forte oposição e uma defesa dos valores fundamentais. A vida é um valor ou não? A vida de quem quer que seja!
C.V - A sua mensagem quaresmal tem em vista estas preocupações…
B - Eu decalco-me um pouco no Papa, mas é para chamar a atenção das nossas comunidades. Prestemos atenção aos idosos! Eles merecem tudo, e merecem tudo até ao fim…
C.V - A nossa sociedade civil está a reagir suficientemente a estes problemas latentes? Há grupos ou pessoas que se movimentam…
B - Há movimentos na linha da defesa da vida. Vamo-los encontrando. São poucos, e o conjunto global reage muito mais por emoções do que propriamente por convicções ou por raciocínios. Há uma responsabilidade para quem tem peso no encaminhamento das opções das pessoas: dar consistência e motivações para que isto não seja desvirtuado e saibam concretamente o que querem e movimentem a opinião pública. Os problemas da vida são altamente preocupantes e os partidos políticos não estão a ter coragem para os enfrentar. Calam-nos.
C.V - Tem empenhado muitas energias na questão da educação. Ainda recentemente falou em “crise da educação” e em “concertação para impor valores descartáveis”. Que crise é esta? Crise de valores? De resultados?
B - Há muita gente que não está em sintonia com o discurso dos valores. Mas os valores são aquilo que estrutura a vida das pessoas e da sociedade. Há valores que são intocáveis, independentemente da sua interpretação. Se são culturais ou não, se vêm da lei natural, isso é secundário. Muitos são intrínsecos à nossa própria natureza. Temos de saber o que ajuda a nossa cultura e sociedade a viver, comunicar, ser feliz.
Muitos dos opinadores e dos considerados pensadores não têm qualquer espécie de compromisso na sociedade sobre a qual estão a discutir. São diletantes de escritório ou de gabinete. E isso é preciso dizê-lo. Nós estamos fartos de diletantes neste país.
Outros dizem que não há valores; mas depois na sua própria vida até os têm. É chique hoje dizer-se que não há valores.
C.V - Isto passa pela educação…
B - A educação é o campo propício para a comunicação, desenvolvimento e proposta de novos valores. Se os educadores não têm essa preocupação e essa limpidez interior, o que é que acaba por ser a educação? Mais uma transmissão de noções disto e daquilo. Mas só com noções não se renova a sociedade.
C.V - Mais do que crise de valores, estamos perante uma crise de transmissão de valores, na medida em que há uma rejeição habitual ao que é institucional? As instituições Igreja, Escola, Família são transmissoras de valores.
B - As duas coisas. Há mesmo uma rejeição de valores. Apercebi-me disso há uma série de anos, num debate público aqui em Aveiro. Fiquei sobressaltado, quando verifiquei que havia gente com altas responsabilidades que negava mesmo que houvesse valores objectivos. Como é possível isto? E vamos verificando que há um combate organizado para a destruição de determinados valores ou para criar uma mentalidade em que os valores não se considerem consistentes. Isso é claríssimo.
C.V - Quem é que faz parte desse grupo?
B - Isso faz parte de um contexto social de modernidade desvirtuada. Sempre que se afirma um subjec-tivismo até às últimas consequências – uma pessoa faz o que quer, como bem quiser, sem respeitar os outros –, os valores perdem consistência. Ou são interesses ou são incómodos.
C.V - Trata-se de uma oposição à Igreja?
B - Entra depois uma segunda parte nesta questão. Quem é que teima em dizer que há valores consistentes, valores da pessoa humana? É a Igreja, a Família, a Escola. Há instituições que ninguém as cala. A Igreja como tal não se cala, por mais que se lhe diga. Os pais continuam a educar os seus filhos e preocupados quando a Escola não funciona. Mas a família tem concorrentes. E ou arranja parcerias ou não vai longe. Em qualquer caso, sempre que não interfiram nela, ela vai transmitindo. E na Escola há sempre educadores preocupados, porque vêem os resultados negativos.
C.V - Que resultados?
B - É a desorientação na vida das pessoas, o aumento da criminalidade juvenil, as vidas cada vez mais vazias e sem sentido, a perda de consistência das famílias, jovens que entram em situações de compromis-so sem qualquer espécie de compromisso… Há aqui qualquer coisa…
C.V - O próprio insucesso escolar…
B - Também tem que ver. O trabalho é um valor. O sentir que vou conquistar um lugar pelos meus próprios méritos, ou por uma cunha… estão em questão valores. Quem está atento e faz um diagnóstico verifica que não se trata de efeito sem causa. Destruiu-se tanta coisa. “E agora?” E aqui há um certo farisaísmo dos poderes públicos. Defende-se a família, mas destrói-se a família, porque não se apoia. Ainda há dias a Ministra [da Educação] disse que o próprio Estado não acredita na família. Os requerimentos dos pais são arquivados sem resposta. O Estado e os serviços públicos não acreditam na família. Não dão importância à família. Não dão provimento às suas observações e gritos.
C.V - É tido como um dos bispos mais inovadores dentro do episcopado. Concorda com esse título?
B - Não há uma bitola para dizer que se é mais inovador ou menos. Temos que nos pôr sempre ao nível das dioceses, das capacidades e serviços. Posso dar mais nas vistas em relação a algum tipo de coisas e a alguns riscos que sempre corri. Porque é que fui o primeiro bispo a fazer um sínodo diocesano? Andava tudo com muito medo. Eu falava da ideia e diziam-me: “Faz tu primeiro”.
Vivi sempre esta preocupação: que a Igreja fosse um serviço para o mundo e que aprendesse de facto a dialogar com o mundo. Não consegui muito, nestes anos todos.
C.V - Em Portugal há áreas em que a Igreja podia ser mais actuante?
B - A Igreja em Portugal ainda é uma soma de dioceses (e não pode deixar de ser por autonomia própria das dioceses). Não tem um plano em grandes linhas para poder enfrentar os problemas. E não tem porquê? Não vê os problemas? Claro que os vê. Simplesmente, a percepção é totalmente diferente numa diocese do norte ou no sul, no interior ou litoral. Com percepções tão diversas, é muito complicado ter planos que enfrentem as situações. Por exemplo, há um défice de formação cívica dos cidadãos. Acho que já tivemos tempo de mais para isso. O Concílio já tem 40 anos, a Revolução tem 30, temos muitas prioridades nesse campo, mas ainda não se conseguiu. Esse é um aspecto muito concreto. Outros países foram inovadores nesse sentido. A Itália, por exemplo, formou uma grande escola de políticos: Fanfani, Colombo, Andreotti. Faziam parte de uma escola, onde o ser político até com pensamento cristão correspondia a um empenhamento total. Só tivemos isso na Acção Católica, que depois, pela pouca compreensão da própria Igreja, passou tempos difíceis.
Quem levantou problemas a nível da colonização? Foram católicos, que depois levaram nas mãos. Eu próprio tive essa experiência. Levantei esse problema numa sessão pública de Portalegre, por duas vezes.
C.V - Contra a colonização?
B - Sim, claramente, a dizer que “isto não tem futuro nenhum, isto tem que ser revisto”, e o Secretário de Estado que estava a presidir à sessão mandou-se calar, dizendo que eu era contra o Ultramar.
Sempre tivemos gente interventiva. Quem aparece na ribalta é o D. António Ferreira Gomes, que tinha um bom púlpito que era a diocese do Porto. Já vinha de Portalegre nessa mesma linha, mas foi no Porto que ganhou a fama toda. Temos o Abel Varzim, que era da antiga Câmara Cooperativa, o Pe. Alves Correia, o D. Sebastião Tavares de Resende…
C.V - Mas houve um certo eclipse no apoio a estas pessoas.
B - Surgiram outros movimentos, com outros ideiais, e uma parte de gente perdeu-se. É interessante ler o escrito de João Bénard da Costa sobre a geração que o Reis Rodrigues formou. Foi uma geração ímpar. A SEDES nasceu dentro desta gente. Mas depois as pessoas foram-se tresmalhando. Alguns ficaram. Ficou Sousa Franco, Sidónio Pais, presidente da Acção Católica nacional... À parte da grande escola que foi a Acção Católica, nunca houve formação de líderes.
A inversão que Salazar faz no seu próprio pensamento – defendia uma Igreja interventiva quando ele estava no CADC, o centro católico em Coimbra, mas depois muda e diz à Igreja para se meter no seu lugar, porque não tem nada que falar – é muito significativa.
C.V - E os bispos acomodam-se…
B - É preciso ver que os bispos vinham da perseguição, da miséria, da perda de seminários. Aparece alguém com condições de paz e, por conseguinte, compreende-se um pouco este tipo de acomodação. Mas depois nós entrámos em caminhos novos. Havia uma corrente forte que devia ser apoiada, sobretudo depois do Concílio e depois da Revolução. Penso que a Igreja tem aí uma omissão. Não se empenhou fortemente. A Universidade Católica, uma escola que forma gente, não sei se consegue dar esta dimensão humanizadora em todos os aspectos. E dentro dos bispos não temos todos a mesma sensibilidade.
C.V - Mas a conferência episcopal tem uma série de cartas de grande valor numa perspectiva de igreja para servir este País concreto que somos. Não poderia projectá-los de outra forma?
B - Esse problema representa mais uma omissão. A partir do 25 de Abril, nós temos documentos de muitíssimo valor. Estão compilados. Não é nenhuma invenção. Simplesmente, nunca chegam à base. Ou só uma coisa ou outra. Mas criar uma mentalidade nova, que era aquilo que se pretendia, isso continua por fazer. Os documentos actuais, belíssimos, por vezes só são lidos na Acção Católica. A maior parte dos documentos não chega à maioria das pessoas. Isso angustiou gente da Conferência Episcopal desde sempre. Os documentos da Igreja são mais lidos fora da Igreja do que na Igreja. Tenho disto muitas vezes que a primeira pessoa que vi fazer um comentário sobre a “Laborem Exercens” (encíclica de João Paulo II sobre o trabalho) foi Álvaro Cunhal, passados poucos dias dela ser publicada.
C.V - Que comentário é que fez?
B - Óptimo. Ficou admiradíssimo com o pensamento e a abertura. E continuamos a ver isso. A primeira vez que eu ouvi falar de Teilhard de Chardin (padre jesuíta, teólogo e cientista) foi um comunista, médico em Portalegre. Perguntou-me: “O que é que você pensa de Teilhard de Chardin?” E eu fiquei um pouco atrapalhado. Nessa altura ainda não tinha lido nada. Claro que tive de estudar o Teilhard de Chardin.
Vemos isto com frequência: há gente de fora mais sensível aos grandes problemas do que às vezes os de dentro. Muitos padres podiam agarrar esses problemas, mas estão tão envolvidos naquilo que é o seu dia-a-dia que promovem pouco o laicado. Têm sobrecarga de trabalhos de que podiam perfeitamente dispensar-se. Hoje lê-se pouquíssimo, estuda-se pouquíssimo, reflecte-se pouquíssimo, participa-se pouco em acções de formação. Qual o pensamento novo sem estudo, sem reflexão, sem confronto? Não há. Há aqui uma falha. Continuamos com elites de clero. E há homens e mulheres mais actualizados do que muitos dos nossos padres.


“Muitos problemas na Igreja morrem onde se discutem”

C.V - No último Sínodo dos Bispos o D. António apareceu ao lado do Cardeal Martini (então, Cardeal de Milão) que pedia mudanças profundas para a Igreja. A comunicação social assim interpretou. Falou-se mesmo num novo concílio.
B - Eu tenho muita admiração pelo Cardeal Martini. Participei em muitas reuniões com ele, mas sou um pigmeu ao pé dele. Mas qualquer dia somos iguais, somos dois eméritos (risos). Caminhamos para a igualdade. De facto, essa intervenção do Cardeal Martini é muito mais profunda do que se pode imaginar. Ele não falou de um novo concílio. Ele é uma pessoa altamente cuidadosa. Ele disse que é preciso encontrar uma nova forma de resolver problemas universais, com capacidade de decisão.
C.V - Que problemas são esses e que forma?
B - Um deles era o da mulher. A minha intervenção foi nesse sentido. Eu dizia que era preciso encará-lo, mas sem estar a discutir o problema do sacerdócio. O mal disto tudo é sempre querer-se começar pelo topo. Esquece-se que isto é uma caminhada de progressividade. Eu falei no dia a seguir ao Cardeal Martini, mas ninguém teve influência sobre o outro porque entregámos as nossas intervenções uns dias antes. O jornal “Republica” (diário italiano) pôs-nos ao lado um do outro e apareceram vários jornalistas a pedir declarações.
Discutem-se muitos problemas na Igreja, mas depois morrem onde se discutem. A nível das grandes questões eclesiais – e que é preciso tratar com cuidado por se verificar que a Igreja tem realidades muito diferentes em qualquer parte do mundo; não é assim de um momento para o outro que se pode entrar em aventuras – verificamos sempre essa história. Não havendo capacidade de decisão, porque os sínodos não são concílios, temos pensamento maravilhoso que pára ali.
C.V - Não seria preferível o inverso? Voltar a uma tradição de Concílios nacionais ou provinciais que fizessem a recepção ao Concílio Vaticano II e equacionassem estes problemas de forma muito mais local, mais realista?
B - É verdade, mas o que sai de qualquer sínodo regional ou concílio tem de ter autorização da Santa Sé.
C.V - Mas há ainda as Conferências Episcopais, tudo instâncias intermédias.
B - Não são. Aí é que está o problema. E a moção do Cardeal Martini toca precisamente aí: a necessidade de uma estrutura – e subentende-se de tipo conciliar, que é onde os bispos estão por direito próprio. O que sai não é o que o Papa diz, mas o que o concílio determinou. Se não houver isto, é muito difícil que em questões fundamentais da vida da Igreja se possa avançar. São torpedeados. Ficam calados. Têm muitos medos. Acham que ainda não é altura. Isso foi inovador. Já lá vão seis anos.
C.V - Tem acompanhado a saúde do Papa?
B - Já hoje [2 de Fevereiro] disse a um jornalista, creio que do Correio da Manhã, que ouvi às sete da manhã que o Papa tinha sido internado por insuficiências respiratórias, mas logo a seguir do Vaticano se diz que “nada de anormal, tudo normal”. Se fosse normal, estava em casa. Francamente. Isto é a tal linguagem… Se é tudo normal, porque é que levam para uma clínica uma pessoa daquela idade? É sinal de que o estado dele é. Pode ser uma coisa passageira. Mas age-se como se os papas não morressem ou não tivessem coisas graves. Compreendo que é para não alarmar a humanidade, mas é possível que Papa esteja a entrar numa fase final. Ele sempre nos surpreendeu. De repente, está outra vez com força. Tem uma resistência verdadeiramente impressionante, mas vai-se fragilizando progressivamente. “Mas vai alertar a diocese toda?” – perguntou-me o jornalista. Não, a oração pelo Papa é habitual.
C.V - As mudanças necessárias de que falou são uma tarefa para o próximo Papa.
B - É sempre complicado dizer o que vai fazer o próximo Papa. Não sabemos nem quando nem quem ele é. E depende certamente da acção do Espírito, da própria pessoa, da sua experiência. Reflicto sem grandes pretensões: se for um Papa da América Latina, é capaz de avançar; se for um Papa da Cúria Romana, naturalmente não. São papas estupendos e com capacidade, mas no sentido de esperar coisas novas… É muito possível que escolham um desses. A mentalidade geral da Igreja é que não haja sobressaltos. E para não haver sobressaltos é necessário escolher alguém de lá.
O Papa Paulo VI teve a coragem de provocar sobressaltos, de fazer coisas que eram impensáveis. Começou logo por ele, ao escolher um secretário de estado francês. Eram sempre italianos. E a Cúria veio a ter gente de todas as qualidades e feitios. E houve grandes cardeais no tempo de Paulo VI.
João Paulo II, com toda a sua generosidade e autoridade, privilegiou as viagens. Foi impressionante. Um dia a história o dirá. Este sentido missionário do ir é página muito importante na vida da Igreja. Simplesmente, o dia-a-dia ficou muito nas mãos de quem lá estava. Aí é que as coisas param ou avançam.
C.V - Conhecendo os bispos de todo o mundo, vê alguém com especial qualidade para conduzia a Igreja como Papa?
B - Há muitos graças a Deus. Mas não vou dizer nomes de ninguém.
C.V - Tem ideias claras sobre isso?
B - Tenho algumas ideias, enfim. Eu não vou votar, sequer. Nem fazer propaganda. Há mais gente com esta intuição de que, nesta caminhada normal da vida da Igreja, agora era importante um papa não de África, mas da América Latina.

Entrevista efectuada por Querubim Silva e Jorge Pires Ferreira a 10/02/2005

Fonte Correio do Vouga

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