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Crise de valores preocupa bispos
2001-04-25 13:35:33

Conferência Episcopal vai divulgar nota pastoral que acusa políticos de conceberem leis com base em critérios "imediatistas e primários"


Os bispos estão preocupados com alguns «sintomas de crise social e cultural» que têm surgido na sociedade portuguesa, e acusam os políticos de estarem a conceber leis com base «em critérios imediatistas e primários», sem terem em conta «a fundamentação ética e de valores que é indispensável».
De acordo com o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), cuja assembleia plenária termina amanhã, em Fátima, os sintomas de crise são visíveis, nos últimos tempos, «nas decisões pessoais, na maneira de pensar e de se comportar das pessoas». Sinais que, segundo D. Tomás Nunes «vêm confirmar a necessidade de se repensar Portugal».
Na reflexão feita ao longo da manhã de ontem, os bispos falaram em casos concretos: salas de chuto, uniões de facto e sexualidade são alguns dos exemplos analisados. Casos «sintomáticos», garantem os bispos, «de como se está a tentar pegar em questões pelas consequências e efeitos, sem ir ao fundo, sem atacar as causas que produzem determinados fenómenos na sociedade portuguesa».
«É nesse sentido que nós dizemos que há um imediatismo e pragmatismo que, muitas vezes, toma a primazia em lugar de se actuar na ordem da génese dos problemas», explica o porta-voz da CEP, reafirmando a posição assumida no ínicio dos trabalhos pelo cardeal-patriarca, de que a Igreja «não é uma força política». Não «nos queremos situar como tal, nem entrar em despiques com partidos ou governos. A nossa posição é e sempre foi de diálogo, de serviço. Tudo aquilo que produzimos em termos de reflexão é para ajudar a sociedade a pensar».

Documento denunciador
A nota pastoral, denominada «Crise de Sociedade - Crise de Civilização», que deverá ser tornada pública amanhã, «é uma interpelação à sociedade e o nosso contributo para ajudar a sociedade a progredir numa linha de fidelidade à tradição e, ao mesmo tempo, de abertura aos sinais dos tempos». O porta-voz da CEP explica ainda que este curto documento «é interpelativo e denunciador» e apresenta «critérios e valores fundamentais que ajudem os cristãos e a sociedade a rever-se a tomar decisões frente aos acontecimentos».
Para D. Tomás Nunes, «é muito importante que se repense Portugal numa linha de valorização das nossas tradições e não através de rupturas que possam criar clivagens negativas na sociedade», considerando que a cultura portuguesa «é marcada pelo sentido da universalidade, da convivência plural e por uma tradição humanista de tradição cristã». Notas que a Igreja considera «fundamentais» ter presente, para que «haja na sociedade portuguesa a perspectiva de um projecto cultural» que possa inspirar «a vida das pessoas, instituições e a própria legislação».
O final da Nota Pastoral é marcado pela «esperança», defendendo que «a cultura, em alguns aspectos, tem de ser regenerada e desenvolvida». «Não estamos pessimistas nem a apresentar uma visão catastrófica da realidade», afinal «o mundo sempre precisou de ser aperfeiçoado», explica D. Tomás Nunes salientando «haver muitos aspectos positivos na sociedade portuguesa, onde há ainda muitas pessoas inquietas».

Fonte JN

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