paroquias.org
 

Notícias






Lisboa Mobiliza-se para Acolher 40 Mil Jovens no Final de Dezembro
2004-11-29 10:33:25

Alemães, polacos, lituanos, romenos, austríacos, búlgaros, ucranianos, franceses, espanhóis, entre outros, num total de cerca de 40 mil jovens, estarão em Lisboa entre os dias 28 de Dezembro e 1 de Janeiro para participarem no 27º Encontro Europeu animado pela comunidade monástica ecuménica de Taizé (França), que pela primeira vez se realiza em Portugal.

A maioria destes jovens vem de autocarro e alguns deles, ucranianos e lituanos, por exemplo, terão de enfrentar uma viagem de quatro dias até chegarem a Lisboa. Trazem consigo experiências de vida para partilhar e esperam que a receptividade dos portugueses seja capaz de lhes abrir as portas de suas casas.

Desde que se iniciaram os preparativos do encontro, em Setembro, vários irmãos de Taizé e voluntários têm tentado mobilizar o maior número possível de pessoas das várias paróquias das dioceses de Lisboa, Santarém e Setúbal, para que recebam estes jovens, de forma a evitar que sejam distribuídos por ginásios ou outros espaços mais impessoais. Assim, surgiu a campanha, quase publicitária e certamente apelativa, "2M de chão = a 1 jovem".

"Todas as pessoas que quiserem receber estes jovens só precisam de ceder o chão de sua casa, porque eles já trazem consigo sacos-cama e colchões", explica o irmão João, um dos membros da organização do encontro de Lisboa, que integra há 15 anos a comunidade de Taizé (a 100 quilómetros de Lyon).

Para além do espaço, só é pedido às pessoas que lhes ofereçam o pequeno-almoço diário e o almoço do dia 1 de Janeiro, diz o irmão João, acrescentando que tudo o resto ficará a cargo da organização. "Este encontro é autofinanciado num sistema em que os mais ricos ajudam os mais pobres. A um alemão a inscrição custa 80 euros, a um português pedimos 65 e a um romeno 20 euros, sendo este dinheiro utilizado para pagar todas as despesas de alimentação, transportes e aluguer da FIL", esclarece.

Apesar de ainda não se saber o número total de participantes no encontro e as suas nacionalidades, a verdade é que, nas 200 paróquias das dioceses de Lisboa, Santarém e Setúbal que se mobilizaram para o encontro, há já muitas pessoas que estão dispostas a acolher os jovens que chegarão em Dezembro.

"Uma experiência única"

Inês Sousa e João Silva têm 27 e 29 anos, respectivamente, e começaram a namorar durante a sua primeira viagem a Taizé, em 1995. Hoje estão casados. Entretanto já visitaram mais vezes a comunidade e participaram nos encontros europeus de Viena, Barcelona, Budapeste e Paris, realizados nos últimos anos.

Este ano, em Lisboa, fazem questão de receber em sua casa vários jovens. "Só podemos receber quatro, porque a nossa casa é muito pequena e até temos que fazer algumas alterações na disposição dos móveis, mas gostaríamos de poder receber mais", conta Inês Sousa.

Estão a ajudar a paróquia das Mercês (Sintra) na preparação do encontro e tentam passar a familiares, amigos e paroquianos a mensagem de que "não se irão arrepender de acolher, porque é uma experiência única. O encontro vai ser uma grande festa, que afectará o quotidiano das pessoas", adianta João Silva.

A paróquia das Mercês já conseguiu encontrar lugar para 50 jovens, mas pretendem encontrar mais. Para tal, Inês e João contam com a ajuda dos escuteiros. Juntos estão a organizar várias actividades para os dias do encontro. "Estamos a pensar levá-los a ver uma exposição de missionários em África, porque há muitas pessoas de outros países que não conhecem a realidade da população africana", esclarece Inês.

O desafio de acolher foi igualmente aceite por Leonor Simões, também da paróquia das Mercês. Tem 62 anos, é viúva, vive com a filha de 22 anos e nunca esteve em Taizé. Mas, desde que soube do encontro, propôs-se a acolher oito jovens em sua casa. "Gosto de participar nestas iniciativas. Tenho uma casa grande com camas disponíveis e, se for preciso, ainda recebo mais", afirma.

Leonor tenta divulgar a importância do acolhimento e valoriza todos aqueles que se deslocam dos seus países para participar. "São jovens que buscam outros valores para além daqueles que nos são impingidos todos os dias." A alegria de ter "tanta juventude por perto" leva a que faça por estes jovens o que gostaria que fizessem pelos seus filhos. Se, para muitos, a passagem de ano é um senão do acolhimento, para Leonor de certo não o é: "No dia 1, eu, os meus filhos e netos vamos conviver com estes jovens".

A altura escolhida, Dezembro, foi pensada para que fosse possível a presença de um número maior de pessoas em Lisboa. "Os encontros têm sempre lugar entre o Natal e o Ano Novo, porque é a altura em que há férias em todos os países ao mesmo tempo", sublinha o irmão João.

Este motivo, aliado à boa vontade de prescindir de uma passagem de ano habitual e também a uma "casa vazia", contribuiu para que Manuela Soares, de 31 anos, professora do primeiro ciclo do ensino básico, se dispusesse a acolher duas raparigas em sua casa. "Como tenho a interrupção lectiva do Natal, para além de acolher, também posso participar no encontro", conta Manuela. "Também o faço porque gostaria de ser acolhida por uma família se, no futuro, viesse a participar num destes encontros", acrescenta.

Apesar de nunca ter visitado Taizé, Manuela pertence ao grupo de preparação da paróquia da Cova da Piedade, em Almada, que já conseguiu arranjar cerca de 80 lugares. Confessa que este encontro lhe desperta sobretudo curiosidade por descobrir o espírito que move tantos jovens e do qual já tem ouvido muitos dos seus amigos falar.

Fonte Público

voltar

Enviar a um amigo

Imprimir notícia