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Onde moram os Santos?
2004-11-04 17:04:30

Que os cristãos, conscientes da própria vocação na Igreja, respondam generosamente ao chamamento de Deus e caminhem para a santidade a partir dos ambientes em que vivem.

1. Banalização da santidade? Alguns consideram que só não é banal aquilo que é raro. Por isso, julgam pouco avisada a grande quantidade de beatificações e canonizações do pontificado de João Paulo II. Melhor seria, consideram, apresentar ao Povo de Deus alguns poucos beatos e santos, capazes de constituírem modelos de vida para os cristãos do mundo inteiro. Esta multidão de leigos e leigas, religiosos e religiosas, sacerdotes, bispos e papas beatificados e canonizados, acaba por não constituir exemplo para ninguém, porque ninguém os conhece nem encontra neles o «extraordinário» próprio da santidade, tal como se vivia nos tempos antigos.

2. A santidade nunca é banal. Mesmo quando os santos aparecem em multidão que ninguém pode contar (cfr. Ap 7, 9), a santidade continua a ser um caso extraordinário de fidelidade à graça de Deus. Se todos os cristãos fossem santos, continuaria a tratar-se de fidelidade extraordinária à graça de Deus. Nada menos do que isso, pois sendo a graça de Deus concedida a todos («Deus quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade» – 1 Tm 2, 4), acolhê-la e deixá-la frutificar em obras de santidade é sempre um acontecimento excepcional na vida de cada um. Não por acaso, todos precisamos da salvação que, em Cristo, Deus oferece à humanidade – porque todos somos pecadores. E, nesta condição pecadora, acolher e deixar agir a graça de Deus é um «milagre» da mesma graça. É, pois, muito louvável o empenho do Papa João Paulo II em beatificar e canonizar tanta gente, mostrando, assim, que a graça de Deus não é em vão.

3. Vocação à santidade? «Deus quer que todos se salvem...». Quer, mas não pode? Não é Ele omnipotente? Deus «quer», no sentido de «tem um projecto de salvação» para todos; mas está a lidar com criaturas livres, capazes de escolherem o próprio projecto. E este projecto pode passar – passará? – pela recusa em acolher a salvação de Deus, ou seja, pela recusa em viver a caminho da santidade. Esta é, portanto, não algo que se tem, se ganha ou se perde, mas uma vocação, no sentido original da palavra: chamamento. Todos estão chamados à santidade (salvação). É legítimo pensar que todos, em algum momento, por formas só de Deus conhecidas, escutam este chamamento e procuram segui-lo. Não podemos, porém, saber quantos levam este seguimento até ao fim, ou seja, quantos deixam que a graça de Deus os conduza pelos caminhos da salvação até ao encontro definitivo com o Senhor.

4. Onde moram os santos? Para muitos, o lugar da santidade é nos conventos ou em sítios retirados da azáfama quotidiana, afastados do «mundo»; ou, então, é coisa para mártires ou para gente que deixa tudo, indo colocar-se ao serviço dos mais pobres. Logo, não é para os cristãos comuns, impossibilitados ou incapazes de seguir tais exemplos. Por muito sedutora que esta perspectiva possa ser, porque excelente para descul-pabilizar a gente por não levar vidas heróicas, trata-se de uma compreensão errada da santidade. Importa olhar a santidade não à luz destes «modelos impossíveis», mas de Cristo que vem ao encontro de cada um nas próprias circunstâncias. Olhando-O e acolhendo a graça do seu Espírito, os cristãos podem, «a partir dos ambientes em que vivem», caminhar «para a santidade», como recorda a Intenção do Santo Padre para este mês de Novembro. Os santos moram, pois, em qualquer lugar onde um cristão ou uma cristã se deixam encontrar por Cristo. Os santos moram na porta ao lado, ou mesmo dentro da minha casa. Onde alguém se deixa modelar pela graça de Cristo, aí vai acontecendo o extraordinário da santidade – vai acontecendo, porque a santidade é um caminho apenas terminado na morte, como também recorda a Intenção do Santo Padre.

Elias Couto

Fonte Ecclesia

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