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Fé Ucraniana Enche Igreja de S. Jorge de Arroios
2001-04-09 13:37:18 Ontem, na Igreja de S. Jorge de Arroios, em Lisboa, houve muitos ucranianos, como Ludmila e Lucia, que se sentiram "em casa" e "mataram saudades" do seu país de origem, ao assistirem à missa em rito bizantino que ali foi celebrada.
Ao som de antigos cânticos eslavos, o templo encheu-se de gente para um acto litúrgico diferente do habitualmente celebrado nas igrejas católicas de Lisboa. No ar, perfumado, imperava o cheiro a incenso, queimado nos turíbulos pelos padres oriundos da Ucrânia que, como Josafah Koval, acompanham no exterior a comunidade migrante.
Ao todo, presentes na missa de Domingo de Ramos, em que foi longa a fila de crentes desejosos de se confessarem e comungarem, eram quase 500 pessoas oriundas dos países de Leste, na maioria elementos da comunidade ucraniana que actualmente vive em Portugal. O que ali levou tanta gente, "praticantes a valer" da religião católica, como fez questão de destacar o padre Delmar Barreiros - que também participou na missa, em representação do Cardeal Patriarca de Lisboa - foi não só a fé, mas também a grande vontade de aproximação entre as pessoas que se encontram afastadas da sua terra. Mas, talvez ainda mais forte do que do desejo de se encontrarem, com Deus e uns com os outros, terá sido também para muitos ucranianos a enorme necessidade de informação sobre os passos a dar para a legalização da situação em que vivem em Portugal.
Isso ficou bem patente já no final da missa, quando o padre Delmar Barreiros pôs à disposição de quantos quisessem cartazes informativos sobre os locais onde os emigrantes se devem deslocar para tratar dos papéis. De repente, o cenário frio da Igreja de S. Jorge de Arroios, até ali carregado de solenidade, transformou-se, e foi um alvoroço de homens e mulheres a correrem para a bancada junto ao altar, onde estavam os cartazes que todos quiseram recolher.
Antes da missa, foram também muitas as pessoas que quiseram começar a aprender português ali mesmo, no centro de dia da paróquia de Arroios, pelo qual passaram pequenos grupos de crentes que o Patriarcado de Lisboa quer ajudar. Não só celebrando missas, como a de ontem, que se repetirá no Domingo de Páscoa, como promovendo cursos de português em vários colégios (dos Jesuítas, no Lumiar, no dos Maristas, em Benfica e em Carcavelos, no dos Espiritanos, em S. Domingos de Rana). E ainda reerguendo uma igreja em Lisboa, no antigo Hospital de Arroios, que está a ser recuperada para apoiar a comunidade ucraniana.
Fonte Público
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