paroquias.org
 

Notícias






Ásia Lidera Violações à Liberdade Religiosa
2004-10-03 11:51:02

O relatório de 2004 sobre a liberdade religiosa no mundo, apresentado pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, não traz boas notícias: na Ásia, o panorama é de perseguições e torturas a quem acredita. Na metade Norte de África, regimes islâmicos mais ou menos tolerantes para com as minorias também não escapam à lista negra. No topo dos países violadores, estão a Coreia do Norte, a Arábia Saudita e o Laos.

A Ásia é o continente onde a liberdade religiosa é mais violada e onde crentes de todas as religiões são perseguidos, torturados e pressionados por causa da sua fé. No triste pódio da lista estão a Coreia do Norte, a Arábia Saudita e o Laos. A classificação é dada pelo relatório de 2004 (com dados relativos ao ano passado) sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, publicado pela Ajuda à Igreja que Sofre, e cuja tradução portuguesa foi ontem apresentada.

Apesar do "mistério" que envolve o que se passa na Coreia do Norte, as notícias que chegam "falam de perseguições brutais", apenas porque se é crente ou se foi apanhado a ler a Bíblia ou a falar de Deus. Budistas e cristãos são especialmente perseguidos no país e relegados para o último lugar no que se refere a oportunidades de emprego, formação ou ajudas alimentares. O texto diz que, desde a instauração do regime comunista, em 1953, terão já desaparecido 300 mil cristãos. Actualmente, há umas 100 mil pessoas nos campos de trabalho e não escapam à perseguição os refugiados norte-coreanos na China.

Na Arábia Saudita, o relatório nota pequenas mudanças positivas, nomeadamente na possibilidade de reunião dos muçulmanos xiitas na parte oriental do país - o mesmo não acontece em outras zonas. Mas, apesar desses sinais, continuam "as restrições relativas à imprensa, à importação do estrangeiro e à distribuição de material religioso xiita, bem como a proibição de emitir programas religiosos xiitas".

Dois egípcios cristãos que tinham sido presos acabaram libertados por intervenção do príncipe Sultan bin Abdul-Aziz, mas este terá declarado no momento da libertação: "Nós dizemos aos cristãos: dentro de vossa casa, vocês e as vossas famílias adoram quem quiserem. Mas aqui na Arábia Saudita nunca houve nem haverá uma igreja."

O Laos é, por seu lado, "uma das poucas nações onde o Governo declarou expressamente que pretende eliminar os cristãos", considerando o cristianismo "uma religião estrangeira imperialista". Um dos alvos principais é a etnia Hmong, cujos membros, em muitos casos, aderiram ao cristianismo protestante, e que acabam expulsos das suas terras, perseguidos e torturados.

O panorama asiático é desolador em muitos países: cinco estados da Índia adoptaram leis anti-conversão, e sikhs, cristãos e muçulmanos são vistos "como ameaças" pelos extremistas hindus. Um destes, Dilip Singh Judev, afirmou que pretendia "reconverter ao hinduísmo, por todos os meios, 300 mil cristãos". No Afeganistão, apesar da ocupação militar estrangeira, "a situação das mulheres não melhorou". No Bangladesh, há áreas "limpas etnicamente" com a expulsão dos não-muçulmanos.

Nas Filipinas, as áreas controladas pelos movimentos extremistas de guerrilha sujeitam as minorias cristãs a pressões e acabam por dar argumentos às autoridades para atribuir um "papel desproporcionado" ao exército e às polícias, que também participam na violência e na corrupção.

Na Indonésia, são também os conflitos locais - no Aceh ou nas Molucas - que criam problemas entre cristãos e muçulmanos. No Iraque, a ocupação norte-americana exacerbou a violência inter-religiosa e a comunidade mandeísta (que venera São João Baptista) está a ser vítima de perseguição: mais de 80 adeptos já foram mortos.

Na Malásia, o Governo apreende Bíblias. Myanmar reprime os monges budistas que defendem os direitos humanos. No Sri Lanka são monges budistas que incitam a população contra organizações cristãs. No Turquemenistão, o Código Penal pune as actividades de protestantes, católicos, muçulmanos, judeus, bahá ís, testemunhas de Jeová e hare krishna, tolerando apenas actividades a cristãos ortodoxos e muçulmanos sunitas.

No Vietname, a repressão acontece sobretudo nas áreas rurais: "O Governo, empenhado na reconstrução económica do país, não quer chamar a atenção dos seus parceiros comerciais e das autoridades internacionais para a falta de respeito pelos direitos humanos", diz o relatório.

Olhando para o mapa-mundo das violações, há três grandes manchas: na Rússia e em alguns países do Leste Europeu e da Ásia Menor, são as legislações repressivas que atingem sobretudo minorias religiosas. Na China e região envolvente (além do Turquemenistão e de Cuba) são os regimes comunistas - mais ou menos tolerantes - que não deixam os crentes sossegados. No Norte de África e em algumas regiões da Ásia (incluindo Indonésia) são regimes islâmicos que, com maior ou menor gravidade, violam a liberdade dos restantes credos (ou das correntes islâmicas minoritárias). Acresce que, além desta caracterização, há países que são atingidos ainda por conflitos violentos.

A Ajuda à Igreja que Sofre é uma instituição católica vocacionada para o apoio às igrejas do Terceiro Mundo. Desde há cinco anos que publica este relatório anual, que pretende ser aconfessional e independente.

Fonte Público

voltar

Enviar a um amigo

Imprimir notícia