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MENSAGEM AOS AGENTES DA EDUCAÇÃO EM PORTUGAL
2004-10-01 16:50:50

Ao encontrarmo-nos em Fátima, nos dias 28 e 29 de Setembro de 2004, duzentos professores cristãos de vários graus de ensino ligados à LEC/MEC (Liga Escolar Católica/Movimento de Educadores Católicos), vindos das dioceses do Continente, dos Açores e da Madeira, a fim de recordarmos e partilharmos o nosso empenhamento profissional, apostólico e social no mundo em que vivemos, achamos por bem dirigir uma mensagem amiga, solidária e fraterna a todos os agentes da educação em Portugal.

Não ignorando o enorme esforço despendido por muitos dos nossos colegas adstritos aos vários graus de ensino que, na cidade ou no campo, sob o véu do anonimato ou sob a luz da ribalta, dia a dia enfrentam os mais diversos problemas de ordem familiar, económica, social, pedagógica, logística e estrutural, para conferirem eficácia ao seu ensino;
E considerando:
Que estamos numa era de globalização, em que todos os bens da terra, dos quais a educação é um dos mais essenciais, devem estar ao serviço do homem todo e de todo o homem;
Que vivemos “ num tempo… em que não há uma idade” exclusiva para aprender e outra para ensinar, mas em que toda a idade é tempo de aprendizagem e de ensino;
Que “a sociedade da informação e do conhecimento” coloca nesta hora do mundo não poucos e difíceis problemas aos diversos agentes da educação, mercê da “riqueza e do risco” que comporta, sobretudo para as jovens gerações;
Que a competência científica e pedagógica do professor é uma componente básica e necessária ao processo de desenvolvimento e sucesso escolar do aluno;
Que a acção educativa, apesar de encontrar na escola um espaço indispensável à sua efectivação, pressupõe a acção insubstituível da família e da sociedade;
Que assistimos no mundo de hoje à proliferação, ao confronto e ao
inter-relacionamento dos saberes adquiridos dentro e fora da escola;
Que somos hoje em dia membros vivos e activos de uma sociedade “multirracial, multi-étnica e multirreligiosa” em que não raro campeiam a exclusão, a violência e os fundamentalismos;
Que somos herdeiros de uma civilização e de uma cultura cujas raízes assentam num rico património “judaico cristão” que não podemos ignorar;

Fazendo-nos eco de muitas das “alegrias e esperanças, tristezas e angústias”, que partilhamos com os demais “homens do nosso tempo”, na educação e noutros domínios, reafirmamos de forma clara e inequívoca a nossa disposição de continuarmos a empenhar-nos, pelos meios ao nosso alcance, na construção de um novo homem e de uma nova sociedade.
Observadores atentos do processo educativo e social em curso e actores envolvidos no seu desenvolvimento, em vez de um silêncio comprometedor, preferimos erguer a voz “sobre os telhados”, no momento em que consideramos estar em perigo alguns dos valores essenciais por que deve reger-se a educação da pessoa, da família e da sociedade. Esta a razão por que:

Propomos:
Que se criem todas as condições indispensáveis à diminuição e à gradual extinção das causas geradoras do analfabetismo, da iliteracia, bem como do “abandono e insucesso escolar”;
Que se facultem a todas as pessoas, independentemente da idade e do grau de instrução, a oportunidade e a possibilidade de se valorizarem e de partilharem os respectivos saberes nos vários domínios da técnica, da ciência e da cultura;
Que se tenham na devida conta a sedução e a influência dos “mass media” nas diversas camadas da população, e se ajudem sobretudo os jovens e as crianças a gerir adequadamente o caudal de informação que de contínuo lhes é franqueado, onde quer que a sua vida se jogue;
Que se intensifiquem individual e colectivamente a valorização humana e a actualização científica e pedagógica dos professores em exercício, como condição indispensável à eficaz e actualizada acção educativa que deles se espera;
Que se estabeleça uma política de articulação alargada às diversas estruturas locais, regionais e nacionais da sociedade, de maneira a que a escola possa enfrentar os seus problemas e realizar a sua missão no momento que passa;
Que se validem devidamente as competências de cada pessoa, independentemente do espaço e da idade em que foram adquiridas, de forma a poderem ser postas ao serviço da comunidade;
Que se implantem e adoptem na sociedade, na família e na escola, verdadeiramente inclusiva, comportamentos respeitadores das diferenças e fomentadores da justiça, da paz e da solidariedade entre as pessoas e os grupos;
Que sejam devidamente respeitados, defendidos e incrementados os valores religiosos em que se fundamenta grande parte da cultura europeia em que estamos inseridos.

A fim de que esta mensagem de encorajamento e compromisso em ordem a uma acção educativa e social responsável, integral e solidária não fique confinada aos professores que a subscreveram e aprovaram, é nosso objectivo fazê-la chegar a todos os educadores na esperança de que façam ecoar a sua voz e tornem realidade o sonho que ela contém.

Os docentes


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