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Sampaio Pede Convivência Inter-religiosa na Reabertura da Sinagoga
2004-09-10 12:49:08

Um apelo do Presidente da República, Jorge Sampaio, a que a Sinagoga de Lisboa continue "a ser um símbolo de diálogo, da convivência inter-religiosa, da solidariedade humana, na linha da acção humanitária que [nela] se praticou ao longo do século XX e particularmente durante a II Guerra Mundial".

Foi no final de uma cerimónia de quase duas horas que Jorge Sampaio se dirigiu às várias centenas de pessoas que estavam presentes no restaurado lugar de oração e culto da comunidade judaica de Lisboa. O ambiente era de solenidade e de festa. Muitos expressavam a alegria pelo regresso ao espaço sagrado e a satisfação pelo restauro que devolveu dignidade, beleza e luminosidade ao lugar sagrado.

Na sua mensagem, o Presidente da República (ele próprio de ascendência judaica) acrescentou que a Sinagoga Shaaré Tikvá (Portas da Esperança) "e a comunidade de portugueses judeus que ela acolhe têm um contributo a prestar para um mundo melhor, mais solidário, mais pacífico e mais empenhado no diálogo".

Para Jorge Sampaio, a presença na cerimónia "de representantes de várias confissões religiosas é um sinal deste empenhamento". A escutá-lo, estavam representantes do Patriarcado de Lisboa, da Comunidade Islâmica, dos bahá ís e de igrejas cristãs protestantes, além de várias personalidades da política, entre as quais os presidentes do Parlamento e da Câmara Municipal. Estas presenças foram valorizadas também na mensagem do Presidente de Israel, lida pelo embaixador Shmuel Tevet: "É bom ver representantes de outras religiões ensinar o respeito e a toelrância."

Justificando a sua presença naquele acto solene - cujo significado "transcende a comemoração do centenário de um templo de uma comunidade religiosa" -, Sampaio disse ainda que a acção da comunidade judaica "enriquece o Portugal democrático, aberto e plural, no qual o respeito pela liberdade religiosa é um corolário de uma visão humanista em que nos reconhecemos".

Ponto alto da cerimónia foi quando o grande rabino de Israel, Shlomo Moshé Amar, abriu a Arca Sagrada, que guarda os rimorin de prata trabalhada onde estão enrolados os livros da Torá - o Pentateuco, com os cinco primeiros livros bíblicos. Puxando o cortinado que simboliza o resguardo do santuário do Templo de Jerusalém, onde só o Sumo Sacerdote podia entrar, vê-se o conjunto dos rolos de prata trabalhada. Como no judaísmo não há imagens, a arte traduz-se na ornamentação e nos materiais preciosos.

Uma vez retirados os rolos e levados em cortejo à volta da Tebá - ao centro, onde o oficiante se coloca, uma espécie de pequeno estrado elevado -, cantam-se orações de bênção e de memória. Reza-se pelo Presidente da República e pelo Governo, invoca-se a misericórdia divina para o país. No regresso dos rolos à Arca Sagrada, enquanto uma criança invoca, cantando, Deus como rei do universo, há quem se aproxime e toque nos textos sagrados, beijando depois a mão.

Sobre a arca, também as inscrições foram objecto de restauro: "Toma atenção em frente de quem estás", lê-se em hebraico. Um "compromisso de geração em geração" foi lido por Moisés Ayash, presidente da assembleia geral da comunidade de Lisboa, pelo seu filho Jaime e pelo neto Daniel. Um dia "o lobo e o cordeiro pastarão juntos", leu o jovem Daniel a partir de um texto bíblico do livro do Profeta Isaías.

Fonte Público

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