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Imaculada Conceição e Assunção da Virgem Maria celebradas em Lourdes
2004-08-15 12:07:11

João Paulo II vai assinalar o 150º aniversário da promulgação do dogma da Imaculada Conceição com uma simbólica peregrinação ao santuário mariano de Lourdes, em França, a 14 e 15 de Agosto.

O Papa considera que é “uma grande alegria celebrar os dois grandes mistérios marianos”: a Imaculada Conceição, cujo dogma foi proclamado há 150 anos, e a Assunção, Solenidade litúrgica celebrada, precisamente, no dia 15 de Agosto.

“No próximo Domingo, Solenidade da Assunção da Virgem Maria, estarei em Lourdes para celebrar os cento e cinquenta anos da definição do dogma da Imaculada Conceição. Invoco a protecção da Mãe de Deus para o bom êxito desta viagem, e apoio-me nas vossas preces”, disse na audiência geral desta semana.
Imaculada Conceição
O dogma da Imaculada Conceição estabelece que Maria foi concebida sem mancha de pecado original e foi proclamado pelo Papa Pio IX, no dia 8 de Dezembro de 1854, na Bula Ineffabilis Deus. “Declaramos, pronunciamos e definimos que a doutrina que sustenta que a Santíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua concepção, foi por singular graça e privilégio de Deus omnipotente em previsão dos méritos de Cristo Jesus, Salvador do género humano, preservada imune de toda mancha de culpa original, foi revelada por Deus, portanto, deve ser firme e constantemente crida por todos os fiéis”, refere o texto.(DS 2803)
O título litúrgico da Imaculada Conceição que os católicos invocam, professa uma prerrogativa concedida unicamente a Nossa Senhora: Maria foi concebida sem a mancha do pecado original. O título expressa, portanto, que a mãe de Jesus é toda santa, a cheia de graça, desde o momento da sua concepção.
A definição dogmática de Pio IX não é uma criação pontifícia, mas resultado da devoção popular aliada a intervenções papais e inúmeros debates teológicos.
O calendário romano já lhe dedicava uma festa no seu calendário em 1476, mas nos anos 700 esta celebração já existia no Oriente. Em 1570, Pio V publicou o novo Ofício e em 1708 Clemente XI estendeu a festa, tornando-a obrigatória a toda cristandade.
O Dogma da Imaculada Conceição de Maria não era, inicialmente, aceite por todos os católicos, principalmente por alguns teólogos que defendiam a universalidade da redenção e do Pecado Original. A declaração dogmática não introduz, contudo, nenhuma novidade no património da fé da Igreja, mas ratifica de modo definitivo e solene uma verdade que estava presente na consciência da Igreja.
O valor doutrinal desta festividade aparece na prece da celebração litúrgica, que sublinha o privilégio concedido à Mãe de Deus - “Ó Deus, que pela Imaculada Conceição da Virgem preparaste ao teu Filho uma morada digna dele...” -, e a própria natureza deste privilégio, enquanto não subtrai Maria à Redenção universal efectuada por Cristo – “Tu que a preservaste de toda a mancha na previsão da morte do teu Filho...”.
Em 1830 há registos de uma aparição de Nossa Senhora a santa Catarina Labouré, a quem mandou cunhar uma medalha com a efígie da Imaculada e as palavras: “Maria concebida sem pecado, rogai por nós”. Esta medalha, difundida aos milhões em todo o mundo, suscitou grande devoção a Maria Imaculada, induzindo muitos bispos a solicitar ao Papa a definição do dogma, que já estava a ser vivido pelos fiéis desde há muitos séculos atrás. Tanto no Ocidente como no Oriente a festa litúrgica era celebrada pacificamente, sem se colocarem interrogações teológicas subtis ou especulações intelectualistas.
Quatro anos após a proclamação do dogma, tiveram lugar as aparições de Lourdes, consideradas pela Igreja como uma confirmação do mesmo. De facto, Maria ao falar no dialecto local, disse: “Que soy era Immaculada Councepciou” – “eu sou a Imaculada Conceição”.
João Paulo II já assinalou este aniversário quando escolheu Lourdes para a celebração do Dia Mundial do Doente, em Fevereiro deste ano. Na mensagem que escreveu para essa ocasião, o Papa explica que “se por causa do pecado original a morte entrou no mundo, pelos merecimentos de Jesus Cristo, Deus preservou Maria de qualquer mancha de pecado, e veio até nós a salvação e a vida (cf. Rm 5, 12-21)”.
O que diz João Paulo II
“O dogma da Imaculada Conceição introduz-nos no centro do mistério da Redenção
(cf. Ef 1, 4-12; 3, 9-11). Deus quis oferecer à criatura humana a vida em abundância (cf. Jo 10, 10), condicionando, contudo, esta sua iniciativa a uma resposta livre e amorosa. Ao recusar este dom com a desobediência que levou ao pecado, o homem interrompeu tragicamente o diálogo vital com o Criador. Ao “sim” de Deus, fonte da plenitude da vida, opôs-se o “não” do homem, motivado pela orgulhosa autosuficiência, portadora de morte (cf. Rm 5, 19).
Toda a humanidade ficou fortemente envolvida nesta negação a Deus. Só Maria de Nazaré, em previsão dos merecimentos de Cristo, foi concebida imune da culpa original e totalmente aberta ao desígnio divino, de maneira que o Pai celeste pôde realizar nela o projecto que tinha feito para os homens.
A Imaculada Conceição anuncia o harmonioso enlace entre o “sim” de Deus e o “sim” que Maria pronunciará com abandono total, quando o anjo lhe trouxer o anúncio celeste (cf. Lc 1, 38). Este seu novo ao mundo as portas do Paraíso, graças à encarnação do Verbo de Deus no seu seio por obra do Espírito Santo (cf. Lc 1, 35).
O projecto original da criação é desta forma restaurado e fortalecido em Cristo, e nesse projecto também ela, a Virgem Mãe, encontra o seu lugar. Encontra-se aqui o desfecho da história: com a Imaculada Conceição de Maria teve início a grande obra da Redenção, que se realiza no sangue precioso de Cristo. Nele todas as pessoas são chamadas a realizar-se em plenitude até à perfeição da santidade (cf. Col 1, 28).
Por conseguinte, a Imaculada Conceição é o alvorecer do dia radioso de Cristo, o qual com a sua morte e ressurreição restabelecerá a harmonia plena
entre Deus e a humanidade. Se Jesus é a fonte da vida que vence a morte, Maria é a Mãe solícita que vem ao encontro das expectativas dos seus filhos, obtendo-lhes a saúde da alma e do corpo.
Eis a mensagem que o Santuário de Lourdes repropõe constantemente a devotos e peregrinos. Também é este o significado das curas corporais e espirituais que se registram na gruta de Massabielle”.
(Da mensagem do Papa João Paulo II para o Dia Mundial do Doente de 2004, celebrado em Lourdes)
Imaculada e Portugal
Em Portugal, o culto foi oficializado por D.João IV, primeiro rei da dinastia de Bragança, que foi aclamado quando se iniciava a festa de Imaculada Conceição.
Nas cortes celebradas em Lisboa no ano de 1646, declarou D. João IV que tomava a Virgem Nossa Senhora da Conceição por padroeira do Reino de Portugal, prometendo-lhe em seu nome, e dos seus sucessores, o tributo anual de 50 cruzados de ouro. Ordenou o mesmo soberano que os estudantes na Universidade de Coimbra, antes de tomarem algum grau, jurassem defender a Imaculada Conceição da Mãe de Deus.
A figura da Imaculada Conceição acompanha a vida dos portugueses desde que a formulação da santidade de Maria passou também pela devoção a uma Conceição à maneira do próprio Jesus, de maneira excepcional. Logo no séc. XV o Rei D. Duarte fala desse título de Maria, desenvolvendo-se toda uma teologia que levou a que, no ano de 1646, D. João IV, depois da restauração de Portugal, deponha a coroa do Reino aos pés de Maria, em Vila Viçosa.

Assunção
A Igreja universal celebra no próximo domingo, dia 15, a festa da Assunção da Virgem Maria ao Céu.
Esta é um dogma da Fé católica, definido por Pio XII a 1 de Novembro de 1950, mediante a Constituição apostólica “Magnificentissimus Deus”. Neste documento, o Papa refere as relações entre a Imaculada Conceição e a Assunção, as petições recebidas para a definição dogmática, a consulta feita ao Episcopado, a doutrina concorde com o Magistério da Igreja. Resume os testemunhos da crença na Assunção, a devoção dos fiéis e o testemunho dos Santos Padres, dos teólogos escolásticos desde os primórdios, passando depois pelo período áureo e atingindo a escolástica posterior e os tempos modernos. Pondera o fundamento escriturístico e a oportunidade da mesma, e logo pronuncia, declara e define ser dogma divinamente revelado que “a Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre foi assunta em corpo e alma à glória celestial”.
Este foi o culminar dum processo de séculos, durante os quais toda a Igreja e todos os cristãos dedicaram à Virgem Maria uma especial devoção e uma crença nos seus privilégios, em ordem a ser a Mãe de Deus.
O Catecismo da Igreja Católica explica que "a Assunção da Santíssima Virgem constitui uma participação singular na Ressurreição do seu Filho e uma antecipação da Ressurreição dos demais cristãos” (966).
A Assunção de Maria ocorre imediatamente depois de terminar a sua vida mortal e não pode ser situada no fim dos tempos, como sucederá com todos os homens, mas tem de considerar-se como um evento que já ocorreu.
A glorificação celeste do corpo de Maria é o elemento essencial do dogma da Assunção. Ensina que a Virgem, ao terminar a sua vida neste mundo, foi elevada ao céu em corpo e alma, com todas as qualidades e dons próprios da alma dos bem-aventurados e com todas as qualidades e dotes próprios dos corpos gloriosos. Trata-se, pois, da glorificação de Maria, na sua alma e no seu corpo, quer a incorruptibilidade e a imortalidade lhe tenham sido concedidas sem morte prévia, quer depois da morte, mediante a ressurreição.
A importância desta solenidade litúrgica em Portugal é tal que ainda hoje a República Portuguesa a reconhece como dia feriado.

Fonte Ecclesia

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