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Wojtyla, o Papa Que Gostaria de Ter Sido Um "Grande Actor"
2004-05-18 21:10:42

O Papa João Paulo II está convencido que teria sido um "grande actor" se tivesse enveredado pelo teatro e "subido aos palcos". A representação era mesmo a sua verdadeira paixão e quem o viu representar considerava-o muito "dotado".

Estas revelações constam de um livro de memórias do seu tempo de padre e bispo na Polónia, que hoje é publicado em Itália, no dia em que Karol Wojtyla, o primeiro Papa polaco da história, completa 84 anos.

A carreira de actor daquele que viria a ser João Paulo II ficou pelo caminho graças a um santo polaco, Albert Adam Chmielowski, que também renunciou a ser artista para poder ajudar os mais pobres. Foi a história de Albert Adam que levou Wojtyla a tomar a decisão de deixar o teatro para ingressar no seminário (clandestino, com a Polónia ocupada pelos nazis) e tornar-se padre.

O livro tem o título "Levantai-vos, vamos", uma referência ao episódio bíblico em que Jesus é denunciado para ser preso e chama os discípulos que se tinham deixado dormir. Hoje posto à venda em Itália pela Mondadori (empresa do império mediático do primeiro-ministro italiano, Sílvio Berlusconi), o livro está já traduzido em várias línguas, com vários milhões de exemplares de tiragem.

No texto, de acordo com resumos adiantados pelas agências, o Papa Wojtyla diz que o celibato dos padres é "uma tradição muito exigente" e "muito fecunda". Rejeitando o argumento da solidão que se impõe aos padres e bispos por causa do celibato, o Papa diz que, pessoalmente, nunca se sentiu só.

O porta-voz do Vaticano, Joaquin Navarro-Vals, afirmou entretanto, citado pela AFP, que este não é "nem um testamento, nem o seu último livro". No prefácio, o próprio João Paulo II explica que oferece a obra como sinal de amor pelos seus irmãos bispos do mundo inteiro e para todos os católicos.

À boleia num camião

No livro, Wojtyla regista essencialmente as memórias e reflexões do período que vai do dia em que foi nomeado bispo, a 4 de Julho de 1958, até à eleição como Papa, a 16 de Outubro de 1978. São 20 anos percorridos por vezes com detalhes íntimos pouco conhecidos ou mesmo histórias pessoais ou divertidas, como aconteceu no dia da sua nomeação para bispo.

Nessa altura, o padre Karol atravessava o rio Lyna numa canoa. Chamado a Varsóvia, onde o cardeal Stefan Wyszynski se preparava para lhe transmitir a notícia, Wojtyla apanhou boleia de um camião que transportava sacos de farinha, tendo por livro de viagem "O Velho e o Mar", de Hemingway.

O Papa evoca ainda a sua paixão pelo canto e pelo esqui. E explica o seu sucesso com as multidões, pela decisão de nunca ter considerado "excessivo" o número dos seus encontros com as pessoas.

Em cada uma das audiências públicas, por exemplo, João Paulo II aceitava (agora, a saúde débil já não o permite tanto) que dezenas, ou mesmo centenas de pessoas o saudassem pessoalmente.

Entre os que considera mais próximos, o Papa rende homenagem a quem considera o seu "amigo fiel", o cardeal Joseph Ratzinger, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, e o cardeal polaco André Deskur, sempre pronto a dar-lhe "sábios conselhos".

Hoje mesmo, é também posto à venda em Portugal o anterior livro escrito por João Paulo II, o "Tríptico Romano", um conjunto de meditações em forma de poema. Publicado em 2003, o livro evoca a sua própria morte e o conclave que deverá escolher o seu próprio sucessor. Antes desse, a entrevista com Vittorio Messori "Ultrapassar o Limiar da Esperança" foi publicada em 32 línguas e vendeu perto de 20 milhões de exemplares.

As 200 páginas do novo livro de memórias foram escritas por João Paulo II entre Março e Agosto do ano passado. Os direitos de autor serão entregues a instituições de caridade.

Fonte Público

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