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ALTAR DO MUNDO SUPERARMADO REZA PELA PAZ
2004-05-12 20:26:41

Com helicópteros prontos para voar sobre o Santuário, os ‘ratos’ da PSP empenhados em livrar o subsolo de ameaças e o Altar do Mundo vigiado à superfície por câmaras de vídeo, começa hoje em Fátima a primeira peregrinação aniversária desde que a al-Qaeda atacou a Europa em Madrid.

O esquema de segurança e socorro, planeado ao pormenor, equaciona o pior dos cenários. E o alerta é máximo, embora as autoridades tentem esfriar o ambiente com palavras de serenidade.

Na Operação Fátima 2004, a avaliação do risco de atentado terrorista é permanente, envolvendo o Serviço de Informações de Segurança (SIS), o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e a Polícia Judiciária. Como consequência, há reforços excepcionais no terreno. Mais meios do que em datas anteriores e nenhum detalhe deixado ao acaso. “Houve um aumento de efectivos e aperfeiçoamento da estratégia face ao actual cenário internacional”, refere o comissário Lopes Martins, que comanda o dispositivo da PSP.

De acordo com o Governo Civil de Santarém, estão envolvidos 150 agentes e oficiais da PSP, incluindo Corpo de Intervenção, GOE (Grupo de Operações Especiais) e equipas de inactivação de explosivos e acção no subsolo. A GNR empenha 80 militares da Brigada de Trânsito e 60 do comando territorial, enquanto a Protecção Civil e Bombeiros têm 140 elementos.

Os meios incluem dois helicópteros para sinistrados e um para vigiar o trânsito, duas Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação, ambulâncias de transporte, socorro e cuidados intensivos, viaturas de combate a incêndios, auto-escadas e motas com socorristas. “Há mecanismos para dar resposta a uma situação de multivítimas”, diz Joaquim Chambel, coordenador no distrito de Santarém do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros.

O posto de socorros do Santuário é a primeira plataforma de assistência. Se a gravidade dos ferimentos o exigir, os corredores em redor do recinto garantem evacuação rápida para os hospitais de Leiria, Torres Novas, Tomar, Santarém ou Coimbra. E se ocorrer um atentado terrorista? “O dispositivo de resposta a emergência pondera essa hipótese”, argumenta Joaquim Chambel.

Nestas celebrações a meio da semana o Governo Civil aguarda 200 mil peregrinos. Serão filmados no recinto e em duas avenidas (Beato Nuno e João XXIII) fulcrais para controlar o fluxo de trânsito. A videovigilância é uma das ‘armas’ com que as autoridades mais contam e o comissário da PSP Lopes Martins considera-a “de utilidade total”.

Os agentes têm dedicado especial atenção aos vendedores ambulantes, muitos deles estrangeiros, para garantir a qualidade dos alimentos e evitar intoxicações. Também as reservas de água foram controladas.

Este ano, as obras de construção da nova basílica restringem a capacidade do Santuário e são uma dor de cabeça adicional para a polícia, que antevê dificuldades na fiscalização do tráfego automóvel. Há três parques de estacionamento fechados (1, 10 e 12) e o trânsito é proibido nas ruas Cónego Formigão e João Paulo II, circulando apenas no sentido Norte-Sul na avenida José Correia Alves da Silva.

Além dos operacionais fardados, há elementos à civil entre a multidão. Discrição é segurança e a ordem é para serenar os ânimos. Até um falso alarme pode causar uma onda de pânico de consequências imprevisíveis. “Temos uma longa experiência”, contrapõe o governador civil Mário Albuquerque, crente que tudo vai passar-se “com normalidade” e “absoluta tranquilidade”.

O espaço aéreo não vai ser vedado, porque os voos de maior altitude não têm rotas sobre o Santuário. Quanto às aeronaves de menor altitude, a regulação da sua viagem cabe aos aeródromos de origem, que têm de ter conhecimento do percurso.

Está instalado um sistema de apoio a peregrinos perdidos, centralizado atrás da Capelinha das Aparições, que prevê acolhimento por assistentes sociais. A presença de unidades especiais , como os GOE ou o SIS, é relativizada pelo bispo D. Serafim Ferreira e Silva: “O espírito árabe tem uma devoção muito grande pela filha de Maomé, que se chama Fátima”, sublinhou, afirmando que “todas as cautelas são poucas, mas a esperança é maior”.

SOCORRO E VIGILÂNCIA

A circulação de automóveis e pessoas nos acessos a Fátima é vigiada por um helicóptero que está ao serviço da GNR. Por outro lado, para evacuação urgente, a estrutura de Protecção Civil e Bombeiros tem à disposição o helicóptero de Santa Comba Dão, desviado para Fátima até ao final da peregrinação. Há pelo menos mais um helicóptero de socorro, propriedade do INEM, que pode ser mobilizado para acorrer à Cova da Iria.

AFLUÊNCIA

O centro de controlo operacional da Operação Fátima 2004 está instalado no edifício da PSP. É a partir daí que as autoridades controlam os fluxos de acesso à zona do Santuário, desde a Auto-estrada do Norte (A1) e itinerários secundários (via Ourém, Porto de Mós e Batalha). Os picos de afluência de automóveis e peregrinos estão previstos para hoje entre as 17h30 e as 21h00 e para amanhã entre as 09h45 e as 10h00. O fim da Procissão do Adeus, duas a três horas depois, é também, em regra, um momento de elevado congestionamento.

PERIGOS

A massa humana que acorre à Cova da Iria cria o cenário ideal para a ocorrência de pequena criminalidade. Apesar da elevada concentração policial, carteiristas, vendedores ilegais e burlões são presença frequente em Fátima durante as peregrinações, provocando dezenas de queixas junto da PSP.

CONSELHOS

Não deixar objectos visíveis nos automóveis, não andar com muito dinheiro na carteira e separar os cartões bancários por vários bolsos são regras básicas de segurança. Aos condutores, as autoridades pedem que cheguem cedo e estacionem nos parques identificados.

KROHN ATACOU PAPA EM 1982

Na peregrinação de 1982 à Cova da Iria o padre espanhol Fernandez Krohn logrou aproximar-se de João Paulo II armado com um punhal. Tentou a agressão, mas os seguranças dominaram-no, impedindo que o Papa sofresse ferimentos. Krohn pertencia a uma comunidade de católicos integristas, opositores da orientação do Vaticano, que consideravam demasiado liberal. Foi julgado e condenado por tentativa de homicídio no Tribunal de Ourém e seria expulso de Portugal em 1985, após cumprir pena. Apesar de estar gravado na história como um atentado sem sucesso, o gesto do padre espanhol demonstrou que existiam falhas graves de segurança em 1982. João Paulo II regressou a Fátima em 1991 e 2000. Na última visita, a operação policial foi considerada a maior e mais complexa alguma vez montada na Cova da Iria. Não se registaram incidentes anormais.

COMERCIANTES DESCANSADOS

Os comerciantes não acreditam que o medo do terrorismo se reflicta em Fátima e esperam uma peregrinação idêntica às de anos anteriores. “As pessoas vêm na mesma”, afirma Carlos Baptista, presidente da ACISO (Associação Empresarial Ourém-Fátima), relativizando o risco de atentado. “Há uma probabilidade de problemas em qualquer evento de massas em Portugal”, considerou. Também o presidente da Câmara Municipal de Ourém, David Catarino, aguarda por uma peregrinação calma. Sobretudo porque acredita que o 13 de Maio a uma quinta-feira afastará muitos crentes. “Não é previsível uma afluência tão grande como noutros anos”, afirma o autarca. David Catarino está igualmente convencido que a experiência das autoridades no planeamento da segurança e socorro é suficiente para descansar os fiéis. “Há uma larga experiência”, afirmou.

Fonte CM

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