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Bispo de Viana Proíbe Concertos em Locais de Culto
2004-04-10 11:03:55

O bispo de Viana do Castelo, D. José Augusto Pedreira, está determinado a impedir a realização de concertos ou outros eventos culturais em templos religiosos da sua diocese, por considerar que esses espaços devem ser utilizados exclusivamente para o culto ou para actos com ele relacionados.

O desagrado do bispo em relação ao uso de igrejas, conventos e capelas fora do âmbito litúrgico era já conhecido. Mas a inviabilização de três concertos da temporada de Páscoa do programa de música erudita "Sons da História" - que todos os anos percorre diversos espaços sacros e históricos do distrito, e que ontem deveria ter começado com um recital pelo Ensemble Quinta Corda, na Igreja de S. Domingos, em Viana - surpreendeu até os seus colaboradores mais próximos.

D. José Augusto Pedreira justificou ao PÚBLICO a proibição alegando haver um cada vez maior assédio de grupos, associações, escolas de música e promotores de espectáculos aos locais de culto, a que terá de pôr cobro. Mas admite "abrir excepções", conforme o que está previsto nas Orientações Pastorais da sua diocese sobre o tema, que vigoram desde 2000.

"Não podemos ceder à deformação da finalidade dos templos religiosos", diz o bispo, confessando não ser defensor da realização de concertos em templos religiosos porque, conforme também consta no documento diocesano, estes "foram consagrados ou benzidos, o que significa que nos comprometemos diante de Deus a utilizá-los exclusivamente para o culto religioso ou para actos relacionados com o mesmo". Estas orientações ditadas por D. José indicam que "só a titulo excepcional, com programas previamente conhecidos e analisados na sua coerência interna com o local do templo, é que poderão ser autorizados concertos ou outras actividades de carácter meramente cultural" e que, para a sua autorização, "não basta o conhecimento dos párocos".

Foi por alegadamente ignorar a existência desta última premissa que David Martins, o promotor do "Sons da História", confiou que os três concertos da temporada de Páscoa programados para templos religiosos (ao todo são nove, mas os restantes estão previstos para outros espaços) iriam decorrer sem problemas, até porque os respectivos párocos "deram o aval e manifestaram interesse na sua realização".

A notificação do bispo de Viana que nos últimos dias chegou às câmaras municipais das localidades onde iriam decorrer os concertos - para além do de ontem estavam previstos outros dois, amanhã na igreja de Fontão, Ponte de Lima, e no dia 23 na matriz de Ponte da Barca - sobre a sua não autorização deixou David Martins "indignado". Este produtor classifica a posição do bispo como "uma barbaridade que desafia toda a lógica". Mas diz que ela há muito é conhecida no meio, só que os promotores de espectáculos, autarquias e escolas de música retraem-se a tomar uma posição pública sobre o assunto, porque "não querem melindres com o bispo, e porque temem represálias".

David Martins afirma, contudo, que, no caso do concerto proibido na Igreja de S. Domingos, o pároco lhe manifestou, por carta, que "lamenta profundamente" o cancelamento do espectáculo, considerando que se tratou de "uma grande perda para Viana do Castelo".

Fonte Público

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