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Comunicado do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa
2001-03-25 13:02:58

Na sua primeira reunião depois da tragédia que atingiu as populações de Castelo de Paiva e de Entre-os-Rios com a derrocada da ponte sobre o Rio Douro, o Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa, em comunhão com a diocese do Porto e com o seu bispo, D. Armindo Lopes Coelho, afirma a sua união de oração com as famílias enlutadas e manifesta a sua solidariedade com todas as populações tão gravemente atingidas. Acontecimentos deste género, independentemente da sua causa, fazem parte daquele sofrimento colectivo que, tantas vezes e nas mais diversas partes do mundo, se abate sobre as populações. A nossa fé cristã oferece-nos a força espiritual que nos ajuda a dar sentido ao sofrimento, através da nossa união ao sofrimento redentor de Nosso Senhor Jesus Cristo. Pedimos a Deus que, neste tempo de preparação para a Páscoa, conceda a estes irmãos nossos, a esperança da ressurreição.

Perante este drama paira a dúvida sobre se se trata de um acidente provocado por imponderáveis e incontroláveis forças da natureza, que o homem ainda não domina completamente ou se, ao contrário, este desastre poderia ter sido evitado tendo na sua causa, ainda que remota, a incúria humana de serviços técnicos e decisores políticos Neste momento de dor, em que urge tudo fazer para recuperar os corpos das vítimas e minorar o sofrimento das populações, é cedo para juízos definitivos, antes do apuramento técnico das causas deste drama. Mas os acontecimentos lançam, desde já, um apelo aos responsáveis do Estado e da Nação, em ordem à consolidação eficaz dos serviços de supervisão das grandes estruturas públicas, hoje servidas por uma sólida tecnologia. Essa supervisão de qualidade é um serviço público e um dever do Estado, faz parte do ambiente de segurança e de tranquilidade a que as populações têm direito e nenhuma reorganização administrativa do Estado as pode pôr em questão.

Devido à sua dramaticidade, os acontecimentos mereceram, por parte dos meios de comunicação social, uma cobertura exaustiva. Muito contribuíram para que esse carácter doloroso dos factos fosse vivido por toda a população. Mas também neste aspecto sentimos que a preocupação de estar em cima do acontecimento e a luta pelas audiências não podem justificar a manipulação da dor alheia e o desrespeito pela privacidade dos irmãos que sofrem.

Que a dor destes dias a todos ensine a solidariedade, o zelo pelo serviço da sociedade e a humildade de se abandonar à Providência de Deus quando é mais evidente a experiência da impotência e incapacidade humanas. E que a angústia das famílias que nem sequer recuperaram ainda os corpos dos entes queridos, possa transformar-se em abandono confiante, enraizado na virtude da esperança.

Fátima, 13 de Março de 2001

Fonte Ecclesia

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