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JORNADAS CÁRITAS NA BATALHA INJUSTIÇA ESTRUTURAL - CAUSA MAIOR DA POBREZA
2004-01-15 12:40:16

A Cáritas Diocesana de Leiria, em pareceria com o Conselho Central de Leiria da Sociedade de S. Vicente de Paulo, e com o apoio da Paróquia e da Conferência de S. Vicente de Paulo da Batalha, realizou no passado dia 11 mais uma Acção de Formação para a Pastoral Social de âmbito diocesano.
O evento que se desenrolou das 9.30h às 17h, contou com perto de duas centenas de participantes, o que diz muito sobre o interesse que este tipo de acções tem, para as pessoas que introduzem no seu dia a dia algum tempo para pensar no próximo.


Durante a manhã trabalhou-se o tema - ACOLHER A PESSOA HOJE - introduzido pelo Dr. José Dias da Silva, ex-professor da Universidade de Coimbra. Não só na exposição inicial, mas ao longo do debate, o apresentador foi lançando imensas pistas sobre o acolhimento directo: - Estar atento ao que me rodeia; saber o que se passa; interiorizar a situação, ver com o coração; pôr-se na pele do outro; agir.
"Não se trata apenas, disse, da falta de pão, porque há bens que cheguem, é antes um problema de luta pela justiça contra a injustiça estrutural".
Apontou para metodologias diferentes: mesmo as situações clássicas exigem soluções novas.
Valorizou a necessidade de uma especial atenção, porque vivemos num ambiente: anónimo: ninguém conhece ninguém e menos as suas dificuldades; indiferente: a tudo nos habituamos e nada nos causa estranheza; gerador de injustiças: estruturais e não só conjunturais. Numa alusão à "nova fantasia da caridade" do Papa, João Paulo II, incentivou os presentes ao entusiasmo e à abertura para as novas realidades e formas novas de agir.
No final, identificou o que entende como os carenciados de hoje: os solitários: doentes e idosos; os explorados: imigrantes; os marginalizados: desempregados; os violentados: violência doméstica, especialmente as crianças (pedofilia); os desadaptados: sem abrigo, drogados, novos doentes; os desesperados, desnorteados e desiludidos: os sem esperança; os excluídos: estado final do todos os anteriores.
Deixou em toda a sua exposição a ideia muito clara, de que muito mais do que lutar contra a pobreza, do que se trata hoje é de uma luta necessária e urgente contra a injustiça. É a injustiça conjuntural instalada a verdadeira geradora de novas formas de pobreza.
Após o almoço, partilhado, a sessão foi iniciada por uma saudação de João Almeida, presidente do Conselho Central de Leiria da Sociedade de S. Vicente de Paulo, que exortou os presentes a pôr em prática os conceitos adquiridos aqui e a transmiti-los aos outros lá fora.
O tema da tarde, "A ACÇÃO SOCIO-CARITATIVA E A PARÓQUIA", foi-nos transmitido pelo Presidente Nacional da Cáritas Portuguesa, Prof. Eugénio Fonseca, que começou por definir a comunidade paroquial, como o cenário mais propício para o desenvolvimento dos grupos sócio-caritativos, baseando-se na afirmação do Papa, no Congresso Eclesial do Loreto: "a comunidade é o lugar onde a caridade de Deus é experimentada e quase tocada com a mão." Assim, acrescentou, as paróquias são chamadas a ser sujeito de caridade.
Deixou-nos directivas importantes sobre a acção actual, as suas finalidades e os seus agentes. Estabeleceu metas de bom relacionamento e de articulação entre os grupos sócio-caritativos.
Referiu, em seguida, que o rejuvenescimento dos grupos passará pela Compreensão do destino universal dos bens; por maior capacidade inventiva; e vivência da caridade, como anúncio explícito da Boa Nova do Reino.
A terminar apresentou-nos o presidente do Grupo Socio-Caritativo da Paróquia da Sé de Évora, José C. Ferreira, que nos deu testemunho de como funciona o seu grupo.
São doze pessoas empenhadas, que têm criado as mais diversas valências de apoio social: fornecimento de bens alimentares; visitas semanais aos mais sós; apoio aos familiares próximos de falecidos; um banco de tempo em que voluntários prestam pequenos serviços aos necessitados; apoio diversificado a jovens.
As sessões foram francamente participadas, os debates bem animados e as pessoas presentes manifestaram claramente a sua satisfação, por irem dali com " as baterias carregadas" e com "novas ideias" para "novos desafios".
Durante a Missa, na Igreja Matriz da Batalha, o Senhor Bispo D. Serafim congratulou-se com toda esta jornada, determinou a urgência da solidariedade e lembrou que continuam a morrer idosos sozinhos nas suas casas e quantas vezes só passados dias é que os vizinhos se apercebem. Lembrou ainda que, segundo notícias difundidas ontem, foram abandonadas setecentas crianças só em 2003.
Qualquer destas notícias, acrescento eu, deveria ser suficiente para inquietar a comunidade.

Vítor Cordeiro Gonçalves
Cáritas Diocesana de Leiria



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