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Mensagem de Natal de D. Serafim Ferreira e Silva
2003-12-21 22:52:37

Saúdo todos os diocesanos ou residentes na Diocese de Leiria-Fátima e formulo, desde já, os melhores votos de santo Natal 2003, e feliz ano 2004.

1. Começaram os preparativos natalícios, nas montras e nas ruas. Muita gente faz projectos e faz contas aos euros ou contos, a pensar nas compras e nas viagens.
Ninguém estranhará que o Pastor venha lembrar o grande Acontecimento na perspectiva mais espiritual e exortar à moderação nos gastos e à vivência do evento mais na intimidade de cada um e da sua família.
No calendário litúrgico a caminhada histórico-pedagógica para a solenidade do Natal tem início quatro semanas antes, este ano a 30 de Novembro. Chama-se Advento e é tempo de interiorização, para que as exterioridades de mensagens e presentes tenham mais sentido e força.

2. Se a palavra "advento" significa chegada, então toda a nossa vida está em tempo de advento. Porquê?
a) Porque a vida é mobilidade ou mudança, desde o ventre materno, até à terceira ou quarta idade, se não houver interrupções no tempo, na caminhada de crescimento e de busca, para fora do tempo.
b) Porque comemoramos a chegada do único Salvador, e nos comprometemos ou empenhamos na Sua vinda, instaurando de facto e com afecto um reino de Justiça e Paz.
Nesta dupla celebração/acção estamos a ensinar e a viver o que a teologia chama de “advento escatológico”, que é o encontro vital com Aquele que encarnou para nos dar razões de viver e nos salvar.

3. Em todo o mundo, sobretudo ocidental, ninguém pode manter-se indiferente às tradições e às interrogações do Natal. Assim é no nosso país, mesmo para os não crentes ou não praticantes. Por exemplo, Miguel Torga assim o testemunha no seu “Diário”. Num breve poema que lhe vem do coração, proclama: “Natal, vendaval de emoções”.
A liturgia da nossa Igreja quer que tais emoções não sejam meros fluxos de adrenalina, mas, sim, forte apelo de um Menino que é Deus e oferece a Paz.
A data do Natal, berço da era cristã, é fonte polivalente de emoções para as crianças e para os mais velhos, seja pelas prendas, seja pelas saudades. Se a pessoa do Menino estiver no centro, as desfocagens serão corrigidas, e as partes complementam o todo, que é o mistério da Salvação.

4. As grandes vivências não se improvisam. Queremos celebrar o Natal, em comunhão e sem egoismos. A ascese é salutar. A renúncia pode ser gesto de partilha. A família é uma orquestra e um festival... Vamos aproveitar o tempo do Advento para que ninguém fique fora do Natal.
Não precisamos de recordar que os pecados pessoais ou sociais requerem propósito de emenda. Nem será tempo para apontar as pobrezas gritantes, que reclamem justiça e solidariedade. Tão pouco queremos apontar as crianças que choram pelo pão e pelo carinho, ou os abandonados e marginalizados que esperam um irmão... Mas não podemos nem queremos cerrar os olhos e os ouvidos. É o Menino de Belém que nos interpela.

5. A nossa Diocese de Leiria-Fátima está a tentar viver o que Jesus Cristo, já adulto, recomendou: ”Como Eu fiz, fazei vós também” (Jo.13,15). Por sua vez o Santuário de Fátima vai insistir no quarto mandamento, que é o amor familiar e da vizinhança, num correcto relacionamento humano, sem exclusões e sem fronteiras. Também o 37.º dia mundial da paz proclama o direito internacional das nações. É nesta múltipla perspectiva aberta e dinâmica, que formulo de novo votos de santo Natal 2003 e melhor ano 2004.

Leiria, 2l de Novembro 2003, MO da Apresentação de Santa Maria.

+ SERAFIM DE SOUSA FERREIRA E SILVA
BISPO DE LEIRIA-FÁTIMA

Fonte Ecclesia

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