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Lares para sacerdotes
2000-08-26 23:14:05

O número de sacerdotes católicos aposentados anualmente em Portugal já ultrapassa o total de ordenações em igual período. As dioceses estão preocupadas com esta tendência e algumas preparam-se, construindo casas de abrigo para assistir aos padres retirados.

De acordo com dados da Conferência Episcopal Portuguesa, em 1999, Portugal registou um total de 40 ordenações de padres. Contudo, este número foi ultrapassado pelas aposentações de clérigos verificadas apenas nas dioceses de Braga, Porto, Coimbra, Évora e Lisboa (cerca de 60, contando com os sacerdotes que, depois da resignação aos 75 anos, optam por continuar a desempenhar parte da sua acção pastoral).

Quando se tratou de fazer face ao problema da falta de vocações, a Igreja decidiu construir unidades pastorais onde um padre pode ser responsável por mais de uma freguesia. Mas o envelhecimento do clero diocesano vem colocar uma questão diferente: «É preciso garantir aos padres idosos a possibilidade de viverem, com dignidade e na companhia dos seus familiares mais próximos, a última etapa das suas vidas», diz monsenhor Sebastião Ferreira, vigário-geral da diocese de Viana do Castelo.

Neste campo, a diocese de Braga é, no universo das 20 dioceses, um paraíso, contando há algum tempo com vários lares sacerdotais. Mas há outras que limitam a sua acção às possibilidades de uma espécie de esquema de Segurança Social para padres, conhecida como Fraternidade Sacerdotal.

Outras dioceses estão, agora, a tentar recuperar o tempo perdido, investindo avultadas somas na construção de infra-estruturas de acolhimento de padres que deixaram a vida activa. Para D. José Pedreira, bispo de Viana, é urgente a construção de uma casa de acolhimento sacerdotal na sua diocese: «Este é um dos problemas prioritários a resolver, e o bispo, enquanto capitão de um navio, só deve salvar-se depois de providenciar o salvamento de toda a tripulação».

Essa casa de acolhimento em Viana já está projectada, para que os padres aposentados possam encontrar um edifício com 14 quartos (com escritório e uma pequena cozinha), uma piscina para fisioterapia e manutenção, uma capela e um ginásio. A casa, cujo estudo prévio foi elaborado pelo arquitecto Luís Lourenço Teles, será implantada na Quinta de São Lourenço, na freguesia de Darque, onde se situa já o Paço Episcopal e o Centro Pastoral Paulo VI. A sua construção deverá arrancar em finais deste ano, com um investimento superior a 200 mil contos, tendo já a diocese assegurado a comparticipação da obra pela Segurança Social.

Para supervisionar a construção e gerir, no futuro, o funcionamento da instituição, foi criada a Fundação Casa Diocesana de Viana do Castelo, a qual tem já em caixa perto de 100 mil contos, oriundos das ofertas de fiéis e sacerdotes e da recente venda dos bens da quinta e do hotel do Peso, em Melgaço. O projecto esteve dependente da autorização da Direcção Regional de Agricultura, uma vez que, com excepção dos edifícios já existentes, todo o restante terreno da Quinta de São Lourenço é considerado reserva agrícola nacional.

A diocese de Vila Real também prepara a construção de uma casa sacerdotal, tendo canalizado as verbas da renúncia quaresmal (o peditório que a Igreja realiza na Páscoa) para pagar os 250 mil contos previstos para essa obra. O espírito do projecto - elaborado por D. Joaquim Gonçalves, bispo da diocese, é semelhante ao de Viana - passando pela construção de uma casa, pensada em piso térreo e com poucas escadas.

Fonte Expresso

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