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«O ar que se respira em Taizé»
2003-10-20 15:12:31

Michael Evans, bispo católico de East Anglia, Inglaterra, descreve num extenso artigo, como podemos aprender com a Comunidade de Taizé.

Um padre ortodoxo da Roménia disse um dia: «O ar que se respira em Taizé está cheio de ressurreição.» No ano 2000, o ano do Grande Jubileu, a comunidade de Taizé em França celebrou tranquilamente o seu «Jubileu de Diamante» (sexagésimo aniversário). O jovem Roger chegou da Suíça a esta pequena aldeia francesa da Borgonha no dia 20 de Agosto de 1940, à procura de uma casa onde pudesse rezar e acolher e onde uma comunidade dedicada à reconciliação pudesse crescer. A partir destes modestos começos, deste «pequeno despertar», desenvolveu-se uma comunidade ecuménica, que desde o final dos anos 50 tem atraído jovens e menos jovens aos milhares. Normalmente são cerca de 4000 quando eu lá vou no mês de Julho e chegam aos 6000 em Agosto. São provenientes de mais de 50 países e de todos os continentes. Durante os meus 28 anos de sacerdócio, Taizé tem sido uma fonte de vida e de inspiração para a minha vida espiritual. No Verão de 2003 fui a Taizé pela vigésima quinta vez; espero que tenha sido a primeira das muitas visitas que lá farei como bispo. Porque será que Taizé encanta tanto os jovens, muitas vezes em idades em que nas suas terras se costumam afastar da Igreja? E o que podemos nós aprender com Taizé para as nossas comunidade paroquiais nas primeiras décadas deste novo século?

A alegria da Páscoa

Compreendo o que o padre romeno queria dizer ao falar do ar de Taizé «cheio de ressurreição». Cristo ressuscitado está presente na fonte, silenciosa e invisível, de vida e de oração desta extraordinária comunidade. No coração da vida espiritual de Taizé está uma alegre confiança no Senhor ressuscitado, que se manifesta de forma especial nas orações e nos textos escritos pelo irmão Roger, agora com 88 anos. Esta importância dada à ressurreição está bem distante da espiritualidade adolescente e despreocupada que se encontra em algumas correntes do cristianismo, que parecem procurar manter os fiéis num permanente «auge» emocional. Não é por acaso que na igreja da Reconciliação de Taizé o ícone da ressurreição se encontra ao lado do ícone da cruz. Os irmãos da comunidade sabem que o único caminho para a ressurreição é o caminho da cruz. Mas a vida comunitária e a vida de oração em Taizé são profundamente marcadas pelo espírito festivo, o espírito das Bem-aventuranças, o espírito da alegria, da simplicidade e do amor misericordioso. Será que podemos honestamente dizer o mesmo sobre as nossas paróquias? Quando nos reunimos para a missa, sobretudo no domingo, estará o ar que respiramos «cheio de ressurreição»?

Na Carta Apostólica Dies Domini de 1998, sobre a santificação do domingo, o Papa João Paulo II lembrava-nos que «a ressurreição de Jesus é o dado primordial sobre o qual se apoia a fé cristã» (n°2) e que, para o cristão, «o domingo é sobretudo uma festa pascal, totalmente iluminada pela glória de Cristo ressuscitado» (n°8). O domingo é um «sacramento da Páscoa», a nossa Páscoa da semana e o nosso Pentecostes da semana, «no qual os cristãos revivem a experiência feliz do encontro dos Apóstolos com o Ressuscitado, deixando-se vivificar pelo sopro do seu Espírito» (n°28). Falando sobre a missa dominical, o Papa diz-nos que «é preciso garantir à celebração aquele carácter festivo que convém ao dia comemorativo da Ressurreição do Senhor» e que os cânticos devem «exprimir a alegria do coração e favorecer a partilha da única fé e do mesmo amor.» (n°50). A eucaristia dominical em Taizé testemunha certamente «a alegria da Páscoa da semana». O desafio que lança o Papa João Paulo II é que isso se torne verdade em todas as celebrações da missa, sobretudo as dominicais, porque «o domingo é a título especial um dia de alegria» (n°27).

Falar ao coração

Há qualquer coisa de profundamente tradicional na forma de expressar a fé e a vida, a oração e a espiritualidade, da comunidade de Taizé. Isso é evidente assim que se entra na igreja. De um dos lados do altar está o tabernáculo com o Santíssimo Sacramento e um ícone de Nossa Senhora com o Menino. Do outro lado estão os ícones da cruz e da ressurreição de Jesus. No coração de tudo em Taizé está uma fé alegre na Santíssima Trindade e na encarnação, morte e ressurreição de Deus Filho, tal como a afirmação muito repetida de que Cristo ressuscitado está presente para todo e cada ser humano. Cada semana em Taizé atinge o seu apogeu com a oração à volta da cruz na sexta-feira à noite, uma celebração da ressurreição, com velas, no sábado à noite e sobretudo com a eucaristia de domingo de manhã. É a Tradição viva da Igreja, mas apresentada de forma a falar ao coração dos jovens. É essencial que reafirmemos constantemente as antigas doutrinas da Igreja e que asseguremos assim que a nossa vida sacramental se situa na continuidade ao longo dos tempos, mas será que nos esforçamos o suficiente para as apresentarmos e as celebrarmos de forma a que falem verdadeiramente ao coração? Por exemplo, os padres que visitam Taizé ficam por vezes na Igreja até à meia noite ou mesmo até mais tarde, para celebrarem o sacramento da reconciliação com os jovens presentes. Será que apresentamos este grande sacramento como um sacramento da ressurreição, no qual os jovens podem respirar o ar libertador da Páscoa?

Proclamar a Palavra

A Palavra de Deus é central na oração da comunidade de Taizé e também no esquema semanal dos encontros dos jovens peregrinos. Cada manhã, os vários grupos ouvem uma introdução bíblica dada por um irmão, que explora o significado das Escrituras na nossa vida actual. Não se trata nem de uma exegese bíblica académica nem de pura e simplesmente relatar as histórias bíblicas, mas de uma apresentação da Palavra de Deus que alimenta, interpela e inspira. Depois desta introdução os jovens reúnem-se em pequenos grupos, para partilharem juntos sobre o tema. Nas nossas escolas e paróquias, por vezes parece que partimos da ideia de que os jovens não podem enfrentar a exploração das Escrituras e aplicar a Palavra de Deus às suas vidas. Talvez tenhamos que explorar caminhos novos para lhes proclamar a Palavra. E podemos aprender muito com a forma de apresentação, simples mas profunda, utilizada em Taizé. Fui às introduções bíblicas em cada um dos vinte e cinco retiros que fiz na casa do silêncio. Saí de lá apenas uma vez com a sensação de que soube a pouco. Gostaria que os jovens das paróquias que visito pudessem sair de lá dizendo o mesmo sobre as minhas homilias!

Chamados à unidade

O irmão Roger encontrou a sua identidade de cristão reconciliando em si mesmo a fé das suas origens protestantes com o mistério da fé católica. Mais de cem irmãos de diferentes origens cristãs vivem hoje juntos, em comunidade, já reconciliados nas suas diferenças e, no entanto, peregrinando ainda juntos no caminho da plena reconciliação. Para os irmãos, tal como para todos os cristãos, viver juntos é uma peregrinação de confiança. Taizé recorda-nos que a peregrinação é a característica da vida cristã. Nesta peregrinação, aprendemos a caminhar juntos com todos os cristãos, quaisquer que sejam as diferenças que permanecem entre nós. Como em muitas outras ocasiões, o Papa João Paulo II dá eco ao testemunho de Taizé: «Agradeço ao Senhor por nos ter inspirado a prosseguir pelo caminho difícil, mas tão rico de alegria, como é o caminho da unidade e comunhão entre os cristãos» (Ut unum sint, n°2). Será que as nossas comunidades cristãs estão «empenhadas, de modo irreversível, a percorrer o caminho da busca ecuménica» (Ut unum sint, n°3)? Taizé mostra que é possível não apenas rezar e trabalhar juntos como cristãos, mas também ser juntos algo do que Cristo ressuscitado nos chama a ser.

Acolhimento

Taizé é um local de acolhimento. «Bem-vindos» é a primeira palavra que os peregrinos ouvem quando chegam. A hospitalidade é uma preocupação constante dos irmãos e dos numerosos jovens que ajudam neste ministério de acolhimento. Em Taizé há uma abertura generosa que permite aos jovens saber que são estimados, que os ajuda a confiar em Deus e a estar atentos às suas próprias responsabilidades. O acolhimento cuja experiência fazem é o próprio acolhimento de Deus, que se torna presente pela abertura da comunidade. Qual a importância do ministério de acolhimento nas nossas comunidade cristãs? Não apenas pedindo a pessoas para se porem à porta a dizer «bem-vindos» aos que entram, mas um verdadeiro sentido de caloroso acolhimento familiar. Será que os jovens se sentem bem-vindos e apreciados nas nossas paróquias? O irmão Roger, com 88 anos, mostra-nos que a idade não é nenhum obstáculo: é o coração que importa. E para além dos jovens, será que as pessoas de todas as línguas, de todos os povos e de todas as idades se sentem parte integrante das nossas comunidades e que são apreciadas e estimadas? As nossas comunidades paroquiais devem ser «parábolas de comunhão». O Papa João Paulo II recorda-nos que isso nasce da eucaristia: «Se o domingo é dia de alegria, é preciso que o cristão mostre, com as suas atitudes concretas, que não se pode ser feliz ‘sozinho’» (Dies Domini, n°72).

Fé, comida e divertimento

Uma semana de peregrinação a Taizé desenvolve-se à volta da igreja, das filas de espera para as refeições e do Oyak. O Oyak é um lugar de divertimento onde se podem encontrar refrescos, mas também um lugar de encontros, com canções e danças espontâneas de todas as culturas, durante todo o serão. Depois da oração da noite, a maioria dos jovens dirige-se ao Oyak. E depois, aonde vão? Frequentemente regressam à igreja para rezarem, antes de irem dormir nos seus sacos-cama. Taizé integra facilmente a oração e o acolhimento, a reflexão e o descanso, os momentos de oração e a amizade e divertimento. As nossas comunidades paroquiais seriam muita mais atractivas para os jovens se fizéssemos o mesmo. Como o Papa João Paulo II nos recorda «não existe qualquer oposição entre a alegria cristã e as verdadeiras alegrias humanas» (Dies Domini, n°58). Será que as nossas comunidades de fé são comunidades alegres? Será que a alegria de Cristo se realiza em nós ou que pelo menos está de forma manifesta em peregrinação, a caminho de se realizar?

Simplicidade de coração

Muitos jovens peregrinos ficam marcados pela simplicidade de vida em Taizé. Para alguns é mesmo um choque. As condições de vida, as casas de banho, a comida: é tudo muito simples (apesar de agora ser muito melhor do que era!) Mas esta simplicidade aproxima as pessoas. Quanto menos coisas temos mais fácil se torna estarmos em harmonia com os outros. É a simplicidade, a pobreza em espírito, pedida pelo Evangelho de Jesus. E, no entanto, hesitamos tantas vezes em convidar outras pessoas a viver assim e em simplificar a nossa própria vida imitando Cristo. Este ano, durante a oração de sábado à noite, um jovem húngaro recebeu o hábito branco da comunidade. O irmão Roger rezou para que ele seja, na simplicidade do seu coração, testemunha da alegria e da paz do Evangelho. É certamente um chamamento para cada um de nós, um verdadeiro desafio no seio da nossa ávida sociedade de consumismo, na qual tantas vezes receber parece ser melhor do que dar e ter melhor do que ser. A verdadeira simplicidade do coração conduz à simplicidade de vida. O irmão Roger escreve: «Simplificar e partilhar não significa escolher a austeridade. Simplifica para viveres intensamente o momento presente; ao fazeres isso, encontrarás a alegria de viver. Simplifica e partilha, como caminho para te identificares com Jesus Cristo, que nasceu pobre entre os pobres.» Será que podemos fazer mais para simplificarmos a nossa própria vida, rejeitando o convite enganador da sociedade para adquirirmos sempre mais e para melhorarmos e aumentarmos constantemente o que já temos?

Ensina-nos a rezar

Taizé é acima de tudo um local de oração. Três vezes por dia, os sinos chamam para a oração os jovens que se encontram nas tendas, barracas, locais de encontro, estendidos ao sol ou a dormir! Muitos esforçam-se por chegar cedo à igreja e só de lá saem muito depois dos irmãos. Há jovens na igreja ao longo de toda a noite, por vezes a cantar, por vezes em silêncio, por vezes a ressonar suavemente o seu louvor a Deus! Para além dos cânticos de Taizé, muito conhecidos, um longo momento de silêncio tem um papel central em cada oração. É muito estimulante ver 4000 jovens em silêncio durante dez minutos, sem sentirem a necessidade de ligar os seus walkmans. Muitos regressam de Taizé lembrando-se principalmente do poder do silêncio, um silêncio positivo cheio da voz silenciosa de Deus. Toda o ambiente da igreja de Taizé facilita a oração: os ícones e as velas, a luz suave, a música e o silêncio, as leituras bíblicas e as orações. Tudo isso fala não só às emoções variáveis destes jovens, mas ao seu coração e à sua alma. As nossas celebrações devem fazer o mesmo, se quisermos levar as pessoas a uma relação mais profunda com Deus e até à santidade do amor de Deus. O que poderíamos aprender com Taizé a respeito das nossas celebrações da missa e das nossas orações? Será que poderíamos utilizar melhor o silêncio e a música e fazer mais para criar um ambiente de oração? Será que tentamos ajudar os nossos jovens a rezar e a avançar em direcção a um amor a Deus, alegre e confiante, aberto ao Espírito Santo, que procura acender um fogo nos seus corações?

Luta e contemplação

Taizé considera inseparáveis a luta e a contemplação, a oração e o trabalho em vista de um mundo melhor. Como o irmão Roger escreve: «Se rezas, é por amor. Se lutas, assumindo responsabilidades para tornar o mundo num lugar onde se vive melhor, é ainda por amor.» Sem um amor activo pelos pobres e pelos oprimidos, as nossas comunidades cristãs podem tornar-se facilmente «ilhéus de devoção», participando pouco ou mesmo nada na missão salvadora de Deus para com o mundo que ele criou. Tal como em Taizé, precisamos de pedir ao Espírito para acender em nós um fogo vivo e activo, que possa re-criar o mundo.

Ir lá para conhecer

É impossível pôr uma semana em Taizé em palavras. Mesmo os excelentes livros e vídeos não conseguem captar senão um pequeno apanhado da realidade. Taizé é um local de peregrinação e de um encontro renovado com Cristo ressuscitado, não apenas na oração mas também nos grupos, nas filas de espera para as refeições e nas numerosas novas amizades. A simplicidade de Taizé ajuda os jovens a centrarem-se no que é realmente essencial: o amor que Deus nos tem, o nosso amor confiante por Deus e a nossa comunhão com os outros na alegria do Espírito Santo, respirando juntos o ar da ressurreição. A única forma de conhecer Taizé é indo lá. Agora é fácil: há linhas de autocarro directas que ligam cidades de vários países a Taizé.

O regresso a casa

Taizé não é um movimento. A comunidade não tenta atrair os jovens para algo de novo, distante das suas paróquias. Tudo o que uma semana na colina pretende é reenviar os jovens às suas paróquias, para que eles se comprometam lá. Eles deveriam regressar a casa com um amor mais profundo pela Igreja, empenhados na oração, no testemunho e em estar presentes e servir nas suas paróquias. Mas se nós os encorajarmos a ir a Taizé, muitos deles regressarão de tal forma entusiasmados que isso nos há-de parecer um desafio para as nossas paróquias, grupos e escolas. Se se sentirem aceites e encorajados, os jovens podem contribuir muito para que as nossas comunidades se tornem «cheias de ressurreição».

«Essa pequena Primavera!»

A comunidade alegrou-se muito com a beatificação do Papa João XXIII. Ele foi o Papa que ajustadamente descreveu Taizé como «essa pequena Primavera». Desde então tem havido contactos muito próximos entre os Papas e o irmão Roger. Quando o Papa João Paulo II visitou Taizé em 1986, disse: «Passa-se por Taizé como se passa perto de uma fonte. O peregrino pára, sacia a sua sede e continua o seu caminho. Como sabeis, os irmãos da comunidade não vos querem reter. Na oração e no silêncio, eles querem dar-vos a possibilidade de beber a água viva prometida por Cristo, conhecer a sua alegria, discernir a sua presença, responder ao seu chamamento e que depois possais partir para testemunhar o seu amor e servir os vossos irmãos nas paróquias, escolas, universidades e em todos os vossos locais de trabalho. Hoje, em todas as Igrejas e comunidades cristãs e mesmo entre os mais altos responsáveis políticos do mundo, a comunidade de Taizé é conhecida pela confiança sempre cheia de esperança que deposita nos jovens. É antes de tudo porque partilho esta confiança e esta esperança que aqui estou esta manhã.» Será que nós partilhamos esta confiança que o Papa João Paulo II e a comunidade de Taizé depositam nos jovens?

Agradeço a Deus por tudo o que me deu através da minha longa relação com esta comunidade. Espero já pelas futuras visitas, que serão numerosas se os irmãos continuarem a ter lugar para mim e se os meus joelhos, cada vez mais debilitados, se conseguirem continuar a adaptar à colina. Taizé não é a única «fonte de Evangelho» na Igreja de Cristo através do mundo. Há muitas fontes diferentes, com diferentes dons para partilhar. Mas, mesmo se nunca vamos a Taizé, mesmo se não cantamos cânticos de Taizé, o desafio da comunidade estará sempre presente, simplesmente porque esse desafio é o chamamento do Evangelho de Cristo. Eu sinto-me desafiado cada vez que vou a Taizé e todas as questões que levanto neste artigo são questões que me interpelam sempre de novo.

Todos os sábados à noite, na igreja da Reconciliação de Taizé, acendem-se velas para celebrar a ressurreição de Cristo. Algumas crianças acendem as velas dos irmãos e, a partir deles, a luz espalha-se pelos milhares de jovens. É um sinal extraordinário. Do mesmo modo, a vida e o amor do Senhor ressuscitado devem espalhar-se das nossas paróquias aos nossos bairros e às nossas terras. Que bom seria se cada pessoa que visitasse a nossa paróquia e cada membro da nossa comunidade paroquial pudesse sair das nossas igrejas dizendo a todos os que encontrasse: «O ar que ali se respira está cheio de ressurreição».

Este artigo foi revisto em Agosto de 2003. Tinha sido publicado primeiro na revista inglesa «Priests & People» em Junho de 2002.


Copyright © Ateliers et Presses de Taizé, 2003
71250 Comunidade de Taizé, França




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