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Igreja Católica Reforça Nova Atitude com Outras Religiões
2003-10-12 08:14:46

O padre jesuíta e teólogo Jacques Dupuis afirmou ontem em Fátima que há uma nova atitude da Igreja Católica em relação às outras religiões. Esta posição, surgida nas últimas décadas, é consequência do reconhecimento de que há "valores positivos que se podem encontrar" nos outros credos.

Depuis foi objecto, há cinco anos, de uma declaração crítica do Vaticano, a propósito de um dos seus livros sobre diálogo inter-religioso.

Na sua intervenção de ontem, no congresso sobre "o lugar dos santuários na relação com o sagrado", o teólogo belga, que completa 80 anos em Dezembro, destacou que o diálogo inter-religioso é um "desafio" à identidade cristã. E citou o Papa João Paulo II, quando este afirma que a fé firme de seguidores de outras religiões resulta do trabalho de Deus "fora dos confins visíveis" da Igreja Católica.

O Papa vai mesmo mais longe, referiu Dupuis, professor da Universidade Pontifícia Gregoriana, em Roma. Quando se referiu ao encontro de Outubro de 1986, em Assis, que juntou líderes de diversas religiões, João Paulo II afirmou que a unidade da origem e destino dos seres humanos é mais importante do que as diferenças. E as diferentes religiões, além do cristianismo, acrescenta Jacques Dupuis, fazem parte do plano de Deus para salvar a humanidade.

No diálogo inter-religioso, os cristãos não devem "dissimular a sua fé em Jesus Cristo", defende o teólogo jesuíta. Mas também não se deve absolutizar aquilo que é secundário. "Em todas as religiões, incluindo o cristianismo, há o risco muito real de absolutizar o que não é absoluto". Só Deus é absoluto, afirma Dupuis, "e só Deus deve ser tratado como tal".

Quase dialogando com o teólogo, o patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, interveio sobre "o futuro de Deus" - um tema "pelo menos provocante". A missão evangelizadora dos cristãos "não é, apenas, uma tarefa e muito menos uma estratégia", afirmou o cardeal, antes constitui "um testemunho".

"O fundamentalista há-de fracassar um dia"

A partir da pergunta "as outras religiões farão parte do futuro de Deus?", o patriarca não hesita na resposta positiva, "afirmando que toda a religião sincera, que ponha o homem em contacto com Deus, faz parte do futuro de Deus". Mas recusou que elas possam ser consideradas um "caminho definitivo", condenando os que consideram todas as religiões "definitivas, ao lado do cristianismo, como se todas fossem iguais", bem como as atitudes de proselitismo ou de sincretismo.

Numa intervenção sobre "a religião entre o ícone e o ídolo", João Vila Chã, da Faculdade de Filosofia de Braga e também padre jesuíta, referiu-se à deturpação da religião como "mera ideologia ao serviço do poder" e ao fundamentalismo como "manifestação privilegiada da religião como ideologia". Essas manifestações de religiosidade fanática têm, no entanto, "os dias contados", diz o padre filósofo. "O fundamentalista há-de fracassar um dia", pois a sua "posição absoluta "fracassará necessariamente na absoluta negação que é a morte".

Fonte Público

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