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XXV Domingo do Tempo Comum
2003-09-18 22:17:30

A Palavra deste domingo coloca-nos diante de duas realidades em permanente antagonismo, correspondentes a dois tipos de atitudes que tomamos diante de nós próprios, dos outros e da vida: a “sabedoria do mundo” e a “sabedoria de Deus”.

A primeira, caracteriza-se pelo fechamento da pessoa a Deus e pela sua complacência no orgulho e na auto-suficiência. Esta sabedoria conduz ao vazio e à frustração, dissimulados em triunfo e felicidade efémera e, por isso, não nos pode dar a plena realização. A segunda, a “sabedoria de Deus”, caracteriza-se pela entrega da nossa vida a Deus, atentos à sua vontade, e a tomar como modelo a vida de Jesus Cristo. Compromete-nos na construção de um mundo mais fraterno e na luta pela paz e pela justiça.

O cristão e a cristã que optam por viver segundo a “sabedoria de Deus” não têm vida fácil. Mas, se por um lado, estão sujeitos à crítica, à perseguição, à incompreensão, ao fracasso, por parte dos ambiciosos, por outro, encontram neste caminho a verdadeira felicidade e a plena realização. O seu saldo é francamente positivo.

Na primeira leitura, extraída do livro da Sabedoria, os sábios deste mundo conjecturam armar ciladas ao justo, que vive segundo a “sabedoria divina”, porque dizem: “(ele) nos incomoda e se opõe às nossa obras; censura-nos as transgressões à lei e repreende-nos as faltas de educação. Condenemo-lo à morte infame, porque, segundo diz, Alguém virá socorrê-lo”. Na segunda leitura, Tiago, depois de convidar os cristãos à autenticidade e coerência da fé, enumera alguns aspectos que carecem de atenção por parte dos crentes. Estes aspectos prendem-se, exactamente, com os dois tipos de sabedoria com acima enunciámos. O cristão e a cristã, pelo seu baptismo, optaram por Jesus Cristo e pelo seu seguimento, isto é, escolheram viver segundo a “sabedoria de Deus” . Porém, muitos continuam a orientar a sua vida pela “sabedoria do mundo” com todas as suas consequências: “inveja, rivalidade, desordem, guerra e toda a espécie de más acções”. A comunidade cristã divide-se e corre o risco de ser destruída. O apóstolo põe o dedo na chaga da sua comunidade e interpela-a a uma profunda mudança de mentalidade e de vida. Na mesma perspectiva, Jesus ao aperceber-se das conversas mantidas ao longo do caminho pelos seus discípulos sobre qual deles seria o maior, senta-se com eles e explica-lhes: “Quem quiser ser o primeiro será o último de todos e o servo de todos”. Nos seus ensinamentos, Jesus insiste na lógica da oposição entre a “sabedoria do mundo” e a “sabedoria de Deus”.

A Palavra deste domingo e, nomeadamente o evangelho, convida-nos a reflectir seriamente no tipo de sabedoria que enforma a nossa vida. Convida-nos a pensar no modo como nos situamos na comunidade cristã e na sociedade. Jesus denuncia «os jogos de poder, as tentativas de domínio sobre os outros, os sonhos de grandeza, as manobras para conquistar honrar e privilégios, a busca desenfreada de títulos, a caça às posições de prestígio», que revelam uma orientação de vida segundo a “sabedoria do mundo”. Por outro lado, Ele convida-nos à opção pela “sabedoria de Deus”, que se manifesta num coração simples e humilde, aberto ao acolhimento dos mais pobres e dos mais débeis da comunidade, sem pretensão de reconhecimento público e de retribuição. Jesus é claro e exigente: quem quiser segui-lo tem de se abrir à “sabedoria de Deus”, à sua vontade, às suas propostas, aos seus desafios. Não é possível fazer parte da comunidade de Jesus se não estivermos dispostos a realizar este processo. A Igreja de Jesus só se pode efectivar a partir da “sabedoria de Deus”. Qual é a sabedoria que me conduz?

Leituras do XXV Domingo Comum - Ano B
Sb 2,12.17-20; Sl 53 (54); Tg 3,16 - 4,3; Mc 9,30-37

Ir. Deolinda Serralheiro


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