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Igreja Católica Preocupada com Evangelização das Cidades
2003-09-10 19:12:08

As cidades colocam novas questões e desafios à Igreja Católica e, por isso, a Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa (FT/UCP) decidiu dedicar o seu VI Curso de Verão ao tema "O Espírito na Cidade - para uma leitura crente na vida urbana".

Ontem, no primeiro dia da iniciativa, debateram-se as mudanças que as cidades enfrentam e a cidade como um lugar teológico. Hoje, serão debatidas questões concretas como os migrantes, os dependentes e os idosos - e a acção que a Igreja pode ter nesses campos.

Peter Stilwell, director da FT, justificou a importância do tema da cidade para a teologia socorrendo-se de vários documentos oficiais do Concílio Vaticano II e dos últimos papas. O olhar crente é aquele que tem o sentido de aproximação à realidade, explicou, para acrescentar que a evangelização "ganha forma em cada época e em cada época é diferente, não se deve limitar a repetir a tradição".

Apesar das "vastas áreas de descristianização", os cristãos não devem deixar de ter consciência de que "Deus actua neste mundo". "Entender a cidade como ela é" deve ser, por isso, uma das tarefas dos cristãos.

E como é a cidade de hoje? Isabel Guerra, que trabalha na área da Sociologia Urbana no ISCTE (Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa), explicou que a cidade mudou de funções ao longo da história e que, hoje, os modos de vida urbanos se alteraram significativamente. Mas essa mudança "não tem tanto a ver com o processo de globalização, mas com um processo de individualização crescente do sujeito".

Este processo, positivo, traz consigo o reverso da medalha, acrescenta Isabel Guerra: o narcisismo e a des-solidariedade. Ao mesmo tempo, e paradoxalmente, revela-nos como estamos dependentes uns dos outros. Basta recordar o apagão da costa Leste dos Estados Unidos, em Agosto, que atingiu milhões de pessoas, para perceber o que acontece se falha alguma estrutura com que todos contam.

E como devem responder a teologia e a Igreja a esse processo de individualização? Em declarações ao PÚBLICO, Peter Stilwell diz que a principal preocupação deve ser "humanizadora". O "respeito pelo outro", em contraponto a uma realidade que "ainda é muito selvagem" em âmbitos como a economia ou as alterações estruturais, é fundamental. Também "o sentido da fraternidade e a descoberta de novas formas de solidariedade" - que "já estão a acontecer" - são passos de uma visão que não é fundamentalista, diz Stilwell. Ou seja, que recusa a ideia de que aplicar a forma de outros tempos à realidade contemporânea.

Isabel Guerra referiu ainda a importância da gestão dos interesses contraditórios que convivem na cidade. Essa gestão passa pelo planeamento concertado e participado, pela dimensão prospectiva, pelo reforço da democracia participativa e pelo reforço dos laços sociais.

Fonte Público

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