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Santo Egídio Propõe Data Comum para Celebrar Todos Os Mártires Cristãos
2003-09-10 19:11:26

O presidente da Comunidade de Santo Egídio, Andrea Riccardi, propôs ontem a definição de uma data comum a católicos, ortodoxos, protestantes e outras confissões cristãs para celebrar a memória dos novos mártires. A ideia foi proposta ontem, no final do 17º encontro internacional pela paz, este ano dedicado ao tema "Entre guerra e paz, religiões e culturas encontram-se", que decorreu na cidade de Aix-la-Chapelle/Aachen, no Oeste da Alemanha.

O próprio Riccardi é autor de uma investigação ("O Século do Martírio", ed. port. Quetzal), feita a partir dos arquivos do Vaticano, na qual calcula em três milhões de mortos cristãos (na Rússia e União Soviética terão sido meio milhão, a maior parte dos quais ortodoxos).

Riccardi referiu-se também à importância do diálogo inter-religioso, mas também na política. Falando concretamente do que se viveu no encontro, Riccardi afirmou: "Não é o paraíso na Terra. Vejo até demasiados infernos neste mundo. O diálogo não significa ignorar os problemas, mas falar com franqueza, com a vontade de os superar." E, referindo-se a questões actuais da actualidade internacional, acrescentou: "Não podemos falar de África ou do conflito na Palestina sem experimentar emoção e mesmo uma ponta de desespero."

O Iraque deu ao encontro outro momento importante: líderes cristãos caldeus, muçulmanos sunitas e xiitas estiveram juntos em Aix-la-Chapelle. O bispo caldeu de Bagdad, Shlemon Warduni, referiu-se ao caos que ainda domina no país. "Há vinte anos que conhecemos a guerra. Estamos cansados. Estamos sem governo e sem lei. Falta a luz, os medicamentos e a água. E depois da fase da rapina, começou a fase do terrorismo." O diálogo inter-religioso é uma das poucas saídas neste panorama, considerou o responsável, que pela primeira vez se encontrou com líderes muçulmanos xiitas e sunitas.

Sayed Aiad Jamal Aldin, líder xiita iraquiano, afirmou que "a ditadura de Saddam foi pior que a guerra", o que o levou a agradecer aos Estados Unidos ter posto fim à ditadura e comprometendo-se no esforço de criar um governo democrático e laico. Ahmed M. Mohammed, muçulmano sunita, também afirmou a importância do diálogo entre as religiões. "A convivência pacífica entre as três religiões [monoteístas] é uma necessidade imediata para o Iraque. Encontros como este, promovidos pelos irmãos cristãos, servem para conhecer o outro na verdade."

Um outro factor de aproximação foi a presença do metropolita Kyril, do patriarcado ortodoxo de Moscovo, com quem o Vaticano tem andado de candeias às avessas. Santo Egídio tem mantido, mesmo assim, contactos com os ortodoxos russos. Riccardi sublinhou que "a Igreja russa é uma Igreja de mártires e o seu primado é reconhecido". E o cardeal católico alemão Walter Kasper acrescentou que a relação com Moscovo é uma necessidade para o catolicismo.

Organizado pela comunidade católica de Santo Egídio, criada em Roma em 1968, este encontro continua o espírito das jornadas de oração pela paz promovidas pelo Papa e conta com a participação de líderes religiosos de muitos credos e de pensadores laicos, entre os quais Mário Soares, convidado desde há vários anos.

Fonte Público

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