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Recordar o Papa do sorriso
2003-08-31 14:42:54

Intervenção de João Paulo II na audiência geral de Quarta - Feira dedicada ao vigésimo quinto aniversário da morte do seu predecessor, Albino Luciani (1912-1978), eleito Papa com o nome de João Paulo I.

1. Na tarde do sábado 26 de agosto de 1978 foi eleito pontífice meu venerado predecessor João Paulo I. Ontem aquele acontecimento completou vinte e cinco anos. Evoco hoje aqueles momentos que tive a alegria de viver com íntima comoção. Recordo como suas palavras tocaram profundamente as pessoas que enchiam a praça de São Pedro. Desde sua primeira aparição no balcão central da Basílica Vaticana, criou-se com os presentes uma corrente de espontânea simpatia. Seu rosto, seu olhar confiante e aberto conquistaram o coração dos romanos e dos fiéis do mundo inteiro.
Procedia da ilustre comunidade eclesial de Veneza, que já havia dado à Igreja, no século XX, dois grandes pontífices: são Pio X, do qual precisamente neste ano comemoramos o centenário de sua eleição como Papa, e o beato João XXIII, de quem recordamos em junho os quarenta anos de sua morte.

2. «Abandonamo-nos com confiança na ajuda do Senhor», disse o novo Papa em sua primeira mensagem. Antes de tudo, foi um mestre de fé limpa, sem ceder a modas passageiras e mundanas. Tratava de adaptar seus ensinamentos à sensibilidade do povo, mas conservando sempre a clareza da doutrina e a coerência de sua aplicação à vida.
Mas, qual era o segredo de sua atracção? Não pode ser outro que o contacto ininterrupto com o Senhor. «Tu o sabes. Contigo trato de ter um colóquio contínuo», escreveu em um de seus escritos em forma de carta a Jesus. «O importante é imitar e amar a Cristo»: esta é a verdade que, traduzida em vida concreta, faz que «cristianismo e alegria andem bem juntos».

3. Ao dia seguinte de sua eleição, no «Angelus» do domingo 27 de agosto, depois de haver recordado seus predecessores, o novo Papa disse: «não tenho nem a sabedoria do coração do Papa João, nem a preparação e a cultura do Papa Paulo, mas estou em seu lugar. Tenho de servir a Igreja».
Estava unido por profundos laços aos Papas que lhe haviam precedido. Ante eles se fazia pequeno, manifestando essa humildade que sempre constituiu sua primeira regra de vida. Humildade e optimismo foram a característica de sua existência. Precisamente graças a estas qualidades, deixou em seu fugaz passo entre nós uma mensagem de esperança que encontrou acolhida em muitos corações. «Ser optimistas apesar de tudo --gostava de repetir--. A confiança em Deus deve ser o eixo de nossos pensamentos e de nossas acções». E observava com realismo animado pela fé: «Os principais personagens de nossa vida são dois: Deus e cada um de nós».

4. Sua palavra e sua pessoa penetraram na alma de todos e por este motivo foi surpreendente a notícia de sua morte imprevisível, ocorrida na noite de 28 de setembro de 1978. Apagava-se o sorriso de um pastor próximo do povo, que com serenidade e equilíbrio sabia entrar em diálogo com a cultura e com o mundo.
Os poucos discursos e escritos que nos deixou como Papa se somam à considerável colecção de seus textos, que vinte e cinco anos depois de sua morte mantém uma actualidade surpreendente. Em uma ocasião disse: «O progresso com homens que se amam, considerando-se irmãos e filhos do único Pai, Deus, pode ser algo maravilhoso. O progresso com homens que não reconhecem em Deus o único Pai se converte em um perigo contínuo». Quanta verdade nestas palavras, úteis também para os homens de nosso tempo!

5. Que a humanidade saiba acolher uma advertência tão sábia e apagar as numerosas chamas de ódio e violência presentes em tantas partes da terra para construir, na concórdia, um mundo mais justo e solidário!

Por intercessão de Maria, da qual João Paulo I se considerou sempre um terno e devoto filho, pedimos ao Senhor que acolha em seu reino de paz e de alegria este fiel servidor seu. Rezemos também para que seu ensinamento, que toca a realidade das situações quotidianas, seja luz para os crentes e para toda pessoa de boa vontade.

Fonte Ecclesia

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