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Portugueses em Férias - Turismo Religioso Entre o Passeio e a Peregrinação
2003-08-19 14:34:43

O turismo religioso existe? Ou deve falar-se apenas em peregrinações? Quando Francisco Moura, actual responsável da Geotur, começou a trabalhar neste sector, na Meliá, já lá vão 28 anos, foi um dos pioneiros em Portugal.

"Não havia segmentação do turismo religioso nem havia mercado para esse sector", lembra. Hoje, a situação evoluiu muito, várias empresas trabalham já nesta área, alargaram-se os destinos e os circuitos, diversificaram-se os públicos interessados. E, se se continua a falar em peregrinações, o turismo religioso é um fenómeno mais vasto.

Francisco Moura recorda que, ao longo dos anos, foi necessário preparar programas em que as paróquias e outras entidades promotoras passaram a viajar também para rotas culturais. Veio entretanto a diversificação de destinos: a Turquia, por exemplo, desenvolveu-se à custa da impossibilidade de viajar para Israel e Terra Santa nos últimos três anos. "Em termos culturais e arqueológicos, é fundamental para a história do cristianismo", diz.

Foi da actual Turquia que saiu Abraão, o Tigre e o Eufrates nascem no território, os apóstolos passaram por lá, muitos padres da Igreja (os teólogos dos primeiros séculos) viveram ali, foi lá que se realizaram os primeiros concílios da história da Igreja, enumera Francisco Moura. "É um mundo a explorar que os cristãos não conheciam." De tal maneira que, mesmo entre o clero, "havia uma grande ignorância" sobre o significado do país para a história do cristianismo. "Tive que levar padres à Turquia para eles perceberem a importância do país", afirma.

A Turquia é também um destino recente das viagens - peregrinações, para usar o termo mais rigoroso - organizadas pelo Comissariado da Terra Santa em Portugal, liderado há 25 anos pelo padre António Pereira da Silva (ver texto nestas páginas). Este organismo dos frades franciscanos, que organizava uma média de dez viagens por ano a Israel e Terra Santa, passou também a promover, com mais frequência, alternativas como o Egipto, a Grécia e a Turquia - além da Itália, destino sempre no topo entre católicos.

A diversificação de mercados e o crescimento do turismo levou à multiplicação do número de agências que trabalham neste sector. Hoje, em Portugal, a Geotur, a Verde Pinho, a Paxtur e a Polar deterão cerca de 80 por cento do mercado do turismo religioso, diz Francisco Moura. O responsável da Geotur para este segmento (e ex-proprietário da Profissional Tours, que foi comprada por aquela empresa) também se colocou à descoberta de outros destinos. Lourdes e os santuários da Bretanha (França), Santiago de Compostela, Guadalupe, Saragoça e Ávila (Espanha), a Áustria, o Egipto, Czestochowa (Polónia), os países bálticos, a Rússia ou o México são alguns dos novos destinos. Outros, como a Croácia e a Ucrânia, estão na lista. A Itália e a Turquia continuam no topo e Israel e a Terra Santa poderão recuperar brevemente a posição de destino-líder neste sector.

Folhetos chegam a todas as paróquias

O turismo religioso tem exigências especiais, mesmo assim. No caso de Francisco Moura, cada viagem organizada por alguma paróquia ou outra instituição religiosa é acompanhada por um padre. Além disso, o responsável da Geotur desloca-se aos lugares para, antes da viagem, passar diapositivos e dar informações culturais sobre os sítios que as pessoas depois irão visitar.

Como é que tudo isto se faz? Um folheto geral com todos os programas segue para as mais de 4000 paróquias portuguesas em Outubro de cada ano. Depois, os responsáveis da agência fazem contactos com paróquias, grupos ou padres que possam estar interessados, após o que seguem informações à medida para cada um dos promotores.

Mesmo assim, e apesar de a viagem ser sempre acompanhada por um padre, Francisco Moura distingue o turismo religioso e a peregrinação. Esta última representa 60 por cento das 80 a 100 viagens anuais da sua agência. "Peregrinação é quando existem santuários importantes." Estão neste caso a Terra Santa, a Polónia, a Turquia. "E quando a motivação religiosa é a primeira razão da viagem." Nestes casos, há missa diária com o padre que acompanha o grupo, em alguns dos lugares mais importantes, previamente também reservados pela agência.

No caso do Comissariado da Terra Santa - que, além de organizar viagens, também tem a função de servir de ponte entre cada país onde está estabelecido e os lugares santos do cristianismo, entregues à Custódia da Terra Santa - a peregrinação é, depois de cumprida, pretexto para outros encontros: no dia 1 de Maio de cada ano, o comissariado convida os peregrinos para uma reunião em que se faz uma sessão evocativa, vendo-se em pormenor diapositivos, filmes e outras recordações. O padre Pereira da Silva não tem dúvidas: "É também uma experiência ao nível da fé."


Fonte Público

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