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Sinais de fé e religiosidade
2003-08-19 00:07:00

O país das tradições populares e com hábitos da festa celebra, hoje, a Assunção de Nossa Senhora. Só no Alto Minho, realizam-se cerca de 250 romarias e procissões.

Os nomes variam conforme o lugar e tanto podem chamar-se Senhora da Boa Nova, do Parto ou das Angústias, como da Tosse, dos Reclames, da Bonança e dos Milagres. Apesar das proibições impostas, o foguetório irá iluminar os céus.
Manifestação de religiosidade popular. Expressão de vida das comunidades locais. E um dia de pausa nas actividades agrícolas ou piscatórias, são algumas das razões que levam as várias comissões de festas de Norte a Sul do país a cumprir a tradição. "As festividades são expressões genuínas da religiosidade popular e fazem parte das comunidades locais. A festa está intimamente ligada à Mãe Natureza e, já muito antes da Idade Média, no tempo do paganismo, o povo celebrava a divindade", lembrou o sociólogo Moisés Espírito Santo.
Em declarações ao JN, o autor de "A Religião Popular Portuguesa" mantém a opinião de que as festas populares levadas a efeito, hoje, coincidem com o meio do ano agrícola e são completamente distintas daquelas que a Igreja Católica promove nos santuários.
"As festividades têm mais a ver com a tradição de continuidade e os rituais são uma preocupação das gentes. Por isso, não é de estranhar que todas as aldeias festejam a Senhora da Assunção", concluiu Moisés Espírito Santo.
O bispo de Viana do Castelo, José Augusto Pedreira, preferiu acentuar o carácter "eminentemente religioso" e de "celebração da Fé" que representam as diversas romarias a realizar hoje. "A festa faz parte da alma das gentes e são uma forma de cada cristão exprimir a sua Fé. Apesar da religiosidade não assumir o mesmo simbolismo do passado, o certo é que a Igreja terá de aperfeiçoar alguns dos seus ritos", sublinhou. Entre aqueles que o bispo pretende modificar ou suprimir, conta-se as ofertas doadas pelos romeiros em dinheiro ou ouro dependuradas nas imagens dos santos. "São actos de puro exibicionismo económico. Já não faz sentido mostrar a riqueza depositada aos pés dos santos", advertiu.
"A romaria sem fogo perde alma e colorido. Os bombeiros não têm meios humanos para fiscalizar todas as festas, mas o povo gosta de ver os foguetes a estalar nas alturas", contou João Guerra, membro da comissão fabriqueira das Festas de Nossa Senhora da Saúde.
Com muito ou pouco foguetório, as festas do culto mariano mobilizam vontades. Quer seja em Valença ( Senhora do Faro); Arcos de Valdevez (Santíssimo Sacramento); Caminha (Senhora da Assunção); Barcelos (Senhora da Aparecida) ou em Monção (Senhora da Ajuda), as festividades atravessam o país de Norte a Sul e transformam-se em locais de peregrinação, reencontro das gentes da aldeia e de cumprimento de promessas antigas.
"A peregrinação popular satisfaz um grande número de funções sociais relacionadas com o espaço, o grupo e o tempo, para lá da sua simbólica maternal", concluiu o sociólogo Moisés Espírito Santo, no estudo intitulado "A Religião Popular Portuguesa".

Festas Marianas O dia de todas as Senhoras
"A devoção ao culto mariano é muito feminina. As festas, feiras e romarias são expressões genuínas da religiosidade popular e contribuem de forma muito significativa para o desenvolvimento económico da região", afirmou Francisco Sampaio, presidente da Região de Turismo do Alto Minho.
Quando às restrições impostas pelo Governo sobre o lançamento de fogo-de-artifício, Francisco Sampaio comprende o alcance da medida, mas hota não teve dúvidas em afirmar que uma festa ou romaria em honra do santo padroeiro ficará amputada na sua animação e grandiosidade se não contar com a sessão de fogo-de-artifício.
"As comissões fabriqueiras devem analizar de forma cuidada as situações e tomar as medidas adequadas para evitar qualquer tipo de incêndios na floresta. Qualquer romaria digna desse nome terá de incluir uma sessão de pirotecnia. É a tradição", concluiu.

Fonte JN

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