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Itália vai perder peso na nomeação do Papa
2001-02-21 19:43:10

Dentro de algumas horas - com a investidura dos 44 novos cardeais criados pelo Papa, em 21 e 28 de Janeiro passado -, o tradicional centro de gravidade da Igreja Católica será deslocado da Itália para o bloco ibérico e sul-americano.

A partir de hoje, o Colégio Cardinalício passa a contar com 185 membros. Deste número, só 135 cardeais reúnem condições (por terem menos de 80 anos) de votar em Conclave, isto é, de participar na eleição do Papa, sendo simultaneamente elegíveis.

Se, por hipótese, João Paulo II morresse ou resignasse amanhã, o bloco ibérico e sul-americano (34 dos 135 cardeais eleitores) poderia talvez ser determinante na escolha do próximo Papa.

Exclusivo papal
O cardinalato, que é uma criação exclusiva do Papa, assumiu a forma actual no ano de 1150. Segundo o Código do Direito Canónico, os cardeais são criados por decreto (artigo 351.º-2) e são eleitores, sendo elegíveis, assim como conselheiros, do romano pontífice (artigo 349.º).
Em 850 anos, o número de membros do Colégio Cardinalício cresceu sempre: de 20 em 1334 (depois, 40 em 1559), passou a 70 em 1586, número que foi mantido até ao pontificado de João XXIII (1958-1963), que criou 88 cardeais. Dos 185 membros agora existentes, apenas um (o cardeal Koenig, de Viena) foi criado por João XXIII e outros 23 por Paulo VI (1963­1978). Actualmente, o número de eleitores ultrapassa em 15 o limite de 120 participantes no Conclave, conforme Paulo VI havia estabelecido, em 1975.
João Paulo II, além de ter sido o Papa que mais cardeais criou nos oito consistórios dos seus 22 anos de pontificado - 201 na totalidade -, fez com que o Colégio Cardinalício reúna, hoje em dia, 185 membros, 135 dos quais são eleitores e "papáveis".

"Jogos de poder"
A "inflação" de cardeais, mas também uma espécie de reequilíbrio a favor dos liberais (que o Papa parece ter desejado obter, na segunda "fornada" de nomes escolhidos em Janeiro), tem dado aos analistas do Vaticano razões suficientes para especularem sobre os "jogos de poder" que normalmente envolvem a escolha de novos cardeais, sobretudo quando se conhece o seu objectivo fundamental: a sucessão de João Paulo II.
Sabendo-se, pois, que o novo Papa deverá ser eleito por uma maioria de dois terços, avulta no actual Colégio Cardinalício o reforço do peso da Cúria romana (11 dos seus membros tornam-se cardeais eleitores), contando doravante 38 cardeais com idade de votar.
Esta influência da Cúria, sobretudo a do cardeal Ângelo Sodano -secretário de Estado do Vaticano (o número dois, depois do Papa), que foi núncio apostólico no Chile de Pinochet -, é também evidente na escolha dos arcebispos residentes (que presidem às arquidioceses) agora tornados cardeais: dez provêm da América Latina, que passa a contar com 27 eleitores. É um continente que, albergando cerca de metade dos católicos de todo o Mundo, poderá bem "dar" ao Vaticano o próximo Papa. Aliás, o cardeal Sodano é considerado pelos vaticanólogos, além de líder da facção mais conservadora da Cúria, "o grande eleitor do próximo Conclave".
De salientar também a entrada no Colégio Cardinalício do primeiro cardeal da Opus Dei, Juan Luis Cipriani Thorne, arcebispo de Lima, que sempre manteve boas relações com o ex-presidente do Perú, Alberto Fujimori.

Finalmente, Lehmann
Em Janeiro, uma semana depois de ter publicado a lista-recorde de 37 novos cardeais, o Papa anunciava, para surpresa geral, outros sete, entre os quais o liberal Karl Lehmann, bispo "rebelde" da diocese de Mainz e presidente da Conferência Episcopal Alemã.
Nascido em 1936, este bispo já tinha sido reprovado por ocasião do consistório de 1998. Ele representa a ala liberal do catolicismo na Alemanha, é favorável a uma suavização da disciplina que impede o acesso dos divorciados-recasados aos sacramentos, e defende a participação dos católicos nos centros de aconselhamento prévio sobre o aborto. Além disso, a Igreja Católica alemã tem um peso muito grande nas finanças da Santa Sé.

Fonte JN

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