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Igreja da Encarnação Vai Ser Restaurada
2003-07-10 08:01:14

Nos próximos dez meses vão decorrer trabalhos de restauro do tecto da Igreja da Encarnação, no Chiado, onde já se podem ver os enormes andaimes que permitirão aos técnicos chegar ao topo da grande nave do templo e cuja montagem obrigou à suspensão dos actos de culto.

O restauro da grande tela produzida por um dos principais pintores da reconstrução pombalina - Pedro Alexandrino - custará cerca de 350 mil euros, o que não inclui outros gastos necessários como os das operações de limpeza do forro e o arranjo do telhado, diz o cónego Armando Duarte, prior desta freguesia e da dos Mártires. Trata-se de uma intervenção que conta com o patrocínio da World Monuments Fund, associação mecenática sediada nos EUA que apoiou, por exemplo, a limpeza da Torre de Belém e a conservação do claustro do Mosteiro dos Jerónimos, para a qual foi possível reunir apoios de algumas empresas.

A circunstância não impede o prior da Baixa de lamentar a dificuldade em conseguir apoios para a manutenção de um dos mais valiosos patrimónios desta zona da cidade, onde a presença de turistas estrangeiros quase se equipara à dos fiéis nacionais - cuja escassez corresponde à desertificação crescente do centro histórico lisboeta.

As igrejas da Baixa de Lisboa, queixa-se o cónego Armando Duarte, "se são muito admiradas pelos estrangeiros, que têm gosto e respeito pela arte, estão completamente abandonadas pelo Estado".

"Fala-se muito na revitalização do Chiado, mas nunca se fala das suas igrejas, que são autênticas igrejas-fantasma e enfrentam vários problemas", afirma. A Igreja do Sacramento, por exemplo, "abateu 12 centímetros por causa das obras do Metropolitano". O religioso afirma-se empenhado em trazer as pessoas de volta às igrejas da Baixa. Mas uma das maiores dificuldades reside na falta de recursos para a manutenção destes locais de culto. "Santana Lopes ainda propôs a candidatura de duas igrejas da Baixa ao Programa Operacional da Cultura, mas todo o dinheiro disponível já tinha sido cativado para museus do Estado e outras entidades públicas. Os particulares, como a Igreja, não têm quaisquer possibilidades de acesso a fundos comunitários", queixa-se, ao mesmo tempo que alerta para o facto de os templos da Baixa "estarem num estado lastimável".

Fechada há três semanas, apenas para a instalação dos andaimes, a Igreja da Encarnação vai ser restaurada pela empresa de conservação Junqueira 220, vencedora do concurso para a obra. O templo, erguido nas portas de Santa Catarina da cerca fernandina, foi inaugurado em 1708, mas o terramoto danificou-o ao ponto de ter de ser reconstruído. A nova igreja, refeita segundo modelo pombalino, com um interior sóbrio e fachada de tipo clássico , voltaria a abrir em 1785. O lisboeta Pedro Alexandrino de Carvalho, prolífico autor de trabalhos de índole religiosa - ao ponto de ser alcunhado de "pintor dos frades" -. conhecido pela "delicadeza com que tratou as crianças e anjos", foi chamado a pintar o longo tecto da nave central da Encarnação, onde, aliás, um anjo é uma das poucas figuras ainda facilmente identificáveis. A pintura sofreu duas intervenções posteriores. A segunda delas, refere o padre Armando Duarte, até parece ser melhor que o trabalho original, podendo vir a servir de base ao restauro que agora vai começar.

Destaque:
Trata-se de uma intervenção que conta com o patrocínio da World Monuments Fund, associação mecenática sediada nos EUA e com uma delegação em Portugal.

Fonte Público

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