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Rezo para Resolver a Questão do Sacerdócio das Mulheres
2003-06-26 12:56:14

D. José Policarpo sente-se identificado com o Papa Paulo VI, que concluiu o Concílio Vaticano II. E prometeu a uma jornalista rezar para que o Espírito Santo ajude a resolver a questão do sacerdócio das mulheres, porque os cardeais não podem fazê-lo.

P. - O senhor patriarca é um dos últimos bispos a ser nomeado por Paulo VI. Seguiu-se João Paulo I e o longo pontificado do Papa João Paulo II, que o fez cardeal. Está mais próximo de Paulo VI ou de João Paulo II?
R. - Por missão, um sacerdote e um bispo deve estar perto do Papa reinante. João Paulo I quase não me deu tempo para eu cultivar esta unidade com ele...

P. - Foram 33 dias de pontificado, apenas...
R. - ... além de uma grande ternura com ele. Olhando para o passado, sinto-me particularmente identificado com Paulo VI, porque sou um homem do Concílio.

P. - É nessa ocasião que faz em Roma a sua tese sobre "os sinais dos tempos".
R. - A temática que escolho apaixona-me muito: a relação da Igreja com o mundo e da fé com a história. No princípio do Concílio há um gesto profético, [quando] os padres conciliares se recusam a aprovar um documento que repetia todas as condenações dos erros do último século, dizendo que o Concílio não se reúne para condenar ninguém e lançando uma mensagem de esperança ao mundo.

P. - Essa mensagem de esperança é a ideia principal dos seis volumes lançados a pretexto dos seus 25 anos de bispo?
R. - Nunca tive a preocupação de publicar muitos livros. Pelas tarefas administrativas muito pesadas que exerci, considerei-me um teólogo falante. Na prática, houve muita coisa que fui escrevendo. Tive a alegria de verificar que há uma harmonia entre [os textos]: respiram essa atitude de quem olha o mundo com esperança.

P. - Em 2005, Lisboa vai receber o Congresso sobre a Nova Evangelização, uma aposta do patriarca. Para quê?
R. - Há uma fisionomia do habitante das grandes metrópoles - sob o ponto de vista cultural e religioso - que exige uma nova abordagem. Há muita gente que tem um problema, uma curiosidade e não [é capaz, perdeu] o hábito de bater à porta de uma igreja. O desafio do congresso tem essa vertente: dar testemunho da fé cristã na cidade, e não apenas nos espaços sagrados.

P. - Estas movimentações querem influenciar a colocação do nome de Deus na Constituição da Europa?
R. - Não, Deus está em tudo e não precisa disso. É uma questão de objectividade histórica e de identidade da cultura europeia. Que no preâmbulo da Constituição europeia se faça uma referência às filosofias iluministas e ao laicismo, e não se faça ao cristianismo, [é] brincar com coisas sérias. Gostem ou não, as grandes características da cultura europeia são caldeadas no judaísmo e no cristianismo. Não fazer disso uma referência é uma questão de mau gosto e de má vontade.

P. - Como deve ser a transição para o próximo pontificado?
R. - Temos sido surpreendidos com papas muito complementares uns dos outros. O próximo Papa não pode ter a tentação de imitar este, [que] é inimitável. Há aspectos que não podem recuar: o "dossier" ecuménico, o do diálogo inter-religioso...

P. - Também estarão nos grandes desafios do próximo pontificado o papel da mulher, o celibato dos padres?...
R. - Essas são questões permanentes, não podem deixar de estar...

P. - Com perspectiva de resolução, de novidade?
R. - Depende do juízo em cada momento. Em Viena, os quatro cardeais [de Viena, Paris, Bruxelas e Lisboa] demos uma conferência de imprensa liderada por uma locutora da televisão austríaca. E ela perguntou: "Cardeal, o que oferecem às mulheres". Para mim o problema é o que a Igreja espera da mulher. A Igreja tem um coração, é este Papa que o escreve, e esse coração é feminino. É extraordinariamente belo que tenhamos as mulheres como companheiras deste caminho.

Quanto [ao que aparece] na ribalta, que é a questão do sacerdócio: brinquei, voltei-me para ela, disse: "Você tem interesse nisso? Reze ao Espírito Santo, que nós não podemos resolver esse assunto." Até lhe disse mais: "Reze muito ao Espírito Santo, que eu rezo consigo."

Fonte Público

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