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Mensagem para o dia 10 de Junho - Dia de Portugal, das comunidades e de Camões
2003-06-06 00:11:54

1. Portugal permanece um país, sobretudo, de emigrantes! A procura de trabalho, de melhor remuneração, de outros cuidados de saúde e dignas condições de vida semeou uma variedade de Comunidades Portuguesas em 121 nações.
Este ano, estamos a celebrar o 50º aniversário da chegada dos primeiros portugueses, oriundos das Regiões Autónomas, ao Canadá.


Nesta e noutras nações, o processo de integração e as políticas de multiculturalidade têm favorecido o empenhamento de muitos portugueses na vida social e política – em órgãos do poder central e autárquico, no mundo associativo e empresarial –, assim como na vida académica e religiosa: como investigadores e professores, sacerdotes, religiosas e leigos.

As Comunidades Portuguesas permanecem ainda hoje uma realidade desconhecida, um tema menor de lugares comuns para a maioria da população, assim como para a classe política. Veja-se toda a questão ao redor do Conselho das Comunidades Portuguesas, da ausência das Comunidades nos Meios de Comunicação Social e do preconceito no relacionamento com os emigrantes em férias de Verão.

Só quem visita as Comunidades se apercebe da grande vitalidade dessas portuguesas e portugueses no testemunho das raízes cristãs, na defesa da Portugalidade e na busca de dignidade que marca o quotidiano de muitas famílias, Associações e Missões, numa história que irmana sucesso e insucesso. Temos Comunidades que se confrontam com graves problemas que exigem da parte do Governo maior diálogo bilateral entre países, aprofundado estudo e intervenção eficaz: a criminalidade violenta, a dupla tributação, a fiscalização sobre as contratações, o apoio ao associativismo e à imprensa, os emigrantes idosos e carenciados, os repatriados, os espoliados, a reforma dos ex-militares, a modernização e reestruturação do mapa dos Consulados, os centros de apoio ao emigrante e ao regresso, o serviço público televisivo às Comunidades, o ensino da língua de Camões, entre outros.

Os 5 milhões de emigrantes, sem contar com os lusodescendentes, têm que ser levados mais a sério pelo país. Ao menos como acto de gratidão. Desde há dezenas de anos, têm sido esses portugueses, com as suas remessas, a garantir o necessário equilíbrio da economia nacional, e a honrar, com múltiplas iniciativas, protagonizadas pelo Movimento Associativo e Missões, a nossa história, cultura, língua e religiosidade.

2. A mobilidade humana – fenómeno em acelerada mudança – apresenta hoje novos rostos que importa compreender e acolher, e novas urgências que requerem outros modos de acompanhamento. A liberdade de circulação na União Europeia permite aos portugueses um novo estatuto e novas formas de mobilidade, de maneira especial, a mobilidade “temporária”.

Nota-se o aumento de jovens e casais novos que, para fazer frente às dificuldades familiares, ao endividamento económico, ao desemprego e aos salários baixos recorrem a “contratadores duvidosos” (pessoas e empresas) para trabalhar noutro país, em actividades como agricultura, pesca, hotelaria e construção civil. Muitos sujeitam-se a condições de trabalho precário e de alojamento indignos que, na maioria das vezes, ignoram à partida. A emigração em regime de “trabalho sazonal” apresenta hoje características diferentes da emigração de ontem. A verdade é que este tipo de mobilidade impede o conhecimento real do fenómeno quer na partida, quer na chegada, torna difícil o necessário acompanhamento e adia, de estação em estação, a “inserção” social e linguística desses trabalhadores e suas famílias.

3. A Igreja está a celebrar os 25 anos do documento “A Igreja e as Deslocações Humanas” da Comissão Pontifícia para a Pastoral das Migrações e aprovado por Paulo VI. Nele, as Igrejas locais são convidadas a servir – partilhando alegrias e tristezas, o vasto mundo da mobilidade humana constituído por trabalhadores, técnicos, empresários, exilados, refugiados, deslocados, estudantes, marítimos, aviadores, nómadas, turistas, peregrinos. As migrações desafiam a Igreja na sua vocação e missão. A sua acção torna-se opção preferencial pela paz, pela justiça e acolhimento, pelos direitos e deveres humanos.
À luz deste documento queremos discernir, actualizar e qualificar o nosso serviço de Igreja às Comunidades, mesmo se reconhecemos dificuldades crescentes por parte de Dioceses e Congregações Missionárias em continuar a enviar sacerdotes e leigos para o acompanhamento pastoral com vista à solidariedade e integração.
Convidamos, desde já, todos a preparar e a participar na XXXI Semana Nacional das Migrações, a levar a cabo de 11 a 17 de Agosto próximo, com acções de acolhimento e reconhecimento recíprocos com os nossos emigrantes e imigrantes. O tema “Uma Só família Humana” é inspirado na Mensagem do Santo Padre para a Jornada Mundial do Migrante para este ano, que exige um renovado empenho da sociedade para vencer o racismo, a xenofobia e o nacionalismo exagerado.

Obra Católica Portuguesa de Migrações
Rui Manuel da Silva Pedro, director nacional

Fonte Ecclesia

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