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Será "Violência" Não Reconhecer Património Espiritual da Europa
2003-05-19 14:20:47

No debate sobre a futura Constituição europeia, a posição de França é uma "querela franco-francesa", diz o cardeal. E seria "uma violência" não reconhecer o património espiritual da Europa.

PÚBLICO - No debate sobre a futura Constituição da Europa, a França é um dos países que se opõem à ideia de nela incluir uma referência ao património espiritual e religioso. Como encara esta questão?
CARD. JEAN-MARIE LUSTIGER - Como uma querela franco-francesa que transportamos para a Europa. Talvez a Europa nos possa curar dessa nossa querela. Seria uma violência [feita] à Europa não reconhecer o que é o seu património. O que não é negar outras opiniões. O respeito desta herança faz parte da autenticidade da história. Nós, franceses, não podemos impor à Europa a nossa visão da cultura europeia.

P. - O senhor escreveu uma "Carta às Gerações Futuras" e outros textos dirigidos aos jovens. Está preocupado com o futuro da Igreja?
R. - Sim e não. Sei que a Igreja viveu toda a espécie de caminhos e de destinos na História. A Igreja é a presença de Cristo na História. E não se confunde com a história dos povos. Por exemplo: O Próximo Oriente, a Ásia Menor, a África do Norte foram regiões da primeira cristandade. Tornaram-se terras do islão. Há países que foram muito cristãos e se tornaram praticamente pagãos, mesmo se a cultura ficou marcada pelo cristianismo. Há países que não são cristãos se não há um século e estão mergulhados ainda na dor das guerras, da miséria, e onde há um extraordinário sentido do cristianismo.

Quando Jesus diz que a Igreja é como o sal da terra, quer dizer que há um papel específico dos cristãos que atravessa toda a humanidade. Não estou inquieto pela Igreja. Não sabemos quantos cristãos haverá, quem serão eles e como cantarão eles. O que sei é que haverá santos. Por exemplo: nessa máquina de matar e de desenraizar que foi o comunismo, há mártires da Igreja Ortodoxa, um punhado de homens e mulheres que foram quem susteve o povo, pela sua coragem e pela sua fé. Por isso estou tranquilo: haverá sempre testemunhas.

A cultura europeia representa um tesouro de humanidade. Ela foi moldada, no seu interior, pelo cristianismo, [que lhe deu] a sua vitalidade, para o melhor e para o pior. O pior é a vontade de poder, a conquista. O melhor é o amor e o respeito do homem, fundado no respeito de Deus. É a fé na salvação, em que o homem pode ser salvo e que o mal não triunfa. A civilização europeia é não nos resignarmos ao mal, porque nos batemos pelo homem e pela sua dignidade. Esta civilização vai desmoronar-se, se a fonte secar.

É por isso que é preciso despertar a juventude, dizendo: "Vocês têm um tesouro entre as mãos. Se são apenas pedras, monumentos, livros, tudo isso pode ser destruído. Um museu pode ser destruído, uma biblioteca pode arder, um monumento pode ser saqueado, a memória dos homens pode desaparecer, tudo isso é frágil. Isso repousa em vós. Então, vivei!"

Fonte Público

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