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Papa na Rússia Pouco Provável, em Fátima Ainda Menos
2003-05-16 08:46:52

Uma paragem do Papa na Rússia, aproveitando a viagem à Mongólia, para devolver o ícone de Nossa Senhora de Kazan à Igreja Ortodoxa deverá ser pouco provável, senão mesmo impossível nesta altura, afirma ao PÚBLICO um responsável católico de uma instituição do Vaticano.

As relações entre a Santa Sé e o Patriarcado ortodoxo de Moscovo, bem como o (débil) estado de saúde do patriarca Alexei, são as razões fundamentais para que essa ideia não se possa concretizar tão cedo, adianta a mesma fonte, que tem contactos institucionais regulares com a hierarquia ortodoxa russa.

Menos provável ainda, de acordo com este observador, é a possibilidade de o Papa e Alexei II se encontrarem em Fátima, como foi sugerido pelo bispo de Leiria-Fátima, D. Serafim Ferreira e Silva. Em conferência de imprensa realizada segunda-feira, por ocasião das cerimónias do 13 de Maio, o bispo, citado pela Lusa, voltou a insistir nesse desejo, que já exprimira há mais de dois meses. Ferreira e Silva desejava que fosse o santuário português o local escolhido para o Papa entregar o ícone, que se encontra depositado no gabinete de João Paulo II e é objecto de uma grande devoção entre os ortodoxos russos (ver caixa).

Na conferência de imprensa de dia 12, em Fátima, o bispo de Leiria não quis dizer que contactos já fez. "Quando há um projecto, não basta ficar na sacristia a rezar para que o projecto de torne realidade", limitou-se a dizer. Mas a fonte do PÚBLICO, que esteve na capital russa na última semana, pensa que uma vinda do Papa e de Alexei a Fátima será ainda mais improvável do que um encontro em território russo. O estado de saúde do patriarca de Moscovo, que não é visto em público há várias semanas e não presidiu sequer às cerimónias litúrgicas de Páscoa, não permitiria a concretização de tal viagem.

A dificuldade maior para concretizar um encontro entre os líderes das duas Igrejas cristãs tem a ver com o que Moscovo considera o proselitismo do Vaticano, traduzido na nomeação de bispos e na criação de estruturas católicas locais. Além disso, as relações entre os católicos ucranianos de rito bizantino (fiéis ao Papa, mas com liturgia semelhante à ortodoxa) e os ortodoxos também não são as melhores: aqueles reivindicam à Igreja Ortodoxa a devolução dos bens usurpados por Estaline no tempo da União Soviética e que foram entregues pelo governo comunista à Igreja Ortodoxa.

O Vaticano pretende um encontro de alto nível para resolver os problemas, a hierarquia ortodoxa entende que é cedo para que haja um encontro, porque subsistem muitos problemas. Dois entendimentos paralelos que dificilmente se compatibilizarão.

Fonte Público

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